Exclusivo! Pai acusado de jogar bebê no rio Negro culpa a mãe e diz que só confessou o crime porque foi torturado pelo delegado Ivo Martins

Depois de ter confessado que arremessou o próprio filho de quatro meses, no rio Negro, em agosto do ano passado, o canoeiro Josias de Oliveira Alves, 30, com audiência marcada pela Justiça para setembro deste ano, declarou esta semana, na Redação do PORTAL DO ZACARIAS, que é inocente. 

Josias está em liberdade desde o dia 4 de abril, depois de um pedido de revogação de sua prisão preventiva, solicitado pelos advogados de defesa Josemar Berçot Rodrigues e Josemar Berçot Rodrigues Júnior.

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Ele ficou preso durante um mês na Delegacia Especializada de Homicídios e Sequestros (DEHS), na Zona Leste, e sete meses no Comando de Policiamento Especializado (CPE) da Polícia Militar, no bairro do Dom Pedro, na Zona Centro-Oeste de Manaus.

Durante a entrevista, Josias revelou que foi torturado pelo delegado titular da DEHS, Ivo Martins, para confessar o crime, ocorrido na noite do dia 14 de agosto do ano passado.

Delegado Ivo Martins teria torturado Josias

Josias disse que quem deixou cair o bebê no rio foi a mãe, Cleudes Maria Batista de Moraes, 23. Cleudes foi presa recentemente por tráfico de drogas, em Manacapuru, Região Metropolitana de Manaus.

Cleudes (a última à esquerda) foi presa por tráfico de drogas em

Manacapuru, no dia 11 de maio deste ano (Foto: Reprodução)

Veja a entrevista: 

 
De acordo com Josias, os dois iniciaram uma discussão dentro de uma canoa acoplada a um motor rabeta. Nesse momento, o bebê que estava nos braços de Cleudes caiu nas águas do rio Negro acidentalmente.

“Depois que a criança caiu no rio, eu pulei para salvá-la, mas as minhas tentativas foram em vão. Por mais que não pareça, mas fiquei desesperado por não encontrar o bebê que rapidamente desapareceu nas águas. A Cleudes se quer me ajudou nas buscas pela criança”, afirmou Josias.

Ainda de acordo com Josias, Cleudes cobrava diariamente dinheiro dele por meios de ligações e mensagens com ameaças.

“Eu dava a Cleudes R$ 150 por semana, mas ela muitas das vezes não se contentava com o valor e levava todo o meu dinheiro, uma quantia de R$ 400. Sem dinheiro, eu acabava pedindo comida e dormia na canoa para sobreviver”, afirmou.

Durante as investigações, realizadas pela DEHS, Josias e Cleudes prestaram depoimentos. Na época, Josias chegou a negar por três vezes que teria arremessado o bebê no rio. No entanto, Josias afirma que foi torturado e forçado na unidade policial a confessar o crime.

“Eu sou inocente! A culpada é a Cleudes, minha ex-companheira, mas acabei assumindo um crime que não cometi. Eu fui torturado na delegacia por um delegado e um investigador para confessar que joguei o bebê no rio. Eu não sou nenhum mostro e jamais iria fazer isso, ainda mais sendo o meu filho”, declarou Josias.

Por telefone, o delegado Ivo Martins, que esteve à frente das investigações sobre o caso, disse que as declarações de Josias não procedem. Segundo ele, há elementos suficientes no inquérito policial que apontam Josias como o autor do crime.

“Eu já disse outras ocasiões e não vou perder tempo. O Josias confessou o crime sem qualquer tipo de pressão psicológica ou tortura. Não compactuamos com este tipo de procedimento na unidade policial. O Josias está mentindo para tentar provar sua inocência”, assegurou o delegado Ivo Martins.

Conforme o advogado de defesa Josemar Berçot Rodrigues, o processo encontra-se em segredo de Justiça. Um pedido de revogação da prisão preventiva foi acatado e desde o dia 4 de abril deste ano Josias está em liberdade provisória. A juíza da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Mirza Telma de Oliveira, designou a audiência para setembro deste ano.

“Infelizmente eu e meu filho, que somos advogados de Josias, não podemos comentar sobre o processo, que está em segredo de Justiça, mas posso assegurar que o meu cliente é inocente”, revelou o advogado.

O advogado ressaltou que em maio deste ano houve uma audiência entre Josias e Cleudes, mas ela não compareceu por ter sido presa na véspera por envolvimento com drogas.