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25/08/2020

FREDERICK WASSEF, EX-FAMÍLIA BOLSONARO, RECEBEU REPASSES MILIONÁRIOS DE SÓCIA DE EMPRESA QUE POSSUI CONTRATOS COM O GOVERNO, MOSTRA RELATÓRIO DO COAF

Foto: Reprodução

Contas de escritório de ex-advogado da família Bolsonaro também foram abastecidas com recursos da companhia

O advogado Frederick Wassef, que começou a atuar na representação da família Bolsonaro no fim de 2018, recebeu repasses de R$ 2,3 milhões, entre dezembro daquele ano a maio de 2020, de Bruna Boner Leo Silva, uma das sócias da Globalweb Outsourcing, empresa que tem contratos com o governo federal. Bruna é filha de Maria Cristina Boner Leo, ex-mulher do defensor, além de fundadora e presidente do Conselho de Administração da companhia. Além disso, as contas correntes do escritório de advocacia de Wassef também foram abastecidas com R$ 1,04 milhão da empresa Globalweb. As informações constam de um relatório do Conselho do Controle de Atividades Financeiras (Coaf), obtido pelo GLOBO. O material foi enviado para o Ministério Público Federal (MPF) no Rio, Ministério Público do Rio (MP-RJ) e para a Polícia Federal em 15 de julho.

 

Em junho, o GLOBO revelou que o governo federal suspendeu em 15 de março do ano passado uma multa de R$ 27 milhões aplicada a um consórcio de empresas contratado em 2014, mas que não entregou os serviços previstos pela Dataprev, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência, vinculada ao Ministério da Economia. Entre os membros do consórcio multado está a Globalweb Outsourcing. O portal Uol mostrou ainda que, durante o governo de Jair Bolsonaro, a holding obteve novos contratos em um total de R$ 53 milhões.

 

Também na gestão de Bolsonaro, a empresa obteve dois aditivos em outro consórcio junto à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação, em um contrato questionado pela Controladoria-Geral da União (CGU) — uma auditoria do órgão apontou prejuízo na ata de preços em que ele estava baseado. Após os aditivos, o valor final do negócio chegou a R$ 37,4 milhões, segundo o Portal da Transparência.

 

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O relatório do Coaf afirma que Wassef foi "objeto de comunicações de operações suspeitas" e depois descreve que, entre julho de 2015 e junho de 2020, "os créditos no período totalizaram R$ 14 milhões" em duas contas correntes das quais ele é titular.

 

No documento, foi apontado que, ao todo, desde agosto de 2018, Bruna Boner Leo Silva, ex-enteada de Wassef, enviou valores para a conta dele que "totalizaram R$ 3.259.822,47 realizados por meio de 19 transações" até 2020. No período em que já atuava nos bastidores como advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), de 5 de dezembro de 2018 até 11 de fevereiro de 2020, Fred recebeu de Bruna um total de R$ 2.374.688,88. Foram 8 transferências, quase sempre no início do mês, de R$ 109,3 mil e, duas maiores em fevereiro deste ano, de mais R$ 1,5 milhão.

 

No relatório, o Coaf registra ainda que "os dois créditos com total de R$ 1,5 milhão, realizados nos dias 10 e 11 de fevereiro de 2020, informados acima foram amparados após o recebimento de recursos da Globalweb Outsourcing do Brasil Ltda, empresa da qual Bruna Boner Leo Silva é sócia". Além disso, as contas de Wassef também receberam R$ 360 mil de Maria Cristina Boner. A empresa Maisdoisx Tecnologia em Dobro, que pertence à holding da Globalweb, também fez um pagamento de R$ 1,070 milhão no período que o relatório do Coaf abrange, de 2015 a 2018.

 

Ao apresentar o relatório, o Coaf descreve que "apesar de não haver participação formal de Frederick Wassef no grupo econômico ocorre intenso relacionamento financeiro deste com pessoas e empresas ligadas ao grupo TBA, ao longo dos últimos anos". TBA era o nome do grupo criado por Maria Cristina Boner, depois transformado na holding GlobalWeb Sourcing.

 

No caso do escritório Wassef & Sonnenburg Sociedade de Advogados, as contas foram objeto de "comunicações de operações suspeitas motivadas principalmente por resistência ao fornecimento de informações acerca das movimentações havidas na conta da empresa consideradas incompatíveis com a atividade".

 

Desde a prisão de Fabrício Queiroz, a Globalweb informa, por nota, que em relação aos contratos com o governo federal, que "os valores recebidos por serviços regularmente prestados a órgãos federais durante o governo Bolsonaro são 70% menores ao totalizado nas gestões Dilma e Temer". Maria Cristina Boner não é investigada no procedimento do MP-RJ.

 

Em julho, o GLOBO revelou mensagens encontradas nos celulares apreendidos da família de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro. O material revela que ele e seu filho também usaram um apartamento em São Paulo da empresária Maria Cristina Boner Leo, em novembro de 2019. Até então, os investigadores só haviam descoberto dois endereços de Wassef utilizados como refúgio do ex-assessor de Flávio durante o ano passado: o sítio, em Atibaia, onde Queiroz foi preso, e apartamentos no Guarujá.

 

Em nota, a Globalweb informou que "irá encaminhar requerimentos a todos os órgãos de controle para tomar conhecimento acerca de eventuais investigações em nome dos sócios e/ou das empresas". A companhia também declarou que, caso exista algum procedimento, "apresentará sua defesa e vai provar que não há qualquer ilicitude nas transações efetuadas". Sobre Wassef, o texto pontua que ele atuou para a companhia há cinco anos.

 

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Procuradas, Maria Cristina Boner e Bruna Boner disseram que não vão comentar transações privadas. Wassef também foi procurado, mas não retornou.

 

O Globo

 

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