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02/05/2021

Jovem relata tortura após morte de homens por tentativa de furto de carne em supermercado

Foto: DIVULGAÇÃO

Após assassinato de homens por roubo de carne em supermercado na BA, jovem relata tortura depois de furto no mesmo local

Uma adolescente de 15 anos relata ter passado por uma sessão de espancamento e tortura depois de furtar produtos no supermercado Atakarejo, no bairro de Amaralina, em Salvador.

 

Ela sobreviveu após fugir, e conta que resolveu falar sobre o caso depois que dois homens, tio e sobrinho, foram executados por traficantes após cometerem o mesmo crime no estabelecimento.

 

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Bruno Barros, 29 anos, e Yan Barros, 19, foram flagrados pelos seguranças do Atakarejo após furtarem carnes. Familiares e amigos denunciam que os seguranças entregaram os dois a traficantes do bairro do Nordeste de Amaralina depois do crime. Os corpos de Bruno e Yan foram encontrados com marcas de tiros e sinais de tortura.

 

O caso da adolescente aconteceu em outubro do ano passado. Segundo a jovem, ela já havia furtado no supermercado e resolveu voltar ao estabelecimento com duas amigas, para roubar mais uma vez. Quando chegou no Atakarejo, ela foi reconhecida por um dos seguranças.

 

“Estava e eu minhas duas amigas, aí a gente foi lá para o mercado roubar. O segurança reconheceu a gente. Aí ele chamou os caras do Nordeste [de Amaralina]. Ele deveria o que? Levar a gente para a delegacia, prestar ocorrência ou até mesmo entregar ao juizado, fazer algo do tipo, que eu não ia questionar, porque eu estava errada", argumentou ela.

 

"Fazer isso com um ser humano, entregar nas mãos de uns traficantes, sabendo que os traficantes podem matar, cortar a mão, fazer essas coisas é cruel".

 

Ao perceber a chegada dos homens, as três jovens correram, mas o grupo criminoso alcançou a adolescente.

 

"Eles [traficantes] me pegaram e, quando me pegaram, graças a Deus não acharam elas [as amigas]. Aí me levaram lá para o Nordeste. Lá, os caras me deram um monte de coronhada. Todos. Não sei se foi 10, se foi 11 homens, 15, não sei. Tinha homens e meninos. Aí me bateram muito, me deram coronhada, me deram de ferro, de pau".

 

Durante a sessão de tortura, a jovem conta que teve o braço cortado e machucado com uma barra de ferro. Os criminosos ainda fotografaram a adolescente. As imagens, que circulam nas redes sociais, mostram a jovem bastante ensanguentada e com o braço perfurado pelo ferro.

 

"Me cortaram, abriram meu braço aqui com ferro. Isso ainda me afeta muito, me dói muito, porque aconteceu comigo e eu ainda fiquei com o trauma, sabe? Fiquei um tempo com trauma, escutando vozes, achando que as pessoas iam atrás de mim”.

 

Apesar de ter ficado muito ferida, ela conseguiu escapar. A adolescente não registrou queixa do espancamento e tortura na delegacia por medo de represálias.

 

"Eu fiquei com muito medo, porque eu era sozinha, entendeu? Eu fiquei com medo dos caras me matarem, essas coisas. Aí eu deixei para lá, entendeu?".

 

Em nota, o supermercado Atakarejo informou que não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei. Sobre o caso dos homens mortos pelo furto da carne, o estabelecimento informou ainda que os fatos serão investigados e conduzidos pela polícia.

 

Assassinados por roubo de carne

 

Tio e sobrinho foram mortos após terem furtado carne em supermercado — Foto: Arquivo pessoal

 

Na noite de segunda-feira (26), dois homens – tio e sobrinho – foram encontrados mortos na localidade da Polêmica, em Salvador. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo. À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.

 

Um dia depois, na terça-feira (27), eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros. Na quinta-feira (29), a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do hipermercado Atakarejo por furtar carne no estabelecimento.

 

Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina.

 

Na sexta-feira (30), parentes e amigos dos dois homens fizeram uma manifestação, na rua onde eles moravam, em Fazenda Coutos, e depois na frente do Atacadão Atakarejo, que fica no mesmo bairro.

 

Mulher conta que filha de um dos mortos perguntou pelo pai e ela não soube o que dizer — Foto: Diego Barreto / G1 BA

 

O grupo bloqueou a rua próximo à Base Comunitária da Polícia Militar pedindo justiça. Emocionada, a mãe de Bruno Barros, Dionésia Pereira, chegou a passar mal durante o ato. Depois, eles entraram no supermercado e com cartazes fizeram um protesto.

 

Em nota, o Ministério Público da Bahia informou que ao tomar conhecimento do fato envolvendo Bruno Barros e Yan Barros, adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital.

 

Também por meio de nota, o Atakarejo informou que cumpre a legislação vigente, atua "rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais", e que não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei.

 

Dionésia durante o protesto feito na sexta-feira (30) em Fazenda Coutos — Foto: Diego Barreto / G1 BA

Fotos: Divulgação 

 

A rede atacadista também afirmou que os fatos questionados envolvem segurança pública e que serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente.

 

Já a Polícia Militar informou que a 40ª CIPM não foi acionada para atender a ocorrência. No entanto, assim que tomou conhecimento de que teria ocorrido de um possível furto no estabelecimento comercial, a unidade deslocou uma equipe até o local. Quando chegou, funcionários teriam negado o fato.

 

A Polícia Civil contou que algumas testemunhas foram ouvidas na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e as investigações estão avançadas.

 

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Segundo o órgão, já há indicativo de autoria e policiais realizam diligências para encontrar os suspeitos. A Polícia Civil informou que mais detalhes não podem ser divulgados para não interferir no andamento das apurações.

 

Fonte: G1

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