23 de Abril de 2024 - Ano 10
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13/04/2014

Chico Preto diz que é ficha limpa e que está preparado para disputar o Governo do Amazonas

Foto: Portal do Zacarias

Chico Preto “Eu não posso deixar de reconhecer que o governo do Partido dos Trabalhadores foi bom para o Amazonas"

Amazonense de nascimento, o deputado Marco Antônio Chico Preto (PMN) gosta de desafios e diz que, por amar a sua terra, continua firme em seu propósito de concorrer à sucessão estadual para enfrentar o senador Eduardo Braga (PMDB), José Melo (Pros) e quem aparecer pela frente. Nesta entrevista ao PORTAL DO ZACARIAS, ele fala de suas ideias e de suas relações com Braga, com quem rompeu, segundo ele, em nome da renovação e da modernidade.


Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS


PORTAL DO ZACARIAS – Continua de pé a sua pré-candidatura ao governo do Estado?


Deputado Chico Preto – O coração já decidiu e a cabeça trabalha para construir o caminho da viabilização dessa disputa. Trata-se de uma decisão tomada dentro de mim, é hora de disputar a eleição num outro nível onde eu possa apresentar propostas que, uma vez eleito, não dependeriam de muitas composições para serem efetivadas. Há grandes desafios no Amazonas que exigem um governador ousado e consciente de suas responsabilidades em busca de alternativas de desenvolvimento além da Zona Franca de Manaus. Aliás, com relação à ZFM, temos o desafio de agora não repetirmos os erros dos últimos 47 anos. A ZFM gerou renda, gerou empregos, gerou tributos e nós não conseguimos implantar um outro modelo econômico. Manaus não produz o peixe que consome. Então, nós temos pela frente um imenso desafio.


Portal – O deputado Marcelo Ramos disse que tem conversado bastante com o senhor sobre as eleições majoritárias no Amazonas. Os senhores também têm conversado acerca do processo sucessório com a deputada federal Rebecca Garcia e o vice-prefeito Hissa Abrahão. O que está sendo alinhavado a partir desses encontros?


Chico – São possibilidades, é válido nesse processo a gente ouvir todos, são questões que alcançam o Estado e precisamos buscar convergências. Mas, quanto à formação de chapas, isso depende de outras circunstâncias, abrangem questões partidárias, programáticas. Tanto eu quanto o Hissa, a Rebecca e o Marcelo entendemos que temos discurso pra apresentar. Só que no debate só um apresenta o discurso, e essa é a grande dificuldade. O Marcelo tem discurso, a Rebecca tem discurso e o Hissa tem discurso. Sentimos que estamos preparados para enfrentar uma disputa de grande envergadura. De repente, o recuo de alguém pode ser viável ou não.


Portal – Pelos seus discursos na Assembleia Legislativa, o senhor busca caminhos novos tanto na esfera federal quanto na estadual. Entre Eduardo Campos e Aécio Neves, com quem o senhor ficaria?


Chico – Eu tenho severas críticas ao Governo Federal. Mas eu não posso deixar de reconhecer que o governo do Partido dos Trabalhadores foi bom para o Amazonas ao longo de doze anos, incluindo o período Lula. Então, pensando em termos regionais, não posso ser injusto e descartar a presidente Dilma nesse processo, não posso pensar só em termos de Eduardo Campos e Aécio Neves. Essa é uma análise pessoal, não partidária, pois o PMN vai se manifestar em nível nacional. Ocorrendo essa manifestação, encerra a questão estadual. A contribuição do Aécio pode vir, mas ele ainda não fez isso de forma clara. Da mesma forma o Eduardo Campos, tudo é uma incógnita.


Portal – O senhor considera a possibilidade de apoiar a reeleição de Dilma Rousseff?


Chico – O PMN, em nível nacional, tem olhos pra essa questão, inclusive levando em conta o nível de aceitação da Dilma no Amazonas, que é diferente dos outros estados. Houve o empenho do Governo Federal para que acontecesse a votação da prorrogação da Zona Franca de Manaus em primeiro turno e isso tem peso.

