O Oceano Antártico é considerado uma região selvagem, quase "intocada", mas a ameaça plástica não encontra barreiras
A poluição marinha por detritos plásticos parece não encontrar fronteiras. Nem mesmo os lugares considerados “intocados” estão a salvo.
Um novo estudo divulgado por cientistas da Universidade de Hull e do Serviço Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês) revelou níveis de poluição por microplásticos no Oceano Antártico cinco vezes maiores do que se esperaria encontrar a partir de fontes locais, como estações de pesquisa e navios.
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Representando 5,4% dos oceanos do mundo, o Oceano Antártico é considerado uma região selvagem, quase prístina, em comparação com outras regiões e, por isso, os cientistas pensavam que ele estaria relativamente livre desse tipo de poluição.
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Os resultados, publicados na revista científica Science of the Total Environment, levantam a possibilidade de que o plástico proveniente de fora da região seja capaz de atravessar a poderosa corrente circumpolar antártica, historicamente considerada impenetrável.
Os microplásticos são partículas com menos de 5 mm de diâmetro e estão presentes em muitos itens do dia a dia como creme dental, shampoo, gel de banho e roupas feitas de tecidos sintéticos a exemplo do poliéster. Segundo a pesquisa, uma única jaqueta de poliéster pode liberar mais de 1.900 fibras por lavagem.
Emaranhado de fibras plásticas encontrado no Oceano
Antártico (Catherine Waller/Divulgação)
Em geral, esses micropoluentes chegam aos oceanos através de águas residuais. Os sistemas convencionais de tratamento de esgoto simplesmente não dão conta de removê-los por completo.
Eles também podem resultar da quebra de detritos plásticos maiores que flutuam pelo oceano sujeitos a degradação por radiação ultravioleta e decomposição.
Mais da metade das estações de pesquisa na Antártica não possuem sistemas de tratamento de águas residuais, conforme o estudo. Embarcações de pesca e turismo também contribuem para o problema.
Estima-se que até meia tonelada de partículas microplásticas de produtos de cuidados pessoais e até 25,5 bilhões de fibras de roupas entram no Oceano Antártico por década como resultado dessas atividades combinadas.
A poluição oceânica por plástico tem consequências danosas para os animais. Muitos podem morrer asfixiados ou por ingestão de fragmentos maiores, ao passo que as micropartículas acabam se acumulando e contaminando a cadeia alimentar marinha.
Os autores do estudo alertam para a necessidade de se reforçar as legislações marítimas na região e para um maior esforço internacional no monitoramento e controle da ameaça plástica nos oceanos.
Exame