Pesquisa nacional encomendada pela SOS Mata Atlântica aponta necessidade de democratização no acesso às áreas verdes; maioria quer ver mais ações dos governos contra a crise climática
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha encomendada pela ONG SOS Mata Atlântica mostra que 91% dos brasileiros são favoráveis à criação de mais parques nacionais, unidades de conservação de proteção integral abertas à visitação pública.
Os dados também apontam que, atualmente, nem todos têm tido acesso a esses equipamentos: enquanto apenas 36% das pessoas com renda familiar de até 2 salários mínimos visitam esses parques, o número chega a 63% dos que têm renda acima de 10 salários mínimos.
A pesquisa – lançada pela SOS Mata Atlântica no contexto da 16ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB), a COP-16, que acontece em Cali, na Colômbia – foi realizada entre os dias 5 e 12 de setembro, com 2018 pessoas de idade superior a 16 anos em 113 municípios das 5 regiões do país.
Veja também
'Repiquete' faz Rio Negro descer 21 cm em quatro dias em Manaus
CO2, CH4 e N2O: concentração de gases de efeito estufa seguem em alta e atingem novo recorde
A amostra é representativa da população brasileira, segundo o Datafolha, e a margem de erro é de 2 pontos percentuais. Além dos 91% favoráveis à criação de mais parques nacionais, 6% disseram ser contrários e 3% não opinaram.Em relação às áreas verdes urbanas em geral, como praças arborizadas e parques urbanos, o número de pessoas que afirma frequentá-las é maior: 74% dos entrevistados visita essas áreas com alguma frequência (de pelo menos uma vez ao ano, caso de 1% das pessoas, até os que visitam todos os dias, caso de 7%), contra 26% que nunca as visitam.
No recorte por renda, porém, a desigualdade segue presente – 71% das pessoas com renda até 2 salários mínimos visitam essas áreas verdes, contra 91% das pessoas com renda acima de 10 salários mínimos. No recorte regional, a pesquisa mostra que a região Nordeste é a com menor número de frequentadores, tanto de parques urbanos (65% dos entrevistados na região), quanto de parques nacionais (37%). Já o Sul é a região com maior percentual de visitantes de parques urbanos (80%), enquanto o Sudeste é a que tem mais visitantes de parques nacionais (46%).
O hábito de visitar áreas verdes é mais comum nas cidades com mais de 500 mil habitantes, onde 80% dos entrevistados dizem frequentar essas áreas, enquanto o número cai para 69% nas cidades de até 50 mil habitantes. No recorte por gênero, as visitas são mais comuns entre homens (77%) do que entre mulheres (72%).
Para Diego Igawa Martinez, coordenador de projetos da SOS Mata Atlântica, os números mostram que, além do aumento no número de parques, também é necessário que eles não fiquem concentrados apenas nas áreas mais ricas e valorizadas das cidades. “Esses percentuais são uma evidência da importância das áreas verdes para a população urbana e da necessidade de ampliar seu acesso, especialmente nas periferias”, afirmou o biólogo. Ele destaca ainda a necessidade de equipamentos de lazer e cultura nessas áreas.
“Esses espaços podem tanto ampliar a qualidade de vida das pessoas como ajudar no combate às mudanças climáticas, reduzindo ilhas de calor e melhorando a qualidade do ar. São fundamentais para cidades mais sustentáveis e saudáveis”, frisou Diego. “E é algo que precisa ser uma prioridade, especialmente neste momento de mudança de gestão municipal”, completou.
Fotos: Reprodução
Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, os municípios, especialmente, têm um papel central na preservação ambiental e no enfrentamento das mudanças climáticas, pois possuem a competência constitucional de definir o uso do solo e criar áreas verdes.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.
Entre no nosso Grupo de WhatApp, Canal e Telegram
“Prefeituras e câmaras municipais podem promover cidades mais resilientes por meio da recuperação de rios, prevenção de ocupações irregulares e criação de espaços de lazer e preservação. Ao adotar políticas que priorizam a sustentabilidade, os municípios contribuem diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população e ajudam o Brasil a alcançar suas metas climáticas, o que se alinha às discussões globais, como as da COP 16”, analisou.
Fonte: O Eco
Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais