28 de Marco de 2024 - Ano 10
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07/04/2014

Marcelo Ramos afirma que Eduardo Braga desmontou a estrutura de segurança pública do Amazonas

Foto: Divulgação

Marcelo Ramos é pré-candidato do PSB ao governo do Estado

Na opinião do deputado estadual Marcelo Ramos, pré-candidato do PSB ao governo do Estado, o hoje senador Eduardo Braga (PMDB) é o principal responsável pelos problemas da segurança no Amazonas nas últimas duas décadas. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff também não cumpriu uma só promessa de tudo o que prometeu aos amazonenses na campanha eleitoral de 2010. Ele garante que Dilma nada fez em favor da PEC da prorrogação da Zona Franca de Manaus, que aguarda a votação em segundo turno na Câmara Federal para depois ser submetida ao crivo do Senado.

 

Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS

 

PORTAL DO ZACARIAS – Como vai ser mesmo o palanque do governador de Pernambuco e presidenciável do PSB, Eduardo Campos, no Estado do Amazonas?


Deputado Marcelo Ramos (PSB) – Hoje, o palanque do governador Eduardo Campos no Amazonas é constituído pela minha pré-candidatura ao governo estadual e pela pré-candidatura do vice-prefeito Hissa Abrahão pelo PPS. A tendência é que cheguemos até a eleição com as duas pré-candidaturas confirmadas. Não há problema com a pré-candidatura de Hissa pelo PPS e com a minha pelo PSB, que é um desejo de Eduardo Campos e de sua vice Marina Silva. Tenho o apoio da Rede Sustentabilidade, que é o partido da Marina, e tenho grande apoio de importantes parcelas da sociedade.


Portal – Como é que o senhor está alinhavando a sua pré-candidatura? Ela é puro-sangue ou vai ter mais musculatura, vai ter outras legendas?


M Ramos – A gente tem trabalhado em dois campos. Primeiro, o campo da elaboração de um programa de governo. Todos os sábados nós temos rodadas de diálogos com parcelas da sociedade, cada sábado focando um tema, focando a formação política do Estado do Amazonas e as mudanças que desejamos realizar. Porque sem mudar a política não muda a educação, não muda a saúde, não muda a política fiscal do Estado. Primeiro vamos preparar esse arcabouço político, e a partir daí teremos como focar melhor a educação, a saúde, o empreendedorismo, a questão fiscal do Estado, a questão do setor primário que pra nós é fundamental. No que diz respeito à consolidação e ao apoio social da pré-candidatura a gente tem a absoluta convicção de que não teremos condições de disputar com as grandes máquinas se nós nos propusermos a usar as mesmas armas que os outros. Não podemos disputar tempo de televisão, dinheiro e apoio político.com as grandes máquinas. Isso eles sempre vão ter mais que nós. No entanto, se não temos condições de disputar com eles em termos de estruturas de poder, da mesma forma eles não têm condições de disputar conosco se nós conseguirmos tocar o coração de parcelas importantes da população que julga que chegou a hora da mudança, a hora de instituir um novo ciclo da política no Amazonas. Estamos muito entusiasmados porque as pessoas estão saindo da sua zona de conforto e colocando-se em movimento, e contra o povo em movimento não tem tempo de TV, não tem dinheiro, não tem prefeito de interior nem ninguém que seja capaz de reprimir uma ideia que chegou ao seu tempo e que é a energia transformadora do próprio povo. Onde eu tenho andado tenho encontrado essa energia transformadora. Estamos vivendo fatos inusitados. Como muita gente sabe, eu gosto muito de correr e sábado passado, depois de uma corrida, as pessoas queriam saber como era esse negócio de pré-candidatura, que papel eles poderiam ter. É gente que se une por vários motivos e que entendeu que a política não vai mudar se ela continuar sentada na sua cadeira. Essa gente precisa entrar em movimento e construir essa transformação.


Portal – O PSB não está conversando com nenhuma outra legenda para aumentar o leque de apoio ao seu nome?


