Wilker Barreto ataca: 'O governo Dilma é um poço de maldade contra Manaus, os pacotes federais são projetos circenses'

Sem medo da crise que assola o Pais e coloca de pires nas mãos estados e municípios, o vereador-presidente Wilker Barreto (PHS) precisou de apenas sete meses para enxugar a Câmara Municipal de Manaus e distribuir bem o orçamento de R$ 126 milhões.

A receita do parlamentar é explicada nesta entrevista ao PORTAL DO ZACARIAS em que ele fala da finalização do processo de informatização da CMM, da parceria que celebra com a Câmara Municipal de São Paulo e das gestões para a era da TV Digital, que dará maior visibilidade às sessões legislativas.

Por J Taketomi, editor de Política do PORTAL DO ZACARIAS
 

PORTAL DO ZACARIAS – Qual é a situação orçamentária da Câmara Municipal de Manaus nestes tempos de crise?

Vereador Wilker Barreto – A situação orçamentária da Câmara é diferente da situação da Assembleia Legislativa. Quando cai o Estado, cai a Assembleia. No entanto, com a Câmara não é assim. A nossa Loman diz que o nosso orçamento de 2015 é com base em 2014. Logo, vamos sentir o impacto da atual crise em 2016. O orçamento da CMM é da ordem de 126 milhões de reais, sendo 85% desse montante destinado a folha de pagamento e sobrando 15% para custeio e investimento. Por precaução, tomamos medidas de austeridade, cuidando da nossa saúde financeira.

Portal – O senhor cortou diárias de parlamentares e servidores surpreendendo, sobretudo pelo fato de os servidores públicos não gostarem de cortes. Como o senhor costurou esse acordo?

Wilker – Foi um consenso entre os vereadores, dentro do nosso trabalho de fazer a nova estrutura de controle das diárias, revisando valores. Todos entenderam a questão e então reduzimos as diárias de 20 para 10 UFM (Unidade Fiscal do Município de Manaus) e aumentamos o rigor no controle das diárias tanto para os vereadores como para os servidores da Casa. Desoneramos contratos e paramos a reforma do nosso painel que custava 15 mil reais todo mês e já se arrastava há 10 anos. Cancelamos o contrato que significava 200 mil reais por ano. Sobrou dinheiro para investirmos na Mini Vila Olímpica que será uma opção importante de estacionamento ao público que se dirige à CMM. Vamos abri mais 82 vagas para vereadores e servidores da Casa, além das pessoas que visitam o Poder. E vale ressaltar que cortamos as horas extras e acabamos com a insalubridade na CMM. Economizamos muito aqui. Só com as nossas impressoras gastávamos 250 mil ao ano, só com toner e tinta. Eram impressoras de várias marcas. E a gente tinha que comprar uma impressora por ano a 140 mil reais. Só nessa brincadeira economizamos 110 mil reais e economizamos também 1 milhão de reais com o cancelamento dos contratos. Toda a infraestrutura da Mini Vila olímpica vai ser fruto desse enxugamento geral, sem causar prejuízos à qualidade dos serviços.

Portal – E a questão da TV Aberta da CMM, como o senhor está tratando isso?

"Vamos fazer uma parceria histórica com a maior Câmara de Vereadores

do País,  na mesma linha dos nossos termos de parceria com o

Ministério Público, com a Defensoria Pública e com o TRE-AM"

Wilker – A nossa TV aberta é uma realidade. Nós licitamos tudo e compramos 36 horas de programação para as sessões plenárias da Câmara serem ao vivo para a cidade de Manaus e trazer o povo para mais perto dos seus vereadores via Canal 49. Esse é o novo objetivo maior com a TV aberta.

Portal – O senhor viaja nesta terça-feira para São Paulo onde vai acertar parceria com a Câmara Municipal daquela capital. O que é essa parceria?

Wilker – Vamos fazer uma parceria histórica com a maior Câmara de Vereadores do País, não vamos ter medo de copiar aquilo que está dando certo na Câmara de São Paulo.  Isso será inédito na mesma linha dos nossos termos de parceria com o Ministério Público, com a Defensoria Pública e com o TRE-AM, com a CMM cedendo mais de 20 servidores à Justiça Eleitoral para suas ações referentes à biometria. Fizemos parceria com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) para treinar mais de 120 jovens infratores aqui na CMM e vamos assinar esta semana parceria com o Ministério Público Federal (MPF). E vamos também celebrar um convênio com a Prefeitura de Manaus para implementarmos a Câmara Digital, a informação completa da CMM, os projetos de lei tramitarão com assinatura digital, vamos acabar com o uso do papel. É um projeto inovador, da ordem de 1 milhão e 200 mil reais, e o meio ambiente vai nos agradecer. As leis serão todas digitalizadas e isso evitará equívocos como o ocorrido agora quando a vereadora Rosi Matos iria apresentar um projeto sobre resíduos sólidos e essa lei já existia desde 2009, de minha autoria.

Portal – O senhor pensa em realizar sessões itinerantes, como a Assembleia Legislativa?

