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19/09/2021

'Ela morreu rastejando', diz irmão que esperava nos EUA por brasileira que não aguentou cruzar fronteira com o México

Foto: Reprodução

Lenilda morreu ao tentar entrar nos EUA pela fronteira com o México

O corpo da brasileira Lenilda Oliveira dos Santos, de 49 anos, foi encontrado no fim de um rastro que ficou marcado na areia do deserto, no Novo México, nos Estados Unidos. A técnica de enfermagem morreu enquanto tentava se rastejar em direção a uma pedra. A vítima era uma técnica de enfermagem que tentava entrar no país de forma ilegal, em grupo, mas foi deixada para trás pelos colegas. Ela provavelmente morreu de sede e fome.

 

— Nós procuramos um advogado, que entrou em contato com a polícia de lá (Deming, uma cidade do Novo México). Os policiais foram para onde ela tinha mandado a localização, pelo celular, mas a Lenilda não estava no local. Então eles fizeram uma varredura em (um raio de) 5 milhas.

 

O corpo dela foi encontrado na direção de uma rocha, ela morreu rastejando, tinha um rastro atrás dela. Provavelmente ela buscava um lugar para encostar e ter sombra — disse o irmão da vítima, Moizaniel Pereira de Oliveira, 46 anos.

 

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Lenilda atravessou ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos. Ela estava viajando com alguns conhecidos de Vale do Paraíso, em Rondônia, onde morava antes de tentar a travessia. O grupo também estaria com um "coiote". Durante a caminhada, Lenilda começou a ficar desidratada e não conseguiu continuar. Ela acabou abandonada pelos colegas e pelo "guia".

 

Enquanto esteve sozinha, Lenilda enviou áudios para a família. Nas mensagens, ela tentava mostrar otimismo e acreditava que seus colegas voltariam para buscá-la, conforme prometeram. Mas sua voz demonstrava que estava debilitada. “Eu estou escondida. Manda ela trazer uma água para mim, porque não estou aguentando de sede”, diz em uma das mensagens.

 

— Foi uma covardia grande demais, eles são todos de Vale do Paraíso, tudo gente conhecida. E agora não temos informações sobre eles, mas acho que conseguiram entrar nos Estados Unidos. Apesar dessa crueldade, eles devem estar aqui (nos EUA). Eles eram pessoas caminhando pelos mesmos sonhos. Você vai deixar o sonho do outro morrer? O que custa ajudar o outro a sonhar junto? — disse.

 

Destino era Pittsburgh


Moizaniel mora em Pittsburgh, na Pensilvânia, um estado situado no nordeste americano. Era para lá que Lenilda se dirigia. Se conseguisse chegar a Delming, no Novo México, ela seguiria de ônibus ao encontro do irmão.

 

— Ela tentou entrar ilegalmente há um tempo, ficou presa uns três meses no Arizona e foi deportada. Ela ficou mais ou menos um mês no Brasil e voltou para cá. Eu sempre dizia para ela não vir assim, não se arriscar, para esperar o consulado abrir e tentar o visto. Mas quando eu soube ela já estava no México esperando para atravessar a fronteira — disse Moizaniel.

 

Lenilda já tinha atravessado o deserto. Em 2003, ela, o ex-marido e Moizaniel entraram ilegalmente nos EUA e ficaram por quase dez anos, até retornarem ao Brasil. Moizaniel voltou à América do Norte em 2018, em busca de trabalho. Dessa vez, ele estava com o filho pequeno e a imigração acabou autorizando o ingresso dele legalmente.

 

Como Lenilda não tem filho pequeno, ela tentou repetir a travessia pelo deserto. Mas 18 anos depois da primeira experiência, a técnica de enfermagem já não tinha mais físico para suportar o calor do deserto.

 

— Eu e minha mulher trabalhamos com limpeza de casas. Ela viria para trabalhar com a gente, mas infelizmente o sonho dela foi frustrado na metade da viagem — disse Moizaniel. — Minha irmã não merecia, ela foi uma técnica de enfermagem que ajudou a salvar muitas vidas durante a pandemia — acrescentou.

 

Traslado do corpo


A família de Lenilda agora tem que lidar com as despesas para trazer o corpo da técnica de enfermagem ao Brasil. As filhas da vítima foram às redes sociais pedir ajuda para que consigam arcar com os custos. Uma vaquinha foi criada por elas com objetivo de arrecadar dinheiro.

 

Moizaniel também relata ter recebido doações da comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos. Ele calcula em U$ 15 mil o valor total que precisará para despachar o corpo.

 

— Já não tenho mais lágrimas, já secaram de tanto chorar. Então agora eu só trabalho para dar conta de pagar a despesa e levar o corpo para o Brasil. Assim eu ocupo a cabeça, para não desorientar. E também quero terminar logo de mexer com papelada, quanto mais demora mais machuca — afirmou.

 

"A rede consular do Itamaraty está à disposição para prestar toda a assistência cabível, respeitando-se os tratados internacionais vigentes e a legislação local. Os Consulados-Gerais do Brasil em Houston e Los Angeles, bem como a Embaixada do Brasil no México, não foram, até o momento, notificados pelas autoridades locais sobre o caso.

 

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Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, os consulados brasileiros poderão prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito. O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior para o Brasil é uma decisão da família. Não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do traslado com recursos públicos".

 

Fonte: Extra

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