M Ramos - Como eu disse, as nossas alianças não representam a premissa da política formal. A nossa premissa é a de sensibilizar a parcela da população que acredita numa grande mudança. Mas, nós temos alguns diálogos. Primeiro, temos consolidado o apoio do grupo vinculado à Marina Silva dentro do PSB e não podemos desconsiderar a força desse grupo, pois estamos falando do apoio de um grupo sob a liderança de alguém que na eleição passada para a Presidência da República teve 36% dos votos em Manaus e 25% dos votos no interior do Estado. O grupo que representa isso está unificado em torno da nossa pré-candidatura. O PSB, que teve 10 por cento dos votos na eleição passada para a Prefeitura de Manaus, também está unificado com a gente. Isso nos dá bastante musculatura. Nós temos um diálogo muito fraterno com o deputado estadual Marco Antônio Chico Preto (PMN), entendendo e reconhecendo a legitimidade da pré-candidatura dele, mas tentando criar espaços de convergências para uma só pré-candidatura. Podemos adiantar que nosso diálogo está muito avançado com o deputado Chico Preto. Em relação ao vice-prefeito Hissa, o diálogo com o PPS é muito mais de natureza constitucional no que diz respeito a uma pré-candidatura majoritária. Acho meio provocação ir ao Hissa propor que ele não seja candidato, como seria provocação ele me propor não ser candidato. Vamos buscar convergências, fortalecendo o projeto do nosso candidato a presidente, Eduardo Campos.

 

“A crise da segurança pública em Manaus e no interior do Estado, nas duas últimas décadas, tem nome e sobrenome: Eduardo Braga. E quem diz isso é o mapa da violência no Brasil, o mapa diz que no governo dele o Amazonas dobrou o número de homicídios por mil habitantes. Em 2010 o nosso índice de homicídios por mil habitantes era três vezes maior que o do Afeganistão”


Portal – Quando foi confirmada a cidade de Manaus como uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014, o senhor discursou na Assembleia Legislativa apostando em grandes legados que o evento proporcionaria à cidade em termos de infraestrutura urbana. E agora o discurso mudou ou é o mesmo?


M Ramos – A palavra para a Copa do Mundo, que não é só minha, mas do povo do Amazonas, é de frustração. Só os políticos incompetentes, que insistem em enganar o povo para esconder sua incompetência, e os tolos acreditam que essa Copa deixará algum legado importante para Manaus. Recebemos a Copa porque entendíamos que esse evento fosse indutor de investimentos em projetos de infraestrutura abrangendo mobilidade urbana, reordenamento do Centro Histórico com reforma do Porto de Manaus e reestruturação da saúde pública. Da data do anúncio de Manaus como sub-sede até aqui só duas obras saíram do papel: A Arena da Amazônia, ao custo de 700 milhões de reais, com a manutenção de 500 mil reais/mês, e uma pequena ampliação do Aeroporto Eduardo Gomes. As perspectivas de obras de mobilidade foram frustradas porque o governo teve à sua disposição 1 bilhão e 700 milhões para investimento em mobilidade urbana. Mas, a incompetência e a arrogância na insistência com o monotrilho fizeram com que nada acontecesse. O Porto de Manaus continua absolutamente degradado. O Centro Histórico continua sem nenhuma perspectiva de reordenamento e não temos uma unidade de saúde construída. A Copa vai passar e a dívida vai ficar. Prometeram que as obras seriam feitas com recursos privados e o que o Governo Federal foi encaminhar empréstimos ao Estado do Amazonas, empréstimos que terão que ser pagos com o suor do nosso povo. Depois da Copa, o povo pagará 500 mil reais/mês por conta da manutenção da Arena e mais 700 milhões captados para a execução dessa obra.


Portal – Segundo levantamento de uma Ong mexicana, Manaus é a 11ª cidade mais violenta do Brasil e a 31ª mais violenta do mundo. A Ong também diz que o Governo Federal investiu mais em segurança nos estados do Sul e do Sudeste em detrimento do Nordeste e do Norte. Por que a nossa região não teve o mesmo tratamento em termos de segurança pública?