 

“A minha história está aí há dezessete anos sendo contada, tenho uma história solida, ficha limpa. É assim que tenho ajudado a construir o Amazonas em que acredito”


Portal
– O senhor não vê incoerência nas suas posições ao romper com o seu passado e escolher de repente um outro caminho?


Chico – A gente tem virtudes e defeitos e eu sempre procurei assimilar mais as virtudes. A minha história está aí há dezessete anos sendo contada, tenho uma história solida, ficha limpa. Sempre busquei, na política, ocupar espaços para beneficiar a população através de leis e de decisões executivas conseqüentes das minhas ações no cotidiano do Parlamento. É assim que tenho ajudado a construir o Amazonas em que acredito. Ao longo desse caminho divergências e convergências aconteceram e vão continuar acontecendo. Eu sempre levantei divergências nos grupos de que participei e talvez por isso fui preterido em outras disputas eleitorais, ficando, por exemplo, sem poder disputar a Prefeitura de Manaus em 2008 e 2012. Num processo recente eu tive divergências e fiz contundentes críticas a Eduardo Braga. Ele é senador da República, mas eu não posso me furtar de discutir com ele novos caminhos para o Amazonas. Eu tenho 44 anos e não posso mais ser criança.


Portal – Qual foi realmente a causa do seu rompimento com Eduardo Braga?


Chico
– Eu construí uma relação com o Braga desde muito cedo. Ela é pública, já que o nosso passado a gente não muda. Eu construí valores importantes que eu cultivo hoje. Mas eu tive a coragem de mostrar ao Braga que ele mudou e fiz isso de forma contundente, com críticas, etc. Hoje há amigos comuns que trabalham para que essa relação seja ao menos uma relação de diálogo. Não sei quando isso vai acontecer. No campo político eu tenho as minhas convicções e nunca abri mão delas nem nas minhas relações com o Braga e nem nas minhas relações com o ex-governador Omar Aziz. Quando a gente faz parte de um grupo tem que divergir por dentro, não é só da tribuna. Eu nunca fui adesista. Sempre gostei de honrar a máxima de Che Guevara que diz pra gente ser duro sem perder a ternura jamais. A gente tem que ser firme pra que o governo reaja e alcance resultados. 


Portal – Como o senhor analisa o ciclo político iniciado com Gilberto Mestrinho em 1982 e que produziu Amazonino Mendes, Eduardo Braga, Omar Aziz e também José Melo?


Chico – Todos tiveram os desafios e os erros do seu tempo, porque não existe governo infalível. Ficou o exemplo da Zona Franca de Manaus nesses anos e a realidade de que o peixe que se consome em Manaus não é produzido aqui. Acho que todos tiveram sua importância num certo sentido. Lembro que a ZFM quando começou, em 1967, tinha só uma placa e hoje é um dos maiores pólos industriais da América Latina. A ZFM está pra gente assim como a soja está para o Mato Grosso. Digo que hoje vale a pena tirarmos bons exemplos das experiências passadas pra construirmos um presente bom um futuro seguro, plenos de desenvolvimento. Digo, a propósito, que hoje as telecomunicações, em termos de Amazonas, têm a mesma importância estratégica que a energia e a água. É impossível um estado, do tamanho continental do nosso, resolver seus problemas fundamentais sem telecomunicações. Isso nenhum governador ainda olhou. Em Minas Gerais, o Aécio Neves criou um fundo, formado por uma parte do ICMS recolhido pelas empresas de telefonia, um fundo de 200 milhões de reais, e com esse fundo o Aécio colocou telefonia nos mais de 900 municípios do seu estado. Se ele fosse esperar pelas providências das empresas, isso não teria ocorrido. Logo, é preciso ousadia e engenharia pra gente interligar por fibra ótica os 16 maiores municípios do Amazonas. Nesses 16 municípios nós temos 80 por cento da nossa população. Não dá pra interligar os 62 em quatro anos, mas 16 dá, com a parceria público-privada. Isso resolveria problemas concernentes a licitações, convênios, comunicação, infraestrutura, divulgação do turismo, tudo hoje depende disso, das telecomunicações.
Portal – O senhor diz, então, que os governantes que passaram não foram bons planejadores e nunca tiveram visão estratégica?


