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Mensagens mostram que 'auditores' do partido de Bolsonaro sabiam que não havia fraude nas urnas
Foto: Reprodução

Foi com base nesse documento que Valdemar pediu ao tribunal em 22 de novembro de 2022 a anulação dos resultados de mais de 250 mil urnas anteriores a 2020

O IVL foi contratado pelo PL para auxiliar na fiscalização da apuração do pleito. Mas, logo depois da eleição, Rocha apresentou à legenda comandada por Valdemar Costa Neto um relatório afirmando que havia “inconsistências graves e insanáveis” nos modelos antigos de urnas do TSE. Foi com base nesse documento que Valdemar pediu ao tribunal em 22 de novembro de 2022 a anulação dos resultados de mais de 250 mil urnas anteriores a 2020. Rocha é um dos 37 indiciados pela PF.

 

Na opinião da PF, a ofensiva pela anulação da vitória de Lula marcou “o último ato” oficial do grupo que pretendia impedir a posse de Lula e serviu de fundamento “para a tentativa de golpe de Estado, que estava em curso”.

 

Pelas conversas captadas pela PF, os investigadores constataram que as hipóteses utilizadas por Carlos Rocha para lançar suspeitas infundadas sobre as urnas eram, na verdade, “teses de indícios de fraudes que circulavam pelas redes sociais, sem qualquer método científico”, fruto de um trabalho sem “rigor técnico”.

 

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Segundo a PF, Rocha tentou validar tais suspeitas com o uso de dados de uma empresa de tecnologia da informação chamada Gaio, que tinha como sócio um técnico chamado Eder Balbino. Ele se apresenta nas redes sociais como um “entusiasta da análise de dados”. Em uma dessas mensagens, de 2 de novembro, Carlos Rocha questiona Balbino se já há “algumas confirmações de correção ou indícios de manipulação” no resultado das eleições.

 

Balbino responde: “Infelizmente não. Tomamos a decisão de gastar um tempo inicial preparando a base para deixá-la bem mais fácil para encontrar indícios em múltiplas trilhas.”

 

Angelo Martins Denicoli, ex-diretor no Ministério da Saúde e ex-assessor na Petrobras — Foto: Reprodução

 

No dia 5, Rocha pressiona Balbino de novo após uma reunião virtual. “Precisamos responder à pergunta, objetivamente, que se a eleição tivesse usado somente as urnas eletrônicas modelo 2020, o Bolsonaro teria vencido as eleições?”, pergunta, já antecipando a principal tese a ser defendida pelo PL na representação.

 

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Fotos: Reprodução

 

Balbino então tenta reproduzir em todas as urnas usadas nas eleições de 2022 os resultados encontrados nas de modelo de 2020. Ao todo, o TSE utilizou cerca de 600 mil urnas na ultima eleição presidencial. Mas o resultado é frustrante. A simulação mostrava que Bolsonaro só ganhava quando a simulação convertia todo o país para urnas novas (o que não tinha acontecido) ou se convertessem para urnas novas as antigas que tinham sido usadas em cidades com até 100 mil eleitores. “Já com municípios abaixo de 50 mil eleitores ele não vence", diz Balbino.

 

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Em 9 de novembro, Carlos Rocha encaminha para Balbino mensagens que havia recebido de um outro engenheiro, Tony Cavaliere de França, sobre a identificação do código de cada urna eletrônica, que permitiria auditar o resultado da eleição. “Achei um fato novo aqui que aparentemente enfraquece a crença na fraude de urna velha vs. urna nova”, escreve o técnico na mensagem. Em outra mensagem obtida pelos investigadores, Balbino diz a Rocha que enviou um e-mail com uma série de ressalvas ao relatório preliminar que seria apresentado pelo PL.

 

Fonte: O Globo

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