Wilker – Não. Ao contrário, entendemos ser melhor investirmos na TV aberta que alcançará Manaus inteira. Uma sessão legislativa com a TV aberta sairá por 300 mi reais ao mês. A sessão itinerante seria bem mais cara. O cidadão comum poderá acessar o Canal 49 e acompanhar e avaliar o desempenho de cada vereador.

Portal – Como o senhor está conduzindo a sua luta para viabilizar a aplicação da Lei do Estacionamento Fracionado?

Wilker – O plenário da CMM aprovou a lei, que foi à sanção do prefeito Arthur Neto. Tanto a Procuradoria Geral do Município (PGM) como a Procuradoria Geral da CMM, juntamente com os desembargadores do TJAM, entenderam que a lei é constitucional. Então, nós recorremos para garantir a prerrogativa da CMM de legislar. Mas, a verdade é que nós estamos avançando, vamos entregar ao povo a nossa Lei Orgânica Municipal (LOMAN) totalmente enxuta e também o nosso Regimento Interno devidamente atualizado. E a ordem é zerar a pauta de contas de ex-prefeitos a serem julgadas, temos para mais de 10 contas de ex-prefeitos esperando julgamento na CMM há mais de uma década. Hoje a pauta plenária da CM está leve, votamos mais de mil indicações em bloco e quero chegar ao final do ano com os projetos de lei tramitados, nós tínhamos 700 projetos em tramitação e 200 eram inconstitucionais, segundo pareceres lavrados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Pois eu usei o Regimento, invoquei pra mim e os arquivei, de ofício.

Portal – O senhor disputará a sua reeleição em 2016 ou vai tentar algo mais alto?

"(...) o governo Dilma é um poço de maldade contra Manaus. Nenhuma

prefeitura consegue fazer mobilidade urbana sem investimento de curto

prazo pra pagar em longo prazo. É que nem comprar casa

própria, a gente compra, mora e paga em 30 anos."

Wilker – Meu projeto político é ser candidato novamente a vereador. A questão da candidatura majoritária passa por situações conjunturais e o fato de me considerarem uma liderança jovem e me citarem como um pré-candidato a vice-prefeito é uma agenda positiva. Em seis anos e meio de mandato cheguei a presidência da CMM, sem laços de família pra ajudar, sem DNA nenhum. Mas, a questão da vice-prefeitura é muito conjuntural e o que eu consigo apalpar é a minha reeleição de vereador.

Portal – Como está a organização do PHS no âmbito do Estado?

Wilker – O PHS está forte e acredito que fecharei esse pleito de 2016 com 30 diretórios criados no interior do Estado. Recebemos o partido com menos de 14 diretórios em 13 de abril de 2013. Já peguei o bonde andando. Tive que fazer uma chapinha pra marcar presença no pleito estadual de 2014 e o meu primeiro teste, de fato, será em 2016. A grande arma do PHS será a palavra, não vamos querer nada de ninguém, vamos querer lealdade ao partido, temos vários nomes que vão aderir e vamos ter várias candidaturas majoritárias. O PHS vai trabalhar pra fazer de três a quatro vereadores, vamos fazer uma chapa bem redonda. Sou membro do Diretório Nacional do PHS e, aos 39 anos, sou o mais jovem presidente regional de partido político no Brasil. Tenho um excelente relacionamento com o Diretório Nacional, que sempre destaca e valoriza os diretórios estaduais. Eu estive semana passada em Brasília para um encontro nacional do partido.

Portal – Alguma adesão de peso já acertada ? Algum vereador ou algum deputado?

Wilker – o PHS trabalha com uma lógica de candidatos com a linha de 4 mil votos pra baixo, com exceção da minha pessoa. Temos uma relação de 50 nomes de gente com 1.500 votos. Vamos chegar a um bom resultado.

Portal - Apesar da crise, o senhor acha que o prefeito Arthur Neto terá como preparar bem Manaus para as Olimpíadas de 2016?

Wilker – É muito fácil a gente trabalhar com o prefeito Arthur, é um homem muito preparado e que conhece bem o Parlamento. Ele vai conseguir tratar bem de Manaus, sim, embora eu não tenha nenhuma esperança de que o Governo Federal traga algum centavo pra Manaus, não trouxe quando havia a Copa do Mundo e não tenho esperança de que traga agora. O que o governo Dilma repassa pra cá é o constitucional, o Fundeb, o SUS, PIS/COFINS, o que vem pra cá é de lei. Agora, liberar os empréstimos da CAF, do BID, todos aprovados pela CMM, com parecer técnico, isso o governo não libera, isso aí é um poço de maldade, o governo Dilma é um poço de maldade contra Manaus. Nenhuma prefeitura consegue fazer mobilidade urbana sem investimento de curto prazo pra pagar em longo prazo. É que nem comprar casa própria, a gente compra, mora e paga em 30 anos. É que nem fazer um viaduto, você empresta, resolve o problema e fica pagando. A Prefeitura de Manaus possui uma grande capacidade de endividamento, mas não consegue entesourar dinheiro. Precisa de 10 milhões pra resolver o problema da Constantino Nery. Precisa emprestar e pagar em 20 anos. Essa capacidade de endividamento poucas prefeituras têm. Infelizmente, os pacotes do Governo Federal foram projetos circenses. Vejamos a questão das creches, uma empresa fazendo 359 creches Brasil afora.