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05/03/2020

Bruna Marquezine lança 1º filme, explica pausa em novelas e fala de sacrifícios da profissão. VEJA FOTOS

Foto: Reprodução

Bruna Marquezine

Ao G1, atriz comenta primeira protagonista no cinema em 'Vou nadar até você'. Ela conta que quer se dedicar a séries e cursos: 'Eu sinto falta de uma bagagem acadêmica'.

 

Bruna Marquezine não quer mais fazer novelas. Por enquanto. Foram 14 em 15 anos, da órfã Salete de "Mulheres Apaixonadas" à vilã Catarina de "Deus salve a Rei".

 

Ao G1, a atriz carioca de 24 anos explicou a vontade de se dedicar a séries, cursos e filmes. A começar por "Vou nadar até você", o primeiro longa como protagonista, com estreia nesta quinta (5) nos cinemas.

 

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"Eu fiz muita TV, tem um pouco essa questão de repetir os mesmos perfis, os mesmos atores pro mesmo tipo de papel. Eu gosto de me sentir desafiada. É isso é o que me faz sentir viva", diz ela, em um hotel na Zona Sul de São Paulo.

 

Quando pega um roteiro e diz "é este", explica que não se importa mais com a parte financeira, só quer saber do desafio e de sua saúde mental: "Virou uma das minhas prioridades, com o meu crescimento e amadurecimento pessoal."

 

Em 2018, ela publicou em seu Instagram um desabafo dizendo já ter sofrido com depressão e distúrbios alimentares.

 

 

Deus salve a Bruna

 

As últimas novelas, conta ela, foram um tanto "desgastantes": "No núcleo principal, você grava em média de 30 a 40 cenas por dia, de segunda a sábado. Você trabalha 13, 14 horas por dia. O desgaste é físico e mental. Você perde o que o cinema me trouxe, que é poder dar mais profundidade."

 

Mas ela também vê o outro lado, com toda a força das novelas: "Elas têm uma função [social] grande. É cultural, é do nosso povo. Ela tem o seu valor, mas do ponto de vista artístico, existe um prazer maior em fazer uma obra fechada. Você consegue direcionar sua energia e conhece todo o arco do personagem. Você vai conseguindo dar camadas."

 

Mas além da rotina das novelas, há outro sacrifício do qual muito ator se diz vítima. Tom Hanks, por exemplo, foi diagnosticado com diabetes e o fato de emagrecer e engordar ao longo da carreira foi uma peça-chave para isso. Qual seria o limite de entrega para um papel?

 

Pela primeira vez, ela para um pouco para pensar, solta um "hmmm". "Eu entendo meu corpo como uma ferramenta de trabalho."

 

 

Mas rasparia o cabelo? "Rasparia, mas não por qualquer papel. Existem papéis e papéis. Se aquilo realmente é necessário. Às vezes se faz necessário nem pra história, mas para uma vivência minha que gere um sentimento e gere a construção daquele personagem."

 

"Eu não rasparia por qualquer papel, até porque aí envolve a questão financeira. E eu tenho que olhar para minha carreira como um todo. Porque a gente hoje trabalha com empresas de shampoo, condicionadores e isso acaba comprometendo. Infelizmente ou felizmente, isso faz parte da construção da minha carreira."

 

Os limites nessas escolhas de papéis, a partir de agora, serão mais relacionados à saúde. "Eu não teria o menor problema em engordar, desde que eu tivesse um acompanhamento e que eu não passasse dos limites saudáveis."

 

"Ainda mais sendo mulher para manter os hormônios em dia sem ter a preocupação de engordar e emagrecer já é um grande desafio. Então, imagina com esses desafios de engordar e emagrecer e tudo mais."

 

 

E o que dizer dos métodos de "não sair do papel", como os de Daniel Day-Lewis, três vezes vencedor do Oscar? "Eu não consigo ficar o dia inteiro no papel. Admiro extremamente o processo de atores que precisam disso. Não é estrelismo ou loucura, tem cena que é necessário que você evite conversas mais rasas dentro de um set para que você consiga se entregar."

 

Mas ela conta, gesticulando bastante, que já experimentou diversas formas de "acessar emoções e lugares" dentro dela, mas não consegue sair do set e ficar pensando e agindo como o personagem.

 

"Eu me canso mentalmente, e daí eu fico em um limbo que eu não consigo processar muito bem. É nessa hora que a gente tem que ter as nossas ferramentas, né? Maneiras mais estratégicas para se desconstruir. É o bom de fazer novela, você faz uma cena triste, outra feliz. Você tem que se desconstruir rapidamente."

 

"Deve ser muito doido manter o personagem, ainda não funcionou pra mim, mas pode ser que um dia para um personagem específico se faça necessário."

 

 

Bruna, na entrevista na pré-estreia, fiquei prestando atenção no que você estava falando...

 

"Você fica prestando atenção, eu prestei atenção em você, com uma sobrancelha aqui, parece meio julgando a gente. É meio intimidadora. Você chegou aqui e eu falei 'ai meu Deus, é ele, ele vai me julgar muito'."

 

É tique nervoso. Mas na coletiva você disse: 'Foi maravilhoso, primeiro por ser uma experiência diferente do que eu estou acostumada'. E você se corrigiu, disse: 'Estava'. Você queria dizer que não vai mais fazer novelas? Na terapia, às vezes uma troca assim quer dizer muita coisa, não que eu seja seu terapeuta...

