Camisa 10 do Brasil posta texto nas redes sociais horas depois de Jair Bolsonaro criticar questão do Enem. Presidente chama de "ridícula" pergunta sobre diferença salarial entre Marta e Neymar
Uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, que compara os salários de Marta e Neymar, foi criticada nesta segunda-feira pelo presidente Jair Bolsonaro, que considerou a pergunta "ridícula".
Segundo Bolsonaro, o futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil, e por isso não faz sentido a comparação.
- O banco de questões do Enem não é do meu governo, é de governos anteriores. Têm questões ali ridículas ainda, ridículas, tratando de assuntos... Comparando mulher jogando futebol e homem. Por que a Marta ganha menos que o Neymar? Não tem que ter comparação. O futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil - afirmou o presidente em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Veja também
Em busca do tetra da Libertadores, Santos é homenageado pela Conmebol. VEJA VÍDEO
Rueda afirma que rescisão de Robinho com Santos está próxima
Também nesta segunda-feira, após o comentário de Bolsonaro, Marta publicou nos Stories do Instagram uma foto com uniforme de treino da seleção e uma mensagem:
"Uns serão lembrados como os melhores da história. Já outros...".
Foto: Divulgação
Procurada pelo ge, a assessoria da camisa 10 da seleção disse que ela não vai se pronunciar sobre a postagem. Marta, seis vezes eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo, está em Viamão (RS), em período de treinamento com a seleção brasileira.
O Enem usou como fonte de informação dados de agosto de 2017 para comparar os salários de Marta e Neymar com seus respectivos desempenhos defendendo a camisa do Brasil.
Segundo a questão, Marta ganhava 400 mil dólares anuais e já havia marcado 103 gols pela seleção, o que dava, em média, 3,9 mil dólares por gol. Já Neymar, com 14,5 milhões de dólares por ano de rendimentos e 50 gols pelo Brasil, contabilizava uma média de 290 mil dólares por gol.
A partir das informações, a prova listava cinco características que identificavam o futebol e suas relações sociais. Uma das opções dizia que o futebol "se caracteriza por uma identidade masculina no Brasil, conferindo maior remuneração aos jogadores".
Ainda na conversa com apoiadores em Brasília, Bolsonaro disse que a diferença salarial entre jogadoras e jogadores é fruto da "iniciativa privada", e que a questão do Enem é "absurda" porque prega a igualdade por baixo.
- O que o Neymar ganha por ano, todos os times de futebol juntos no Brasil não faturam por ano. Como vai pagar para a Marta o mesmo salário? Isso chama-se iniciativa privada. Ela que faz o salário, ela que mostra para onde o mercado deve ir. Então fazem questões absurdas sempre pregando a igualdade, mas por baixo - declarou.
Fonte: GE