16 de Abril de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
31/01/2015

Sérgio Fontes quer Receita Federal e Sefaz participando da luta de combate radical ao narcotráfico

Foto: Dayse Nunes / Portal do Zacarias

Sérgio Fontes: “O governador José Melo está muito disposto a investir os recursos estaduais em segurança e tem grande expectativa de que o Governo Federal também vai nos ajudar"

Em entrevista ao PORTAL DO ZACARIAS, o novo secretário de Segurança Pública do Estado, Sérgio Fontes, polemiza a unificação das polícias no País e afirma que a guerra contra o narcotráfico só será vencida no Amazonas com o engajamento das polícias estaduais em conjunto com a Polícia Federal e as Forças Armadas, além da necessária contribuição das instituições financeiras no bloqueio às operações dos narcotraficantes cada vez mais ousados e dispostos a tudo por lucros fáceis e absurdos.


Por J Taketomi e Hilton Ferreira


PORTAL DO ZACARIAS – Há dois anos, em entrevista ao Jornal do Commercio, o senhor defendeu o combate ao narcotráfico com a participação da Polícia Federal, das polícias estaduais e das instituições financeiras. O senhor continua pensando da mesma forma?


Secretário Sérgio Fontes – Continuo pensando totalmente. Naquela época não sabia que um dia poderia virar secretário de Segurança. O narcotráfico é a mola propulsora da violência, ele produz assaltos, prostituição, homicídios bárbaros, o crime organizado. Toda a violência existente em Manaus decorre do tráfico internacional de entorpecentes. Somos vizinhos dos maiores produtores de cocaína do mundo e não tem como não sofrermos a influência negativa desses vizinhos. Então, nós temos que atacar o narcotráfico de forma compacta, pois ele é uma organização criminosa que vive em função do lucro. É uma empresa na busca cega de lucros e mais lucros. Como você derruba essa empresa ? Derruba atacando o lucro dela, o ativo que ela tem. Já conversei isso com a secretária de Inteligência do Estado. Nós temos que investir em conjunto com a Polícia Federal, com os órgãos de fiscalização federais e estaduais, até a Sefaz e a Receita Federal, temos que investir contra o patrimônio dos narcotraficantes, para que eles sintam no bolso. Temos que agir de forma integrada, inclusive com as Forças Armadas nas fronteiras. É importante você apreender trouxinha, flagrar bocas de fumo, etc. Mas, a trouxinha antes era um tijolo de um quilo, e nós temos que pegar esse tijolo.


Portal – Nos Estados Unidos, a Receita Federal tem poder de polícia. Não deveria ser assim também no Brasil?


Sérgio Fontes – Eu não tenho nada contra o poder de polícia ser espalhado para outras instituições, o Ibama, Receita Federal, enfim. Mas, nos Estados Unidos as polícias não se comunicam. Aqui no Amazonas, a gente tem a dissonância entre as polícias Civil e Militar. Imaginem nos Estados Unidos onde existem quase cem agências federais. Mas, eu não sei se mudaria muito o quadro uma Receita Federal policial. Do jeito que está, ela faz o seu serviço muito bem feito. O avanço significativo seria a Receita agir em conjunto com as outras instituições financeiras na luta contra o narcotráfico.


Portal - As Forças Armadas devem se engajar também nessa luta? O governador José Melo já manifestou esse sentimento ao novo ministro da Defesa, general Villas Bôas.

 

“Toda a violência existente em Manaus decorre do tráfico internacional de

 entorpecentes. Somos vizinhos dos maiores produtores de cocaína 

do  mundo e não tem como não sofrermos a influência negativa

desses vizinhos” (Fotos: Dayse Nunes / Portal do Zacarias)

 

Sérgio Fontes – Eu tenho uma expectativa muito grande com relação ao general Villas-Bôas, um gaúcho de alma amazônida. Foi comandante militar da Amazônia, onde viveu grandes momentos da sua carreira, um parceiro dos órgãos estaduais e federais de segurança pública. Fez grandes parcerias com o coronel Paulo Roberto Vital, meu antecessor. Hoje ele está à frente do nosso respeitado Exército Brasileiro e isso nos enche de esperança. O governador José Melo está muito disposto a investir os recursos estaduais em segurança e tem grande expectativa de que o Governo Federal também vai nos ajudar. A imensa quantidade de drogas que entra no Estado do Amazonas visa também os estados do Nordeste, o Sudeste, o Centro-Oeste.


Portal – Para o Governo Federal, essa ajuda seria importante em nosso Estado porque pouparia maiores sacrifícios à Polícia Rodoviária Federal, por exemplo.


Sérgio Fontes – Acho que para o Governo Federal, mais do que um investimento, é uma obrigação. Não se pode esperar que o Estado do Amazonas sozinho tome conta das fronteiras.


Portal
– O serviço de Inteligência é de extrema importância para o combate ao narcotráfico, mas no Amazonas o ex-secretário de Inteligência, Thomaz Vasconcelos, era tido como um ditador que se recusava a trabalhar em parceria com as outras polícias. Como o senhor vai lidar com esse serviço agora?


