24 de Abril de 2024 - Ano 10
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14/10/2014

Vital Melo: “Querem me expulsar do PT por causa de José Melo e das eleições de 2016”

Foto: Marcos Gomes / Portal do Zacarias

Vital Melo é presidente municipal do PT e presidente do Iteam

Com 22 mil filiados no Estado, sendo 16 mil em Manaus, o Partido dos Trabalhadores anda mal das pernas e precisará fazer grande esforço para se reorganizar. É o que afirma nesta entrevista o seu presidente municipal Vital Melo, que fala das divisões internas e critica o autoritarismo da cúpula estadual, que impôs a ferro e fogo ao partido a candidatura de Eduardo Braga (PMDB) ao governo do Estado. Vital Melo também é presidente do Instituto de Terras do Amazonas (Iteam).

 

PORTAL DO ZACARIAS – A exemplo do primeiro turno das eleições estaduais, o PT vai continuar vivendo o clima do ‘liberou geral’, ou seja, todo mundo poderá apoiar quem quiser?


Vital Melo
– No primeiro turno das eleições no Amazonas, o Partido dos Trabalhadores, num momento em que a população gritava por mudanças, abriu mão da candidatura própria em nome de um projeto nacional e se definiu por um nome atrelado a um grupo político que está no poder há muitos anos. Não houve o ‘liberou geral’. Houve uma imposição para o PT apoiar o candidato do PMDB. A direção estadual passou por cima de todas as forças políticas dentro do partido, não consultou a militância. Tanto é que os diretórios municipais ficaram abandonados. Foi uma imposição de cima para baixo. Eu, como presidente do Diretório Municipal de Manaus, disse não a essa decisão e resolvi marchar com uma outra opção que acho correta, com o governador José Melo. O partido passou quatro anos fazendo parte do governo e tinha o líder do governo na Assembleia Legislativa. Uma média de trezentos a quatrocentos membros do partido participava ativamente do governo. Como é que do dia pra noite o partido diz que esse governo não serve para nada?


Portal – O senhor não acha que esse comportamento da cúpula regional é altamente prejudicial ao partido?


V Melo – Em parte, sim, porque o partido não conseguiu mobilizar a sua militância pra fazer campanha nem pro Braga e nem pra Dilma. Quem fez campanha, na prática, fomos nós. Praticamente o PT transferiu a responsabilidade da campanha da Dilma para o PMDB, para o Eduardo Braga. O PT não foi pra campanha.


Portal
– O PT virou um partido comum no Amazonas, nas mãos de caciques, com a sua militância perdida?


V Melo – Em tese, sim. Há algum tempo o partido vem perdendo a sua base de militância. Por causa de disputas internas construiu-se uma grande fileira de filiados adesistas que seguem a lógica do ‘se tá bom aqui eu fico, se tem estrutura eu vou pra campanha, e, se não tem, eu não vou’. O PT tornou-se um partido comum, um partido que não discute mais com a sua base militante. Mas, é claro, o PT é bem maior que tudo isso.


Portal – O PT regional também não padece do processo de saturação do poder nacional, oito anos de Lula, mais quatro com Dilma Rousseff. Isso também não desgasta o PT no Amazonas?


V Melo – O PT é mais um partido da base aliada. O governo que tá aí não é exclusivamente do PT, ele é uma coalizão de forças partidárias construindo um mandato. Precisamos rever tudo isso. O PT é maior do que tudo isso, ainda é.


Portal
– No âmbito do Amazonas, esses problemas internos não acabaram levando ao fracasso da candidatura do deputado federal Francisco Praciano ao Senado da República?


V Melo
– Profundamente, porque o grupo que o seduziu com seu canto de sereia, dizendo que ele poderia ser o próximo senador, não gostava dele. Numa assembleia não o deixou sequer falar. No Congresso Nacional, o Praciano votou contra propostas do governo do PT, ele se mostrava independente das políticas do governo do PT e do PMDB. E de uma hora para outra ele fez uma adesão ao PMDB, quando ele tinha vários processos contra o candidato do PMDB. Eu acho que o próprio Praciano contribuiu para o fracasso dele mesmo. Mas é uma pessoa pela qual eu tenho imenso respeito.


Portal – Enquanto isso, um velho parceiro de Praciano nas lutas contra a corrupção, o deputado estadual José Ricardo, se reelegeu tranquilamente.

 

“O grupo que seduziu o Praciano com seu canto de sereia, dizendo que ele poderia

ser o próximo senador, não gostava dele. E de uma hora para outra ele fez uma

adesão ao PMDB, quando tinha vários processos contra o candidato do PMDB.

Eu acho que o próprio Praciano contribuiu para o fracasso dele mesmo”

(Foto: Marcos Gomes / Portal do Zacarias)


V Melo – O Zé Ricardo se reelegeu bem porque se descolou da campanha oficial, ele se descolou do candidato do PMDB. Ele manteve a sua coerência, e taí o resultado. O povo não tem memória curta, ele observa, ele manda recado. Ele quer a melhoria dos serviços públicos, a paz social, quer segurança e melhorar seu padrão de vida. Ele quer melhorar o que tá ruim.


Portal – O senhor acha que o PT, seja qual for o resultado das eleições em segundo turno, terá condições de realizar um grande seminário e rever o seu papel?


V Melo – Eu acho que o governador José Melo ganhará o segundo turno da eleição estadual e quem se sentir derrotado no PT, essa derrota será pedagógica. O partido haverá de voltar a ser grande. Acredito que o governador José Melo ganha a eleição no Amazonas e a presidenta Dilma ganha a eleição no país, com muita dificuldade, mas ganha.


Portal – O senhor acha possível, então, o PT se reorganizar até as eleições de 2016?


V Melo
– Eu sou presidente do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores e, por ter feito minha opção por José Melo, tô sendo ameaçado de expulsão. Reuniões clandestinas tão sendo feitas para tirarem resoluções com o objetivo de me prejudicar. Mas, aviso que toda ação provoca uma reação. Eu to preparado pra isso. Na verdade, eles querem dar um golpe, querem tomar o Diretório Municipal em função das eleições de 2016, querem fazer as discussões ao seu modo. Eles sabem que eu defendo candidatura própria para 2016. Queremos democracia, não uma hegemonia autoritária. Queremos mostrar um PT democrático à sociedade e não um PT dominado por um determinado por um grupo, pela força de um deputado tal ou pela força de um dirigente sindical. Pra mim conseguir ser presidente municipal tive que superar mil dificuldades.


Portal
– E os estatutos do partido, como é que ficam?


V Melo
– Estão rasgando os estatutos do PT no Amazonas. Ocorre que o governador José Melo pertence à base aliada nacional do governo Dilma com o seu Pros. Até o momento ele tá se mantendo na disputa nacional neutro, não coloca faca no pescoço de ninguém, ele não impede ninguém de fazer campanha pra Dilma dentro do PT. Somos livres pra fazer campanha pra nossa presidenta. Nós estamos no governo porque acreditamos que o seu projeto é o melhor para o Amazonas, melhor que o do seu adversário e concorrente. 

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