Chico
– Acho que as composições precisam ser por causas e não por cargos. O Amazonas tem uma estrutura operacional pesada, é uma balsa carregada pra fazer uma volta no rio, e isso se deve muito à frouxidão com que a caneta do Executivo operou nesse sentido, e quem for o governador, no cenário de 2015, diante de uma economia de arrocho, terá que possuir coragem pra tornar a máquina leve e reagir à situação. O Amazonas tem 6 mil cargos comissionados. O Barack Obama, lá nos Estados Unidos, tem 4 mil. Então, o novo governante amazonense terá que ser ousado e falar de internet, mas quebrar paradigmas quanto aos entendimentos políticos, pra desenvolver políticas públicas.


Portal
– Como o senhor analisa a correlação de forças para a votação do segundo turno da PEC que prorroga a Zona Franca de Manaus na Câmara Federal?


Chico – Aqui vale contar um exemplo de Ibrahim Abi-Ackel, que foi deputado e ministro de Estado à época do Governo Militar. Ele presidia uma reunião na Câmara Federal quando a ex-deputada paulista Zulaí Cobra o chamou de tolo. Ele virou-se e disse “deputada, aqui não tem nenhum tolo, pois tolo aqui no máximo chega à primeira suplência”, que era o caso dela. Então, em primeiro lugar, na bancada federal do Amazonas no Congresso Nacional não tem nenhum tolo, mas talvez a bancada não tenha perfeito conhecimento da ZFM e suas complexidades. A bancada tem que saber costurar alianças pra que a ZFM vença essa batalha, e o Governo Federal tem que ajudar honrando o acordo feito com relação também a prorrogação do tempo de vida das Áreas de Livre Comércio (ALCs). Esse não é um assunto constitucional pra ser tratado dentro da PEC, tem que ser um projeto específico aprovado pelo Congresso. Os estados da Amazônia Ocidental devem se unir em torno desse assunto. Essa é a trincheira segura pra ajudar na aprovação da PEC em segundo turno na Câmara.

 

“Num processo recente eu tive divergências e fiz contundentes críticas

Eduardo Braga. Ele é senador da República, mas eu não posso me

furtar de discutir com ele novos caminhos para o Amazonas.

Eu tenho 44 anos e não posso mais ser criança”


Portal
– Estamos às vésperas de uma Copa do Mundo que terá jogos em Manaus. Que legado ficará para a cidade?


Chico – No exato momento do anúncio da Copa todo mundo acreditava num grande legado, principalmente referente à mobilidade urbana. O tempo passou e o projeto que havia sobre isso era muito ruim e não se conseguiu avançar, não houve competência, não há o que tergiversar. Essa janela se fechou e será ainda um problema para futuros governadores e futuros prefeitos, tendo em vista que mobilidade é uma questão de longo prazo. Há também a ideia do Anel Viário, que é válida. Inclusive, eu pedi, por meio da comissão técnica que presido na ALEAM, que cada secretário de Estado traga á comissão relato sobre obra ou obras de sua pasta. Isso é importante até pra gente saber como vai ficar o estado depois da nova troca de bastão. A Assembleia Legislativa tem que mergulhar nisso pra saber como serão os desafios dos próximos orçamentos. A gente sabe que há obras anunciadas, mas não iniciadas. Ninguém pode sair por aí anunciando obras que não vão mais acontecer.


Portal
– O que acha da campanha política nas redes sociais?


Chico – É um ambiente em que estou bastante familiarizado, mas não sei se a Internet poderá eleger alguém. Campanha é o corpo a corpo diário. Afirmo que nos Estados Unidos o Twitter foi responsável pela popularização do nome do Obama, mas não sei se foi responsável pela reeleição dele. Campanha política é uma interação pessoal que a virtualidade do sistema Internet não vai substituir. Por outro lado, a Internet é um campo pródigo em destruir a imagem de alguém, é preciso ter cuidado e não cometer erros. Tudo se espalha como um rastilho de pólvora nas redes sociais. Abusos podem acontecer e é preciso que a Justiça Eleitoral esteja bem aparelhada para acompanhar a campanha política virtual.

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