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15/07/2019

'Meu pai me ensinou a ser honesto', diz camelô que tenta devolver R$ 100 a cliente

Foto: Foto: Reprodução das redes sociais

Phellipe vende doces em ônibus municipais do Rio

 A quarta-feira da semana passada parecia ser mais um dia normal de trabalho para o camelô Phellipe Guimarães, de 27 anos. Pela manhã, saiu de casa, em Vila Valqueire, Zona Norte do Rio, e foi vender doces dentro dos ônibus municipais da cidade.

 

No entanto, naquele dia, uma cliente lhe deu uma nota de R$ 100 por um pacote de balas de café e de coco que custa R$ 2. Sem perceber a confusão, o jovem acredita que ela se enganou. Para corrigir o erro, ele mobiliza as redes sociais para encontrá-la e devolver o troco.

 

— Uma senhora pediu dois doces e me entregou a nota dobrada, que, por ser azul, parecia ser de R$ 2. Eu joguei dentro da bolsa. Quando fui contar o dinheiro, percebi que na verdade ela era de R$ 100. Desde então, tento localizar essa senhora para devolver — conta Phellipe, que estava dentro de um coletivo da linha 383 (Tiradentes x Realengo).

 

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Ao lado da esposa, os dois chegaram a trabalhar juntos vendendo doces nas ruas Ao lado da esposa, os dois chegaram a trabalhar juntos vendendo doces nas ruas

 

Foto: Reprodução das redes sociais


Segundo o vendedor, o erro foi um sinal de Deus naquele momento. Dois dias antes, na última segunda-feira, Phellipe foi assaltado na rua onde mora e perdeu o celular e R$ 420 que usaria pagar a mensalidade da escola particular do filho, o pequeno Davi, de 6 anos. Em um momento de emergência, ele usou dinheiro guardado e complementou a quantia com os R$ 100. Phellipe é casado há sete anos com a auxiliar administrativa Emanuelle Guimarães e também é pai de Lara, de 4 anos.

 

— O meu pai me ensinou a ser honesto em todos os momentos e ocasiões da minha vida. Sempre tive valores do bem. Já recebi troco errado outras vezes e devolvi. É uma atitude que deveria ser considerada normal, de todos. Acho que falta empatia às pessoas.

 

O ambulante a descreve como uma senhora de cabelos ruivos, com uma tatuagem de borboleta na mão, de cor branca. Quando comprou os doces, ela carregava uma bolsa com estampa de onça. No dia, ele tentou ir atrás do ônibus, mas não a encontrou.

 

 
Phellipe trabalhava como soldador de estaleiros e perdeu o emprego em 2017. No fim daquele ano, começou a vender sacolés durante o verão. Depois, partiu para os doces. Hoje, além de percorrer as ruas do Rio, o jovem também trabalha como chapeiro num trailer de lanches de um amigo, para complementar a renda familiar:

 

— Tenho dois filhos pequenos para criar, e a minha mulher estava desempregada. Graças a Deus, há cerca de um mês, ela conseguiu um emprego administrativo em um hospital de Campo Grande. Antes disso, chegou a trabalhar comigo vendendo doces nas ruas do Rio.

 

Para Emanuelle, que emprestou o celular ao marido para que ele fotografasse a nota e postasse no Facebook, a ideia não traria resultados. Após seis dias, a publicação já alcançou 5 mil compartilhamentos e quase 3 mil comentários de internautas elogiando a atitude. Após usar os R$ 100 no pagamento da mensalidade escolar, Phellipe explica que já conseguiu repor o dinheiro a tempo de devolver para a dona, tão logo ela apareça. Ele ganha, com a venda de doces de segunda a sexta-feira, cerca de R$ 80 por dia.

 

— Agora que a história ganhou repercussão, ela vai aparecer.

 

Phellipe trabalha como chapeiro durante a noite

Fotos: Reprodução das redes sociais


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