O senador Renan Calheiros afirmou nesta sexta-feira que não havia sido informado sobre a operação deflagrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que mira um ex-assessor, o advogado Bruno Mendes.
A ação, mais uma etapa da Satélite, também faz busca em endereços do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Renan, que está fora de Brasília, falou por telefone ao Globo:
- Não estou sabendo de nada disso - afirmou.
As buscas foram pedidas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a partir da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
O procurador-geral quer acesso a documentos que comprovariam denúncias de corrupção, lavagem de dinheiro e até mesmo de organização criminosa. Além de Brasilia, a polícia cumpre mandados de busca em São Paulo, Alagoas, Rio Grande do Norte.
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Em fevereiro, Janot pediu a abertura de inquérito para investigar Renan e Jucá, além do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Eles são acusados de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato. Em um dos depoimentos da delação premiada, Machado disse que repassou mais de R$ 70 milhões em propinas desviadas da Transpetro para os três.
As propinas seriam disfarçadas de doações eleitorais para os grupos políticos dos três lídereso do PMDB. Ao todo, Machado disse que intermediou o pagamento de mais de R$ 100 milhões em propina para o PMDB ao longo do período em que esteve à frente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, entre 2003 e 2014. O dinheiro seria desviado de contratos entre empresas privadas e a Transpetro, a mesma estrutura de corrupção detectada na Petrobras.
O nome do advogado Bruno Mendes apareceu pela primeira vez nas investigações da Lava-Jato a partir de um relatório da Polícia Federal ao qual o Globo teve acesso, em fevereiro do ano passado. Ele é suspeito de agendar jantares com Ricardo Pessoa, dono da UTC, e realizar pagamentos como doações de campanha.
Em seu escritório, a polícia apreendeu celular, laptop, pen drive, cópias de processos e rascunhos de discursos, entre outros documentos. O advogado foi, pela segunda vez, alvo de um pedido de busca do procurador-geral. O primeiro pedido foi rejeitado. Desta vez, o novo relator, entendeu que os elementos eram suficientes para autorizar a apreensão de equipamentos e documentos.
O advogado Luís Henrique Machado, responsável pela defesa do colega, negou que Mendes tenha cometido qualquer irregularidade. Ele argumenta que, embora Fachin tenha autorizado, a polícia não localizou e, portanto, não apreendeu dinheiro, jóias ou objetos de arte, conforme queria o Ministério Público.
A nova fase da Lava-Jato proveniente do STF dá continuidade à primeira operação com base na delação de executivos da Odebrecht, deflagrada em março e batizada de Satélites, onde também envolveu endereços ligados a Renan, ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e os demais senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Humberto Costa (PT-PE).(Perguntas e respostas: entenda a operação)
Outro lado
A assessoria de imprensa do senador Romero Jucá informa que a operação deflagrada hoje pela Polícia Federal não envolveu nenhum funcionário do seu gabinete ou pessoa que trabalhe com o senador. Jucá reitera que está à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos assim como seus funcionários para que as investigações possam ocorrer rapidamente e que a verdade seja reestabelecida. O senador informa ainda que já solicitou aos órgãos competentes que ele possa prestar informações o mais rápido possível.
O Globo