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14/07/2019

Deltan montou plano para lucrar com fama da Lava Jato, apontam mensagens

Foto: REprodução

Procurador discutiu criar empresa sem ser sócio e estratégia para arrecadar com palestras; ele diz promover cidadania

Mensagens apontam que o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, organizou um plano de negócios envolvendo eventos e palestras para lucrar financeiramente com a fama obtida por meio da operação.

 

A nova leva de conversas vazadas foi publicada na manhã deste domingo (14), pelo jornal Folha de São Paulo em parceria com o site The Intercept Brasil.

 

De acordo com a reportagem, Deltan conversou com sua mulher, em dezembro de 2018, sobre a ideia de criar uma agenda de congressos e eventos com o objetivo de “lucrar”.

 

“Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, escreveu.

 

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Ainda no mesmo mês, ele e outro integrante da força-tarefa, o procurador Roberson Pozzobon, criaram um grupo de mensagens destinado a discutir o tema, com a participação de suas esposas.

 

“Antes de darmos passos para abrir empresa, teríamos que ter um plano de negócios e ter claras as expectativas em relação a cada um. Para ter plano de negócios, seria bom ver os últimos eventos e preço”, disse Deltan Dallagnol no grupo. Pozzobon respondeu: “Temos que ver se o evento que vale mais a pena é: i) Mais gente, mais barato ii) Menos gente, mais caro. E um formato não exclui o outro”.

 

Os procuradores cogitaram ainda uma estratégia para criar um instituto e obter elevados cachês.

 

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“Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”, comentou Deltan.

 

Em 14 de fevereiro de 2019, Deltan propôs que a empresa fosse aberta em nome de suas mulheres, com a organização dos eventos ficando sob responsabilidade da empresa Star Palestras e Eventos.

 

Deltan alertou para a possibilidade de a estratégia levantar suspeitas:

 

"É bem possível que um dia ela [proprietária da Star Palestras] seja ouvida sobre isso pra nos pegarem por gerenciarmos empresa", disse.

 

Pozzobon então comentou:

 

Procurador Roberson Pozzobon, do força tarefa da Lava Jato em Curitiba

 

"Se chegarem nesse grau de verificação é pq o negócio ficou lucrativo mesmo rsrsrs. Que veeeenham".

 

No dia seguinte, 15 de fevereiro de 2019, Deltan sugeriu formar uma parceria com uma empresa de eventos e formaturas de um tio dele chamada Polyndia.

 

“Eles [Polyndia] podem oferecer comissão pra aluno da comissão de formatura pelo número de vendas de ingressos que ele fizer. Isso alavancaria total o negócio. E nós faríamos contatos com os palestrantes pra convidar. Eles cuidariam de preparação e promoção, nós do conteúdo pedagógico e dividiríamos os lucros", afirmou Deltan.

 

Já no último dia 3 de março, o procurador deu detalhes sobre um evento organizado por uma entidade que se apresentava como um instituto, comentando que esse formato também serviria para evitar questionamentos jurídicos e a repercussão negativa.

 

"Deu o nome de instituto, que dá uma ideia de conhecimento... não me surpreenderia se não tiver fins lucrativos e pagar seu administrador via valor da palestra. Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários", escreveu.

 

Em buscas nos registros na Junta Comercial do Paraná e em cartórios de Curitiba, o jornal Folha de São Paulo afirmou não ter encontrado, até então, a constituição de empresa de palestras em nome das mulheres dos procuradores ou de um instituto em nome deles.

 

A legislação proíbe que procuradores gerenciem empresas, permitindo somente que sejam sócios ou acionistas de companhias. Os chats, no entanto, indicam que Dallagnol ocupou os serviços de duas funcionárias da Procuradoria em Curitiba para organizar sua atividade pessoal de palestrante no decorrer da Lava Jato.


 Descontentamento


Em fevereiro de 2015, o empenho de Deltan para sua agenda de cursos e viagens já gerava descontentamento entre os colegas procuradores do MPF (Ministério Público Federal) em Curitiba.

 

A justificativa dada por Deltan em uma conversa com procurador Carlos Fernando Santos Lima, em um chat no Telegram, é de que sua atividade compensava um prejuízo financeiro decorrente da Lava Jato.

 

“Estou a favor de maior autonomia, mas não me encham o saco, pra usar sua expressão, a respeito de como uso meu tempo. To me ferrando de trabalhar e ta parecendo a fábula do velho, do menino e do burro. Uns acham que devo atender menos a SECOM, outros que é importante. Uns acham que devo acompanhar cada um, outros acham que os grupos devem ter mais liberdade. E chega de reclamar dos meus cursos ou viagens. Evito dormir nos voos pra render. To até agora resolvendo e-mails etc”, desabafou Dallagnol.

 

“Essas viagens são o que compensa a perda financeira do caso, pq fora eu fazia itinerancias e agora faria substituições. Enfim, acho bem justo e se reclamar quero discutir isso porque acho errado reclamar disso”, continuou Dallagnol no mesmo chat.

 

As itinerâncias citadas por Dallagnol se refere a quando um procurador substitui as funções de outro, por vezes em outras cidades, e recebe pagamento das diárias. Por ser integrante de uma força-tarefa, Deltan estava impedido de ocupar cargos fora de Curitiba devido à dedicação exclusiva. Já no caso das substituições, um membro do MP assume o cargo de outro.

 

As duas modalidades contam com remuneração extra ao procurador que as exerce.

 

As conversas mostram ainda que o procurador incentivava outras autoridades ligadas ao caso a realizar palestras remuneradas, entre eles o ex-juiz e atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e outros procuradores que atuaram no escândalo de corrupção.