 

Ela responde rindo:

 

"Sim, mas eu entendi. Freud explica. Eu disse estou e estava, porque já tem mais de um ano que eu não estou no ar com uma novela. E não pretendo voltar para as novelas em breve."

 

"Essa era uma conversa que eu já tinha com a Rede Globo há alguns anos, e não é uma coisa definitiva, eu sou muito jovem. Tudo o que eu aprendi foi fazendo novelas. Mas é um formato que eu fiz muito e eu tenho o desejo de experimentar novos formatos. Seriados, cinema..."

 

Mas na Globo? "Possivelmente, onde surgir a oportunidade e o desafio. No Brasil, a minha fidelidade é da Globo." É uma fidelidade que não está mais no papel. Bruna e Globo entraram em acordo e ela não é mais artista da emissora desde o fim de 2019.

 

 

"Em cada tempo livre que tiver, quero me dedicar aos estudos. Eu sinto falta de uma bagagem acadêmica." Ela pensa em fazer cursos de roteirização e direção.

 

"Eu gostaria de ter mais autoridade para decidir o que fazer." E negar? "Não só negar, eu sou muito correta. E toda vez que a casa precisava de mim em algum produto eu me sentia na obrigação, no dever de corresponder às expectativas."

 

"Eu trabalho de forma intuitiva. Mas falta um suporte. Vai dar uma profundidade pro meu trabalho de atriz. Então, eu queria ter mais essa autonomia para falar 'agora vou ficar dois meses focada nesse curso'. E aí eu entro em um filme ou seriado."

 

"Ou quem sabe mais pra frente em uma novela. O motivo de dar uma pausa nas novelas é uma exaustão emocional e mental. Isso é super bem resolvido comigo, com a Globo. E com a minha terapeuta", completa, rindo de novo.

 

"Porque eu precisava me reciclar artisticamente e dar uma pausa para entender e não direcionar um cansaço mental pra arte, sabe? Não achar que a questão era a arte, quando na verdade era uma exaustão de um formato."

 

 

E até que ponto a superexposição também foi uma questão nessa escolha? "Eu já entendi de fato que a superexposição não depende de mim. Eu me tornei uma pessoa superexposta não porque eu posto demais na minha vida, porque se você fizer um estudo das minhas redes sociais, você vai ver que eu não posto nada."

 

Você praticamente só fala de "BBB", né?

 

"Sim. Agora, desde que o BBB entrou no ar e eu gosto de BBB, mas nunca expus minha vida particular. Eu sempre expus meu trabalho e de forma moderada. Eu não me sinto vítima das redes sociais. Por mais que eu me esconda em uma caverna, pode ser que um dia esqueçam..."
O Tiago Iorc fez quase isso e não conseguiu.

 

"É, não deu. Pode ser que em algum momento vão esquecer, mas enquanto estiverem falando e criando notícias, enfim, não tenho como controlar."

 

A forma da água

 

 

Em “Vou nadar você”, Bruna é Orphelia, uma fotógrafa e nadadora de 21 anos que decide ir conhecer o pai, nadando de Santos até Ubatuba.

 

A ideia não é mostrar uma maratona aquática de pouco mais de 200 km, a distância levando em conta as orlas dessas duas cidades do litoral paulista. Ela nada sempre que pode, mas pega carona em barco, moto, caminhão, carro e o que mais aparecer no caminho. O que mais importa nessa trajetória é a relação dela com a água.

 

E consigo mesma. Bruna diz que o road movie é como “uma jornada de autoconhecimento”. “Autoconhecimento nunca é fácil, sempre é meio doloroso. A zona de conforto dela foi o mar, ela tentando se descobrir uma jovem mulher... Ela é uma menina um tanto lúdica e corajosa.”

 

Bruna estava terminando de gravar “I love Paraisópolis”, novela das 19h da Globo que acabou em novembro de 2015, quando aceitou o papel por ser muito diferente dos que lhe eram oferecidos. Ela diz que recebe poucos convites para o cinema: “Eu tive bastante tempo antes de mergulhar na preparação, literalmente.”

 

Fotos: Reprodução

 

Filmado em 2016, o filme só estreia agora, após problemas na captação de verbas para distribuição e finalização. É o primeiro longa de ficção dirigido e roteirizado pelo fotógrafo Klaus Mitteldorf. O paulistano de 66 anos tem carreira mais voltada ao jornalismo e às fotos e documentários de surfe.

 

Bruna ficou três semanas morando em São Paulo, fazendo aulas de natação no Pacaembu. “Tive que me preparar fisicamente. A Orphelia se sente confortável mais dentro da água do que fora. Eu nunca havia encontrado conforto fazendo exercícios físicos antes.”

 

Na primeira cena filmada, a personagem sobe na Ponte Pênsil, em São Vicente. Do alto daqueles 16 metros de altura, ela pula no mar e começa sua viagem. O salto foi feito por uma dublê.

 

"Eu pedi algumas vezes pra pular mas não estava preparada fisicamente pra isso. Recebi alguns 'nãos' da equipe. Quando eu desci da ponte parte da equipe estava pálida", explicou Bruna.

 

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"Eu queria pelo menos dar um salto 'bombinha' para sentir o que ela sentia. No roteiro não acontecia nada com ela e acreditei que não aconteceria nada comigo também." 

 

G1

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