M Ramos – Vamos deixar claro que a crise da segurança pública em Manaus e no interior do Estado, nas duas últimas décadas, tem nome e sobrenome: Eduardo Braga. Nos oito anos de governo Braga houve um desmonte da estrutura de segurança pública do Estado do Amazonas. Houve a diminuição do efetivo da Polícia Militar do Estado, a desvalorização da carreira profissional dos policiais militares e o desaparelhamento operacional da polícia, viaturas quebradas, armas velhas, etc. Portanto, o ex-governador Eduardo Braga desmontou a estrutura de segurança pública do Estado do Amazonas. Ele precisa explicar isso. E quem diz isso é o mapa da violência no Brasil, o mapa diz que no governo dele o Amazonas dobrou o número de homicídios por mil habitantes. Quando ele assumiu, em 2003, eram 16 homicídios por mil habitantes. Em 2010, eram 30 homicídios por mil habitantes. Isso significa dizer que em 2010 o nosso índice de homicídios por mil habitantes era três vezes maior que o do Afeganistão, que é 9.9. Por isso, o Braga é responsável pela degradação dos serviços públicos de segurança no Estado. E o que é paradoxal é que Braga foi o governador que mais aumentou a arrecadação do Estado. Ele pegou um Estado com um orçamento de aproximadamente 4 bilhões de reais e o entregou com um orçamento de 12 bilhões. Isso significa dizer que, se ele multiplicou por três vezes os recursos orçamentários, seria lógico que investisse três vezes mais em segurança e na melhoria da qualidade dos índices sociais do Estado. Mas, aconteceu o inverso. Ele entregou o Estado com 648 mil amazonenses vivendo abaixo da linha da pobreza, tudo somado a 30 homicídios a cada mil habitantes, sem contar o desastre na educação com o índice Pisa, que mostra o Amazonas como o penúltimo estado brasileiro na proficiência em Matemática. É importante demarcar esse campo.


Portal – E quanto ao tratamento dispensado pelo Governo Federal ao Amazonas?


M Ramos – A presidente Dilma Rousseff não honrou nenhum dos compromissos firmados com o Amazonas. Na eleição de 2010, ela teve setenta por cento dos votos no Amazonas porque prometeu a recuperação da BR-319, a solução definitiva do problema energético do Estado e a prorrogação da Zona Franca de Manaus por 50 anos. Não cumpriu nada do que prometeu. E os recursos federais que vieram para cá foram empréstimos que aumentaram o endividamento do Estado e comprometendo a capacidade de investimentos futuros.

 

“Estamos muito entusiasmados porque as pessoas estão saindo da sua zona de conforto e colocando-se em movimento, e contra o povo em movimento não tem tempo de TV, não tem dinheiro nem ninguém capaz de reprimir uma ideia que chegou ao seu tempo e que é a energia transformadora do próprio povo. Onde eu tenho andado tenho encontrado essa energia transformadora”


Portal – Quer dizer que Dilma não ajudou na aprovação da PEC pró ZFM em primeiro turno na Câmara Federal?


M Ramos – Vamos evitar esse negócio de fulanização dessa questão. Os heróis são aqueles que acordam às 5 horas da manhã e dão duro no chão das fábricas do PIM. A votação da PEC em segundo turno dependerá de o Governo Federal, primeiramente, encaminhar ao Congresso Nacional projeto de lei prorrogando a Lei de Informática por dez anos. Esse projeto terá que ser aprovado, sancionado e publicado no Diário Oficial da União. Só depois é que o Congresso votará o segundo turno da prorrogação da ZFM. Não temos nada garantido.

 

Portal – O que o Amazonas pode esperar do Marcelo Ramos governador?


M Ramos – Primeiro, uma obsessão pela educação. Retirar o Amazonas dos ridículos índices a que estamos submetidos. Precisamos criar um pacto pela educação que valorize profissionalmente o professor, que valorize a carreira, que garanta a formação continuada, que valorize o mérito e não o apadrinhamento, que garanta políticas de assistência estudantil, evitando a evasão escolar. Um pacto que traga a família para dentro das decisões administrativas e pedagógicas da escola. Depois, precisaremos fazer um pacto pela saúde, diminuir os processos de terceirização na saúde pública, realizar concurso público e valorizar os profissionais, criar atendimento de média e alta complexidade nas cidades pólos do interior do Estado, garantir a presença de médicos no interior através de uma carreira médica de Estado, a exemplo do promotor e do juiz. Também precisaremos garantir infraestrutura para o nosso modelo industrial, o nosso PIM. Precisaremos garantir um porto moderno e decente, como o Porto de Suape, em Pernambuco, garantir o balizamento, sinalização e navegabilidade da Hidrovia do Madeira durante o ano inteiro, em parceria com o Governo Federal; enfrentar, como prioridade, a questão energética e o problema das telecomunicações no Amazonas. Vamos criar um ambiente em que a Zona Franca de Manaus terá saúde e energia para competir mesmo num ambiente de redução dos incentivos fiscais. 

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