Sérgio Fontes - Já tivemos conversas muito boas com a nova secretária da SEAI, já demonstramos o que queremos fazer e houve uma aceitação muito boa por parte da nova equipe de inteligência do Estado. Esperamos que agora a gente possa especializar a nossa Seai e possa efetivamente contar com ela. A nossa intenção é auxiliar a Polícia Militar, que é quem tem que fazer polícia. A SEAI agora está bem treinada e equipada. Ela vai auxiliar a PM e a Polícia Civil.


Portal
– Já foi renovado o contrato sobre as viaturas do programa Ronda no Bairro?


Sérgio Fontes – O contrato não foi renovado porque a empresa, que venceu o contrato original, foi declarada inidônea, mas nós estamos pagando a utilização das viaturas por reconhecimento de dívida. E os procedimentos licitatórios, para nova contratação, estão sendo providenciados para o mais breve possível. Vamos ter uma outra empresa trabalhando o Ronda no Bairro que é um grande projeto que precisa de ajustes. O programa tem que ser avaliado constantemente e readequado e atualizado constantemente.Vamos trabalhar na capacitação do policial para que ele possa chegar rápido na ocorrência.


Portal – O comando do Ronda no Bairro fica como era ou vai ser prerrogativa da Polícia Militar?

 

Sérgio Fontes com os jornalistas Hilton Ferreira e Juscelino Taketomi, ambos do PORTAL

DO ZACARIAS “O contrato não foi renovado porque a empresa, que venceu o contrato

original, foi declarada inidônea, mas nós estamos pagando a utilização das viaturas

por reconhecimento de dívida. E os procedimentos licitatórios, para nova

contratação, estão sendo providenciados para o mais breve possível”


Sérgio Fontes – O comando do Ronda no Bairro tem que ficar com a PM, tem que ficar aonde a maior parte dos policiais está. A Secretaria de Segurança vai se ocupar dos contratos, da tecnologia, uniformização dos procedimentos e da avaliação de como está andando o programa.


Portal – O que o senhor acha da unificação das polícias Civil e Militar, que voltou à baila no Congresso Nacional?


Sérgio Fontes – Esse assunto tá pouco discutido. Hoje a unificação seria inviável. Seria preciso criar uma terceira polícia. Eu não sei que vantagens haveria. Nos Estados Unidos existem dezenas de polícias que funcionam bem. Por que aqui as polícias não podem funcionar bem? Acho que nós temos que trabalhar em conjunto, e o Amazonas tem um trabalho pioneiro nisso aí com os Distritos Integrados de Polícia. Acho que essa questão tem que ser melhor discutida, é como a questão da desmilitarização. Eu sou a favor de mitigar a militarização. Alguns institutos, inerentes às Forças Armadas, não precisamente, necessariamente, estar nas polícias militares. As Forças Armadas são preparadas para situações de guerra, enquanto as demais polícias precisam ser ágeis. Hierarquia e disciplina têm que funcionar. Quero deixar bem claro que pessoas armadas, que fazem o uso da força em nome do Estado, não podem abrir mão de hierarquia e disciplina, porque, do contrário, tudo vira uma desorganização total.


Portal – Qual a situação dos concursos para as polícias hoje?


Sérgio Fontes – O nosso efetivo policial está aquém das nossas necessidades e temos um estado continental para defender, temos que defender bem o nosso patrimônio genético, mineral, etc, temos que combater a biopirataria. Até cinco anos atrás a gente tinha em torno de 7 mil policiais. Hoje a gente tem mais de dez mil policiais militares. Mas, temos que aumentar esse efetivo e garantir trabalho de excelência. O governador prometeu que fará concursos e aumentar nosso efetivo.


Portal – O senhor disse que vai procurar o prefeito de Manaus Arthur Neto para debater o engajamento da polícia municipal nas ações globais de segurança do Estado em nossa capital. Quando será esse debate?


Sérgio Fontes – É possível, sim, uma polícia metropolitana atuar com eficiência sem usar armas de fogo. Podemos ceder nossa estrutura de treino para que possamos buscar, junto ao Governo Federal, recursos para os guardas municipais. Não precisamos de mais gente com revólver na cintura. Precisamos de mais gente bem treinada, capaz de usar a força de maneira eficaz com bastão, spray de pimenta, etc, na proteção de uma praça. E aí os nossos policiais militares iriam atrás de criminosos mais perigosos. Pensamos em convencer o prefeito Arthur desses propósitos, mas também precisamos convencer os prefeitos interioranos. Vamos investir nisso para melhorar a segurança na capital e nas cidades do interior. Queremos cumprir os objetivos do programa de governo de José Melo, queremos combater os crimes contra a vida, não queremos mais ver esses números tão elevados de mortes em nosso Estado. Vamos combater o narcotráfico com ações de bloqueio com as polícias do Estado e federais, incluindo as Forças Armadas. Vamos valorizar o policial, que é peça fundamental na cruzada contra a criminalidade. Vamos tocar com firmeza o programa do governador.

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