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10/09/2021

Clube tem parceria com Exército, transforma jogadores em soldados e vira base da seleção brasileira militar

Foto: Ana Fotografia Brasil

Entre gols e continências

No último domingo, em jogo realizado no Estádio Moça Bonita, o Paduano venceu o Búzios nos pênaltis (4 a 3) e conquistou o título da Série C do Carioca, que é o equivalente à quinta divisão do Rio de Janeiro. A equipe de Santo Antônio de Pádua, cidade distante 185 quilômetros da capital, agora se prepara para jogar a B2 dentro de duas semanas e colhe os frutos de uma parceria com o Exército que vai além das quatro linhas.

 

O convênio firmado no ano passado está estampado no peito do uniforme, do lado oposto ao escudo do clube. E também é evidente no dia a dia: o time não treina em Pádua, para começar. Em vez disso, os treinamentos são realizados no Centro de Capacitação Física do Exército (CFFEx) na Urca, sob a sombra do Pão de Açúcar e às margens da Baía de Guanabara. "Algumas equipes de Série A não têm uma estrutura como essa", se gaba Márcio Barros, gestor de futebol do Paduano.

 

Lá, jogadores e comissão técnica têm à disposição uma estrutura com campos de futebol que utiliza a mesma grama do Maracanã, academia, alojamentos, departamento médico completo e refeições que vão do cafè da manhã à janta. Foi o centro de treinamento escolhido pela seleção da Inglaterra durante a disputa da Copa do Mundo de 2014 e é utilizado com frequência por equipes do Brasileirão que vêm jogar no Rio, com Atlético-MG e Internacional entre os casos mais recentes.

 

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Paduano treina no Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca, ao lado do Pão de Açúcar - Tébaro Schmidt / ge

Paduano treina no Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca,

ao lado do Pão de Açúcar (Foto: Tébaro Schmidt)
 

Embora com auxílio da diretoria do Paduano, captação e contratação dos jogadores também ficam sob responsabilidade dos militares, que pagam os salários e oferecem benefícios como planos de saúde, férias e assistência médica, incluindo nutricionista e fisioterapeuta. A seleção é feita por meio do Programa Atletas de Alto Rendimento, uma parceria entre os Ministérios da Defesa e da Cidadania com as Forças Armadas - a gestão das modalidades é dividida entre as três Forças, de modo que o futebol fica com o Exército da mesma maneira que o atletismo fica com a Aeronáutica e o judô com a Marinha, por exemplo.

 

Por isso, todos os jogadores do Paduano são militares, o que significa que gozam dos privilégios de uma carreira militar temporária ao mesmo tempo em que precisam cumprir suas obrigações.

 

- Eles têm todos os direitos, mas também todos os deveres de um militar - explica o Capitão Mauro Maia, treinador da equipe.

 

- Tem que manter a barba baixa, cabelo baixo, não pode se envolver em confusões, ser pego no doping. Eles passam por alguns compromissos aqui na Urca, precisam passar por reciclagem da legislação, fazem avaliação médica, física, são monitorados durante o ano - completa ele.

 

Alguns atletas campeões da Série C do Rio com o Paduano já estavam dentro do projeto do Exército (que experimentou parcerias parecidas sem muito sucesso com Mangaratibense e São Gonçalo EC nos últimos anos), mas a maioria precisou passar pelo processo de seleção: um edital que levanta as fichas criminais, jurídicas e avalia os candidatos de acordo com suas capacidades.

 

Uma vez aprovados, eles são submetidos a um estágio de 15 dias para ingressar na vida militar. É onde são ensinados a marchar, a vestir a farda, aprendem a se virar na floresta e se debruçam sobre a hierarquia e os costumes militares. Também tomam aulas de tiro, coisa que nem mesmo o veterano Leandro Carvalho, ex-Botafogo e já em reta final de carreira, imaginou vivenciar.

 

"Nunca pensei que iria um dia atirar de fuzil. Como eu vou atirar? Onde vou arrumar um fuzil? (risos)", conta o volante de 37 anos, capitão da equipe.

 

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- Agora somos militares, o curso aqui dentro foi para isso. Nós ficamos três dias na selva, foi uma experiência surreal. Você aprende a matar algum animal, a sobreviver, a se guiar pela bússola à noite, faz curso de tiro e outras diversas coisas. É diferente pra caramba, algo que a gente nunca viveu, e eu comecei a viver com 35, 36 anos. Uma experiência única na vida - acrescenta o jogador revelado no Botafogo com passagens por Sport, Guarani e São Caetano.

 

Fonte: GE

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