28 de Marco de 2024 - Ano 10
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05/10/2015

Anuário vai apontar que metade do país acha que 'bandido bom é bandido morto'

Foto: iStock

Apenas na Região Sudeste houve empate das opiniões dos pesquisados

Metade da população das grandes cidades brasileiras acredita que "bandido bom é bandido morto". A constatação aparece em pesquisa Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ONG que reúne especialistas em violência urbana do país. O levantamento foi realizado no final de julho e fará parte do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será divulgado nesta semana.

 

O instituto ouviu 1.307 pessoas em 84 cidades com mais de 100 mil habitantes.

 

 

“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”

Por raça/cor, em %

 

 

 

Pesquisa Datafolha foi encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Foram entrevistadas 1.307 pessoas com mais de 16 anos, no dia 28.jul.2015, em 84 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, representando todos os municípios brasileiros dessa dimensão. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

 

Para a pergunta se bandido bom é bandido morto, 50% disseram concordar, 45% discordaram e o restante não soube responder ou não concorda nem discorda. Como a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, há empate técnico, e a pesquisa indica a sociedade dividida.

 

Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, vice­presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, essa divisão no país é um bom sinal. "Como o copo está meio cheio e meio vazio, metade da população é contra [à afirmação], e isso pode ser visto com uma janela para a construção de políticas públicas. Há espaço para mudança."

 

 

“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”

Por raça/cor, em %

 

 

 

                                                                                       

 

A mudança prioritária desejada por Lima é no sistema da polícia, que privilegia o enfrentamento a criminosos e o confronto violento. Esse resultado da pesquisa reforça a sensação de especialistas da área de que a sociedade é tolerante com a matança de suspeitos por policiais - policiais militares e civis mataram ao menos 3.022 pessoas em 2014 no país, como a Folha revelou no sábado (3).

 

 

 “BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”

Por raça/cor, em %

 

 

 

FOMENTO À LETALIDADE

 

Para o ouvidor das polícias de SP, Julio Cesar Fernandes Neves, essa fatia dos brasileiros que defende o "bandido morto" fomenta a letalidade das corporações policiais. "Estão autorizando o mau policial a fazer Justiça com as próprias mãos. Esse tipo de pessoa induz o mau policial a cometer o maior erro da sua vida", avalia o ouvidor.

 

O efeito perverso dessa prática está tanto nos crimes provocados por policiais como na mortes deles: em 2014, 398 foram assassinados. Considerando a margem de erro da pesquisa, homens e mulheres pensam da mesma forma sobre o tema, assim como ricos e pobres.

 

 

“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”

Por raça/cor, em %

 

 

 

 

Há distinção, por exemplo, quando o recorte é pela cor da pele: 53% dos brancos acham que bandido bom é bandido morto, índice que recua para 44% entre os pretos. Entre as regiões do país, a maior diferença está entre Sudeste (48%) e Sul (54%), mas ainda dentro da margem.

 

Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de SP, Martim Sampaio, quem defende o argumento de morte aos bandidos coloca na mão da polícia o poder de julgar e aplicar a pena capital, por exemplo.

 

 

“BANDIDO BOM É BANDIDO MORTO”

Por raça/cor, em %

 

 

 

"Como a sociedade não vê uma saída concreta para a violência, ela passa a achar que o único jeito de acabar com ela é por meio do extermínio físico do criminoso, tendo como seu agente a polícia", afirma Sampaio.

 

Para o coronel Alvaro Camilo, ex­comandante da PM de SP e deputado estadual pelo PSD, o policial que se desvia dos ensinamentos da corporação está contaminado pelo sentimento de insegurança —algo que acomete toda a sociedade do país. "A sensação de impunidade é tão grande que leva o povo a querer que a Justiça seja feita de imediato. O policial age assim, não pela vontade da população, mas pela impunidade que reina", afirma.


 

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