29 de Marco de 2024 - Ano 10
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21/11/2014

Gustavo Igrejas apoia luta dos servidores e diz que reestruturação da Suframa é questão urgente

Foto: Reprodução / Facebook

Gustavo Igrejas é superintendente interino da Suframa

Funcionário de carreira da Suframa há 27 anos, o superintendente interino Gustavo Igrejas afirma que a autarquia precisa se reestruturar para voltar a oferecer serviços de excelência. “Há servidores concursados que não têm sequer computador para trabalhar”, desabafa. Nesta entrevista, ele critica a morosidade no processo de fixação do PPB em Brasília e defende um plano emergencial de 90 dias para a autarquia.


Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS
 

PORTAL DO ZACARIAS – Quais as chances de um acordo positivo aos servidores da Suframa, nesta sexta-feira, na reunião que envolve, em Brasília, representantes do Sindframa e ministros do Governo Federal?


Superintendente interino Gustavo Igrejas – Em primeiro lugar, devo ressaltar como importante a audiência pública ocorrida na quarta-feira (19), na Assembleia Legislativa do Amazonas, inclusive como forma de repassar para a sociedade informações exatas sobre essas negociações que acontecem há mais de um ano. Nesta sexta-feira, na reunião com os ministérios do Desenvolvimento e do Planejamento, será apresentado um relatório final sobre a questão. Acredito que as reivindicações dos servidores são bastante justas. A Suframa, no levantamento que os próprios servidores fizeram, tem a 190ª carreira em termos de salário do Governo Federal, e isso não condiz com o trabalho desempenhado pelos 400 servidores da autarquia. Eu espero que na reunião desta sexta essa questão tenha um encaminhamento satisfatório em favor dos servidores.


Portal – É lógico que, como funcionário de carreira da Suframa, essa questão lhe interessa diretamente.

 

“A Suframa passou por momentos muito complicados em 2013 e 2014. Nós tivemos

a saída de vários colaboradores que eram terceirizados. Eles saíram em julho e

2013 e só foram repostos em agosto de 2014 através de concurso público.

Esse período de 14 meses de força de trabalho reduzida trouxe

problemas muito graves” (Foto: Reprodução / Facebook)


Gustavo Igrejas – A minha posição, enquanto superintendente interino da Suframa, é de apoio aos servidores por entender que, para o bom andamento da autarquia, é fundamental que a gente tenha servidores motivados em termos de infraestrutura para a execução dos seus trabalhos e em termos salariais. Minha posição, como superintendente interino, é de apoio aos servidores e de buscar, junto aos ministérios, uma saída mais rápida possível para essa questão que já vem se arrastando há anos.


Portal – Na condição de interino, o senhor teve algum contato com o ministro do Desenvolvimento para tratar do problema dos servidores?


Gustavo Igrejas – Os contatos foram feitos pelo próprio ministro do Desenvolvimento e eu acredito que na reunião desta sexta-feira haja um encaminhamento satisfatório aos servidores e não seja necessário se fazer uma greve que traga prejuízos à sociedade. Eu tenho apoiado e entendido as reivindicações dos servidores da Suframa.


Portal – Nós já estamos no período natalino e há a preocupação de, em caso de greve, o Estado do Amazonas ser obrigado a enfrentar um prejuízo da ordem de 500 milhões/dia em sua receita de ICMS. O governador José Melo já externou essa preocupação. Os prejuízos seriam apenas esses ou eles são maiores do que se imagina?


Gustavo Igrejas – Eu não sei dizer, exatamente em números, quais seriam essas perdas, mas, na primeira paralisação, os números que a Federação das Indústrias (Fieam) e o Cieam mostraram foram bastante relevantes. Então não há interesse das classes empresariais em que haja essa greve. Por isso, é importante que todos apoiem a luta do Sindframa em favor da melhoria salarial dos servidores.


Portal – O ex-superintendente Thomaz Nogueira saiu atirando, reclamando da falta de autonomia da Suframa, dentre outras coisas. Como o senhor analisa o posicionamento do doutor Thomaz?