 

Entenda o caso das mensagens vazadas pelo ‘Intercept’

 


A série de reportagens do ‘Intercept’ começou no dia 9 de junho, um domingo. Na primeira leva de matérias, o site divulgou uma série de mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol.

 

Nessa primeira leva, as acusações contra Moro ficaram por conta de um suposto direcionamento que ele dá para a Lava Jato internamente. Entre outros, o portal apresenta mensagens que mostrariam que Dallagnol duvidada de provas contra Lula, além de colaboração proibida do então juiz com o procurador.

 

Mais tarde, em 14 de junho, o ‘Intercept’ seguiu suas publicações com mais material contra Moro. Nas novas mensagens divulgadas, há um diálogo horas depois do primeiro depoimento prestado por Lula à Lava Jato.

 

Neste diálogo, Moro teria proposto ao Ministério Público a publicação de uma nota à imprensa. Nela, haveria conteúdo que esclarecesse o que Moro chama de “contradições” do ex-presidente, no que ele se refere como um “showzinho” da imprensa.

 

Juiz do TRF-4 adiantou ao MPF que provas eram 'fracas'


Na sexta-feira (12), mensagens trocadas pelo Telegram entre procuradores do MPF (Ministério Público Federal) revelam que um juiz do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) adiantou aos envolvidos na investigação da operação Lava Jato de que as provas apresentadas contra um réu eram “fracas”.

 

As novas mensagens foram atribuídas ao procurador-chefe Deltan Dallagnol e outros procuradores. O magistrado do TRF-4 citado pela revista é o desembargador João Pedro Gebran Neto, que atua como relator dos casos da operação que chegam ao órgão encarregado de julgar em segunda instância os processos da Lava-Jato em Curitiba.

 

Os diálogos nos quais Gebran é citado se referem a Adir Assad, acusado de ser um dos operadores de propinas da Petrobras. Assad foi preso pela primeira vez em março de 2015, e em setembro do mesmo ano foi condenado pelo então juiz Sergio Moro a 9 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

 

Mensagens trocadas apontam que, com o caso de Assad submetido à segunda instância no TRF-4 e sob análise de Gebran, Deltan Dalla­gnol comentou, no dia 8 de fevereiro de 2017, em um chat com outros colegas do MPF que o desembargador o adiantou um parecer sobre as provas apresentadas pela acusação contra Assad.

 

Dallagnol comemora proibição de entrevista de Lula

 

Novas mensagens apontam que Deltan quis lucrar com fama e contatos obtidos

através da investigação (Foto: Andressa Anholete/AFP / Getty Images)


No primeiro áudio vazado do grupo da Lava Jato no Telegram, o procurador Deltan Dallagnol comemora uma liminar do ministro do STF Luiz Fux que proibia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de conceder uma entrevista. O arquivo foi divulgado pelo site The Intercept Brasil nesta terça-feira (9).

 

Datado de setembro de 2018, os participantes do grupo reclamavam da decisão de Ricardo Lewandoski, também do Supremo, ao autorizar Lula, preso em Curitiba, a conceder uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

 

Após procuradoras chamarem os envolvidos de "mafiosos", Deltan apazigua os ânimos com a informação da liminar de Fux:

 

“Vem muito mais por aí”


Em entrevista exclusiva ao Yahoo, o jornalista Glenn Greenwald afirmou que os conteúdos divulgados até então eram “apenas o começo”.

 

Moro não pode dizer que a reputação dele foi destruída. Mas a aprovação dele caiu dez pontos e ainda vem muito mais coisa por aí, a máscara dele [Moro] vai ser derrubada”, afirmou o jornalista na oportunidade.

 

Defesa apelou, mas STF manteve Lula preso

 


Houve a percepção, por parte da defesa do ex-presidente, de que as mensagens divulgadas pelo ‘Intercept’ poderiam ajudar a tirá-lo da cadeia.

 

O STF decidiu, então, julgar dois habeas corpus pedidos pela defesa de Lula, sendo um deles relativo a Moro e que havia tido sua votação suspensa após pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.

 

Foi o próprio Gilmar que, no início deste novo julgamento, na terça (25), pediu que os ministros considerassem a hipótese de, em caso do HC relativo às acusações contra Moro não fosse julgado, o ex-presidente pudesse esperar o julgamento terminar em liberdade.

 

Os ministros adiaram a votação do HC por entenderem que a série de mensagens ainda não havia terminado e, com isso, não se podia a chegar a nenhuma conclusão sobre possível uso da Lava Jato por parte de Moro contra Lula. Negaram, no entanto, a liberdade proposta por Gilmar e também pela defesa.

 

Greenwald foi à Câmara e reiterou que Moro chefiava Lava Jato

 

Jornalista participou de um debate da Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes),

onde chegou de lancha e escoltado por seguranças (Foto: Reprodução)


Na mesma terça (25) em que a defesa de Lula apelava pela liberdade do ex-presidente no STF, Greenwald esteve na Câmara dos Deputados para responder perguntas dos congressistas.

 

Em audiência na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o jornalista a autenticidade do material recebido de uma fonte anônima, fazendo questão de confirmar novamente a autenticidade do material.

 

"O material já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da Lava Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele [Moro] está o tempo todo mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e fingindo que era neutro. Já mostramos isso, mas vai ter muito mais material ainda", declarou o jornalista no dia.

 

A audiência pública na Câmara dos Deputados teve a presença principalmente de parlamentares da oposição.

 

Uma das poucas aliadas de Moro que falaram foi a deputada Policial Katia Sastre (PL-SP), que disse que Greenwald deveria ser preso. "Quem deveria ser julgado e condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o hacker cometeu crime", disse a parlamentar. 

 

Yahoo Notícias

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