Segundo o estudo feito em Louisiana, nos Estados Unidos, esse poder é um privilégio dos chamados superdegustadores, categoria criada nos anos 1990 pela psicóloga Linda Bartoshuk para se referir aos 25% da população com paladar mais potente que o dos meros
Se você já sofreu bullying por não gostar de brócolis, chegou a hora dos humilhados serem exaltados. Uma pesquisa recém-publicada na revista médica JAMA Network Open aponta que pessoas muito sensíveis a sabores amargos têm maior proteção contra o coronavírus.
Segundo o estudo feito em Louisiana, nos Estados Unidos, esse poder é um privilégio dos chamados superdegustadores, categoria criada nos anos 1990 pela psicóloga Linda Bartoshuk para se referir aos 25% da população com paladar mais potente que o dos meros mortais.
A pesquisadora dividiu os outros 75% entre não degustadores (25% que quase não percebem certos sabores amargos) e degustadores (50% que notam o amargor, mas não ao ponto de achá-lo desagradável).
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Foi a partir dessa categorização que o rinologista Henry Barham, do Centro Médico Geral Baton Rouge, resolveu testar as correlações entre coronavírus e paladar sensível.
Como foi feito o estudo?
Barham e sua equipe avaliaram mais de 1,9 mil adultos. Menos de 6% dos superdegustadores do grupo testaram positivo para o Sars-CoV-2. Em contrapartida, os não degustadores, além de terem sido muito mais propensos que os demais a apresentarem a doença, também passaram mais tempo com os sintomas e demandaram mais internações.
Mas o que pode estar por trás disso? Bem, vamos lá: a ciência explica que os gostos são identificados pelos chamados receptores gustativos. Um deles é o tipo 2, responsável por sentir os sabores amargos. Ele é composto por um grupo de mais de 70 genes chamado T2R.
Entre esses genes, está o T2R38. Para quem não se lembra das aulas de genética, os genes produzem proteínas que desempenham funções específicas no organismo. As proteínas sintetizadas pelo T2R38 podem levar a uma menor tolerância à feniltiocarbamida e à propiltiouracila, presentes em vegetais amargos, como brócolis e repolho.
É por isso que quem possui muitas dessas proteínas tem mais chances de sofrer com pólipos no cólon, problema ligado à menor ingestão de vegetais amargos. Ao mesmo tempo, essa substância, também encontrada nas células epiteliais que revestem o nariz e o trato respiratório superior, pode responder a patógenos invasores e proteger de doenças.
Para Barham, sua pesquisa deve aprimorar a delimitação do grupo de risco da covid-19 e ajudar a entender, por exemplo, por que crianças são menos suscetíveis ao coronavírus, já que o número de receptores gustativos cai conforme se envelhece.
Mas há controvérsias!
Apesar dos dados do estudo serem plausíveis, não há um consenso sobre sua interpretação. Danielle Reed, por exemplo, que integrou a equipe do estudo, mas não quis assinar o trabalho, diz ter ressalvas com relação à pesquisa por entender que muitas pessoas podem ter sido categorizadas incorretamente como não degustadoras após terem a perda geral do paladar, comum em casos de coronavírus.
Barham concorda que mais dados sejam necessários agora e pretende apostar em testes para investigar não só a correlação do paladar com a covid-19, mas também com outras doenças infecciosas, como a influenza.
De qualquer forma, não perca a chance de mandar essa matéria para seus amigos. Em vez de enjoado, você pode ter sido alçado ao título de superdegustador.
Fonte: Mega Curioso