 

Gustavo Igrejas – Essa questão da perda de autonomia da Suframa vem se arrastando há décadas. Hoje, eu digo que, como superintendente interino, eu tenho a preocupação de promover uma reestruturação dentro da Suframa. A Suframa passou por momentos muito complicados em 2013 e 2014. Nós tivemos a saída de vários colaboradores que eram terceirizados. Eles saíram em julho de 2013 e só foram repostos em agosto de 2014 através de concurso público. Esse período de 14 meses de força de trabalho reduzida trouxe problemas muito graves. Nós estamos fazendo um levantamento interno, reuniões com todas as superintendências adjuntas e com os órgãos vinculados ao meu gabinete, e temos cerca de 80 ações emergenciais com contratos vencendo, problemas de infraestrutura, problemas que têm que ser superados em curto prazo. Nós precisamos de um plano emergencial para 90 dias com metas bem claras, bem estabelecidas. E a gente vai trabalhar para que nada venha paralisar, temporariamente, as atividades da Suframa em qualquer área que ela atue. Neste momento, é fundamental a gente fazer essa reestruturação interna. Estamos com muitos problemas administrativos. Eu tenho trabalhado muito desde o último dia 10. Na Suframa há hoje servidores concursados que não têm sequer computador para trabalhar.

 

“Talvez o que a gente precise hoje é ter um processo mais célere na fixação ou na

definição dos PPBs. Se o PPB não vai ser definido, por algum motivo, que seja

indeferido e sejam publicados os motivos determinantes do indeferimento conforme

a lei prevê para que a empresa possa ajustar a sua proposta e possa reapresentá-la.

Existe uma morosidade muito grande na resposta dos PPBs” (Foto: Reprodução / Internet)


Portal – Além da falta de autonomia da Suframa, o presidente do Cieam, Wilson Périco, critica o Governo Federal por não admitir que o Amazonas decida sobre a importante questão do PPB (Processo Produtivo Básico), que é fundamental para as empresas que operam no PIM. O senhor pensa como Périco?


Gustavo Igrejas – Durante 14 anos eu fui representante da Suframa na Unidade de Gestão dos Projetos-UGP/PPB enquanto coordenador-geral da Companhia de Projetos Industriais. Eu posso dizer que a política do PPB, desde 1991, sempre foi a mesma. Talvez o que aconteça é que, dentro das negociações na esfera da UGP, os ministros seguem os direcionamentos que esse grupo dá, com alguns momentos favoráveis ao Polo Industrial de Manaus e momentos desfavoráveis. As discussões envolvem interesses do Brasil inteiro, não somente do PIM. Então, enquanto nós lutamos para que os PPBs sejam fixados da maneira como nós os entendemos favoravelmente aos Estados do Norte, há outras regiões que se sentem prejudicadas, de modo que o Ministério do Desenvolvimento e o Ministério de Ciência e Tecnologia trabalham para mediar a questão. A defesa do PPB dentro do Conselho de Administração da Suframa seria o ideal, mas é uma solução que teria que passar por uma imensa negociação e talvez até paralisasse as atividades do PPB, o que ninguém quer. Talvez o que a gente precise hoje é ter um processo mais célere na fixação ou na definição dos PPBs. Se o PPB não vai ser definido, por algum motivo, que seja indeferido e sejam publicados os motivos determinantes do indeferimento conforme a lei prevê para que a empresa possa ajustar a sua proposta e possa reapresentá-la. Existe uma morosidade muito grande na resposta dos PPBs. Nós temos questões pontuais em relação aos PPBs, não questões estruturais. Mas eu digo que 99 por cento das questões dos PPBs, por mais que demorem, são decididas em favor da Zona Franca de Manaus.


Portal – O senhor acha que a Zona Franca de Manaus já se livrou da guerra fiscal ou ela é sempre um problema a atormentar o Amazonas?


Gustavo Igrejas – A guerra fiscal não deveria existir, uma vez que só quem pode conceder incentivos fiscais é o Estado do Amazonas. Mas a coisa não é assim, existe uma negociação em andamento sobre a convalidação dos incentivos. O que me deixa tranquilo é que as pessoas que têm participado dessas negociações pelo Amazonas são pessoas que conhecem o assunto, acho que em nenhum momento seremos prejudicados.


Portal
– O senhor vê clima político para o País fazer avançar a reforma tributária?


Gustavo Igrejas – Eu acho a reforma tributária extremamente importante. É um tema que terá que avançar em 2015. Não há como o País esperar mais.  

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