O ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, autor do livro “Gestação – Mitos e Verdades sob o olhar do obstetra”, desvenda as principais dúvidas sobre a gestação
É quase automático: basta uma mulher anunciar que está grávida para começarem as sugestões a respeito de como saber o sexo do bebê, a importância de satisfazer os desejos por comidas exóticas, as explicações para o fato de sentir muita azia e por aí vai…
Com isso, a gestante recebe diversos conselhos, dos mais estranhos aos mais sérios. Ouvimos especialistas para desvendar o que é mito e o que é verdade quando se trata dessas crenças populares. Confira:
1. Azia significa que o bebê é cabeludo
Mito. A azia não tem nada a ver com o bebê ser cabeludo ou não. “Os hormônios da gravidez irritam o estômago, por isso a grávida sente uma queimação. E, no final da gestação, a azia é causada porque o estômago fica comprimido pelo bebê, que cresceu”.
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Foto: Reprodução
2. Depois de uma cesárea, não se pode mais fazer parto normal
Mito. Dr. Zeno Morrone esclarece: “O ideal é que haja o intervalo de dois anos entre a cesariana e o parto normal, mas, passado esse período, não há problema. Quando a mulher passa por um parto cesariano, o útero é cortado e depois costurado. Esse intervalo de dois anos é importante porque, durante as contrações, o útero pode se romper e causar hemorragia interna”.
3. É arriscado fazer sexo durante a gravidez porque o pênis incomoda o bebê
Mito. As mulheres podem fazer sexo tranquilamente se estiver tudo normal com a gravidez. No entanto, o doutor alerta: “A relação sexual com penetração vaginal pode aumentar a atividade uterina, ou seja, aumentar a frequência das contrações. Esse fato, em algumas mulheres, pode desencadear o trabalho de parto prematuro se houver alguma patologia preexistente”.
4. A mudança da Lua influencia o parto
Verdade. “Durante a lua cheia e a lua nova, existe uma força maior para o centro da Terra, o que aumenta a pressão pélvica e, consequentemente, as contrações”, explica Zeno.
5. O formato da barriga indica o sexo do bebê: barriga pontuda é menino e barriga larga é menina
Mito. “O formato da barriga depende do tamanho do bebê, e não do sexo dele e as únicas maneiras de descobrir o sexo antes de a criança nascer são o exame de sexagem fetal, que pode ser feito com oito semanas, ou o ultrassom, com 18 semanas”, completa o ginecologista.
6. Grávidas sentem mais calor
Verdade. “A grávida tem aumento da temperatura basal – que é a temperatura do corpo medida imediatamente após a pessoa acordar, antes de qualquer atividade física – de 0,5 a 1,0 ºC, o que a torna mais quente. O aumento da temperatura se deve à ação da progesterona, o hormônio que a placenta produz”.
7. A mulher deve comer bastante canja e canjica e beber cerveja escura para ter mais leite
Mito. “Isso é um mito de muito tempo atrás, quando as mulheres, mesmo grávidas, precisavam pegar mais pesado nos trabalhos domésticos. As mulheres tomavam canja e tinham mais energia, daí surgiu a lenda. O importante é a mãe tomar bastante líquido (em torno de 2 a 3 litros diariamente). Pode ser chá, água, sucos e frutas”, conta o doutor.
8. Se a mãe não comer o que deseja, a criança vai nascer com a cara do desejo
Mito. “Isso é só mais uma crença popular e não faz sentido”, sentencia Zeno. “Os desejos são causados por hormônios durante a gestação. Nada acontece ao bebê se a mãe não comer o que deseja”, complementa.
9. As grávidas precisam comer por dois
Mito. “A grávida sofre um aumento de apetite por ação da progesterona, mas não precisa comer por dois”. Até porque é preciso ficar atenta ao controle do peso durante a gestação, com uma alimentação balanceada e saudável.
10. Ficar sem comer aumenta o enjoo
Verdade. “O jejum aumenta a náusea e nem é preciso estar grávida para que isso aconteça”, ressalta.
É quase automático: basta uma mulher anunciar que está grávida para começarem as sugestões a respeito de como saber o sexo do bebê, a importância de satisfazer os desejos por comidas exóticas, as explicações para o fato de sentir muita azia e por aí vai…
Com isso, a gestante recebe diversos conselhos, dos mais estranhos aos mais sérios. Ouvimos especialistas para desvendar o que é mito e o que é verdade quando se trata dessas crenças populares.
11. Mulheres que tomam anticoncepcional há muito tempo não engravidam logo em seguida à suspensão do uso?
Mito: A quantidade de tempo que a mulher tomou anticoncepcional não influi em sua fertilidade. Ela pode engravidar logo após a suspensão do uso. O que ocorre é que algumas mulheres que usaram anticoncepcional por muito tempo, às vezes, ficam com os hormônios da pílula impregnados nas células de gordura.
Nesses casos, mesmo com a interrupção do uso, os efeitos do contraceptivo continuam no organismo por algum tempo. Por isso, os médicos consideram normal o período de até um ano de tentativas de engravidar após a suspensão do anticoncepcional.
12. Mulheres atletas ou que se exercitam demais podem ter maior dificuldade de engravidar?
Verdade: Exercícios extenuantes e muito intensos como corridas de longa distância, maratonas, entre outros, podem resultar no que se chama de “amenorreia secundária” ou ausência dos períodos menstruais.
Isso ocorre quando a gordura do corpo cai a níveis inferiores aos necessários para que haja ovulação. Há mulheres que, mesmo com uma rotina de exercícios intensos, continuam a menstruar regularmente. No entanto, mulheres que queiram engravidar devem reduzir suas atividades físicas em níveis mais moderados, justamente para não haver prejuízo na ovulação
13. A endometriose impede a gravidez?
Mito: Não impede, mas pode dificultar. Cerca de 50% das mulheres que têm endometriose apresentam infertilidade. É fundamental entender a diferença entre infertilidade e esterilidade: uma mulher estéril não pode engravidar; uma mulher infértil tem dificuldades para engravidar.
14. Se a mulher tem um ciclo menstrual irregular, pode ter dificuldade para engravidar?
Verdade: As dificuldades ovulatórias são responsáveis por cerca de 25% de todos os casos de infertilidade feminina. Se o ciclo da mulher é irregular, ela não sabe quando está ovulando, portanto não tem como indicar qual é seu período fértil para programar as relações sexuais e, assim, facilitar a concepção.
O melhor a fazer é procurar o ginecologista para que o profissional investigue as causas dessa irregularidade no ciclo menstrual e possa corrigi-las. A partir do momento em que o ciclo volta a ser regular, podemos ter uma noção mais precisa.
15. Se as relações sexuais ocorrem todos os dias, as chances de a mulher engravidar são maiores?
Mito: A quantidade de espermatozoides diminui com a frequência das ejaculações. Normalmente, aconselha-se que, na semana que precede a ovulação, o casal que deseja engravidar tenha relações sexuais dia sim, dia não, desde que o “dia sim” caia na metade do ciclo menstrual da mulher.
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Dessa maneira, os espermatozoides têm mais tempo para serem repostos e as ejaculações terão maior número deles, o que facilita muito a fecundação. Portanto, para que haja concepção, não adianta o homem ter cinco, seis relações sexuais num único dia, já que na quinta ou sexta relação quase não haverá mais espermatozoides no conteúdo ejaculado.
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