Marcelo Ramos diz que só ele é capaz de derrotar Eduardo Braga no segundo turno

Com o total apoio de Marina Silva, que pode vir a Manaus em breve embalar sua campana presidencial no Amazonas, o candidato da coligação “Agora, somos nós e o Povo”, Marcelo Ramos (PSB), promete massificar seu nome nas ruas e virar o placar das pesquisas eleitorais. Nesta entrevista, ele fala sobre Marina e o tema segurança, defendendo a unificação das polícias.

 

Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS

PORTAL DO ZACARIAS – Como o senhor vai organizar agora a sua campanha, após a morte trágica de Eduardo Campos e na onda de um furacão que se chama Marina Silva?

Candidato Marcelo Ramos – A partir de agora, temos o desafio de render a única homenagem à memória de Eduardo Campos que, talvez, justifique a perda da vida dele, que é conquistar o povo do Amazonas e, nas ruas, junto com esse povo, construir a mudança que o Brasil e o Amazonas precisam. O Eduardo precisou dar a vida para que as pessoas entendessem a força do que ele pregava como mudança e como uma nova forma de fazer política no Brasil. O fortalecimento da candidatura da Marina obviamente impulsiona nossa ação aqui e anima a nossa tropa. A tropa tá muito animada e nós temos, agora, que conquistar nas ruas a grande vitória que o povo do Amazonas espera. O nosso povo vai sentir quem verdadeiramente representa a mudança que ele tanto anseia. Oitenta por cento do povo quer mudança, faltava identificar quem era o representante dessa mudança. Foi preciso uma tragédia para que isso ficasse realmente claro. A mudança no Brasil chama-se Marina Silva, e no Amazonas chama-se Marcelo Ramos.

Portal – Como o senhor vai organizar a sua agenda nessa nova etapa?

Marcelo Ramos – A nossa agenda agora é rua, rua e mais rua. Vamos caminhar de manhã e à tarde todos os dias, respeitando os nossos compromissos com entrevistas e debates em diversas entidades representativas da sociedade. Mas estaremos sobretudo nas ruas. Nós vamos ganhar essa eleição olhando nos olhos das pessoas e conversando com elas sobre as mudanças que queremos construir no Amazonas. Vamos levar essa eleição ao segundo turno e vamos vencer a eleição. Só nós somos capazes de derrotar o Braga no segundo turno. Porque só nós representamos a antítese do que ele é. Pra derrotar o Braga no segundo turno tem que ser o contraponto a ele. Só nós representamos isso nessa eleição.

Portal – Marina Silva é agora um furacão nas eleições presidenciais. Que fenômeno é esse?

Marcelo Ramos - Vou contar uma história pra explicar o que a Marina representa. Na eleição passada, eu decidi votar na Marina no primeiro turno. Falei isso pra minha irmã, que começou a colocar um monte de ponderações. Eu disse a ela que a Marina é uma mulher de princípios, ela simboliza o resgate de valores republicanos abandonados no nosso País. Quem tem princípios, você corrige na política. Quem tem desvios de princípios, ainda que tenha as melhores intenções, não vai alcançar os objetivos desejados pelo povo. Portanto, esse avanço meteórico da Marina é porque há um encontro do que ela é e prega com aquilo que o povo deseja para a política brasileira. A Marina é capaz de dizer coisas impopulares quando entende que essas coisas são necessárias para construir o Brasil que ela imagina.

Portal – O senhor acha que Marina reúne condições para cumprir todos os compromissos de campanha assumidos por Eduardo Campos?

“Oitenta por cento do povo quer mudança, faltava identificar quem era o representante

dessa mudança. Foi preciso uma tragédia para que isso ficasse realmente claro. A

mudança no Brasil chama-se Marina Silva, e no Amazonas chama-se Marcelo Ramos"

(Foto: Marcos Gomes / Portal do Zacarias)

Marcelo Ramos – A aliança entre o Eduardo Campos e a Marina era programática. O programa estava acima dos dois. Eles tinham divergências, mas convergiam em torno de um programa de governo. Assim, tudo o que foi pactuado antes será cumprido nas regras em que foi pactuado. Por exemplo, São Paulo. Estava pactuado que o PSB ia pro palanque do Geraldo Alckmin e que a Marina iria manter uma atitude de independência e apoio às candidaturas proporcionais socialistas. Isso tá mantido, o nosso vice, Beto Albuquerque, vai para um palanque e a Marina mantém sua postura de independência.

Portal – O senhor conversou com Marina Silva na quarta-feira passada em Brasília. O que acertaram em torno de compromissos em relação ao Estado do Amazonas? A conversa girou em torno da BR-319, dentre outras coisas prementes?

Marcelo Ramos - Estou absolutamente convencido com a conversa que tive com a Marina e com a assessoria dela. A Marina é a única possibilidade de abir um grande e novo vetor de desenvolvimento para o Amazonas, um novo vetor ambientalmente sustentável. Só alguém com o compromisso ambiental dela, com o compromisso de encontrar alternativas econômicas sustentáveis do ponto de vista ambiental, pode estimular uma nova economia pro Amazonas. Nós conversamos muito sobre uma economia sustentável da bioindústria, uma solução democrática para o Centro de Biotecnologia (CBA), desenvolvimento de uma indústria extrativista sustentável, uma agricultura sustentável, com maior produtividade, com o implemento de tecnologia. A Marina tem muito compromisso com o futuro do Amazonas.

Portal – Ela acenou com possibilidade de vir a Manaus esquentar a campanha presidencial e a sua campanha ao governo do Estado?

Marcelo Ramos – A Marina estaria aqui conosco no sábado, dia 16 passado, mas não pôde fazê-lo em virtude dos fatos conseqüentes à morte de Eduardo Campos. Mas, ela acenou com o desejo de vir aqui. Óbvio que nós entendemos os compromissos que ela tem no Brasil inteiro. A nossa campanha será mais curta que a dos outros candidatos e exigirá um esforço maior dela. Mas, a Marina tem muito desejo de vir ao Amazonas, até porque ela é a madrinha da minha candidatura ao governo estadual, porque ela enxergou no processo do Amazonas a composição ideal PSB/Rede Sustentabilidade, com um candidato que tem uma trajetória de militância no PSB e um vice da Rede e absoluta confiança da militância da Rede. Nós somos o que a Marina idealizou para o Brasil inteiro e ela virá ao Amazonas, dependendo das costuras de agenda que passaram a ocorrer agora.

Portal – A TV EM TEMPO e o PORTAL DO ZACARIAS estão organizando debates com os candidatos ao governo especificamente sobre o tema segurança pública. Que propostas o senhor tem para a segurança, já que Manaus, de acordo com números de uma ONG, está entre as cidades mais violentas do Brasil?

Marcelo Ramos – Vou ser pontual. Polícia comunitária é para combater pequenos delitos. O Ronda no Bairro tem uma lógica de polícia comunitária, mas estão completamente desmontadas as estruturas essenciais do Ronda. O programa precisa ser dirigido por um comandante moderno que tenha no seu espírito e na sua formação a ideia de polícia comunitária. Então, nós vamos resgatar as bases do Ronda, mas o principal do nosso programa de governo será asfixiar o tráfico de drogas e o crime organizado. Sem isso, será como enxugar gelo. O meu vice é um homem treinado pela Polícia Federal para isso e vai nos ajudar no cumprimento desse papel. Nós vamos asfixiar o tráfico e crime com forças especiais e inteligência. Além disso, construiremos um Pacto pela Vida, entendendo que o combate ao crime é multidisciplinar e é transversal. É preciso engajar outras secretarias e ações de inclusão social com as ações coordenadas dos órgãos policiais.

Portal – O senhor vai seguir, então, os parâmetros do programa de Eduardo Campos, denominado Pacto pela Vida, em Pernambuco?

“Só alguém com o compromisso ambiental da Marina pode estimular uma nova economia

pro Amazonas. Nós conversamos muito sobre a economia sustentável da bioindústria,

uma solução democrática para o Centro de Biotecnologia (CBA), indústria extrativista

sustentável e uma agricultura sustentável, com maior produtividade"

(Foto: Marcos Gomes / Portal do Zacarias)

Marcelo Ramos – Se você pegar a evolução do número de homicídios de Pernambuco e do Amazonas de 2004 a 2012, é engraçado. Pernambuco tinha 78 homicídios por 100 mil habitantes em 2004 e chegou em 2012 com 37. O Amazonas tinha 16 e chegou em 2012 com 36. O gráfico é absolutamente inverso, o que significa dizer que isso é a falência da política de segurança pública em nosso Estado e o sucesso da política de segurança do Campos. O Campos foi o único governador do Brasil que reduziu o número de homicídios todos os anos e foi premiado pela ONU por isso. Portanto, eu tenho a experiência suficiente pra saber que não sei tudo e a humildade suficiente para governar com os melhores e beber nas boas experiências.

Portal – As suas ideias pressupõem mexer na estrutura da Polícia Militar, uma polícia repressiva, criada sob a Ditadura Militar. A exemplo do deputado federal Pauderney Avelino (DEM), o senhor também aposta na unificação das polícias ?
Marcelo Ramos – Primeiro, antes da ideia de unificação, é preciso ter justiça e valorizar o mérito dentro da Polícia Militar do Estado do Amazonas. Você precisa ter critérios claros sobre cargos de comando, já que os oficiais que ocupam cargos de comando têm que ser oficiais com fichas limpas, vida honrada e compromisso sério com o governo. Em segundo, você precisa ter critérios justos de promoção, porque quando você cria critérios injustos de promoção você cria insatisfação na tropa. É preciso aumentar o efetivo policial. O Amazonas tem policiais concursados no cadastro de reserva esperando convocação. E uma das primeiras medidas do meu governo será a convocação de novos policiais.

Portal – E sobre a unificação das polícias?

Marcelo Ramos – Eu penso que os Dips seriam o passo inicial, porque os Distritos Integrados de Polícia juntam, no mesmo espaço, a Polícia Militar e a Polícia Civil. Penso que teremos que acelerar o processo de unificação através dos Dips e, através de uma leitura do funcionamento disso, avaliar melhor esse novo processo. É preciso maturar as coisas.