Por Lúcio Carril - Toda eleição surgem debates em torno de temas em construção na sociedade brasileira, mas de grande relevância para construção da cidadania e do processo civilizatório. Dentre esses temas, os que se relacionam aos direitos dos homossexuais e das mulheres.
No processo eleitoral – leia-se, campanha – os candidatos fogem do debate sobre esses temas como o diabo foge da cruz. Os assumidamente conservadores e reacionários entram logo de cara combatendo os direitos de cidadania dos homossexuais, condenando, por exemplo, a relação homoafetiva e negando os direitos até agora conquistados. Em ralação à mulher, o tema sempre é o mesmo: aborto. Nessa hora, todos se travestem de cristãos ortodoxos, como se não houvesse cristão gay e cristãs que defendem o direito das mulheres ao seu próprio corpo.
Esses dois temas evidenciam a hipocrisia que se esconde por trás dos candidatos, fazendo da política um meio de enganar o povo e/ou jogar com seus sentimentos mais atrasados e mesquinhos. Como acreditar em desenvolvimento econômico e social da cidade se os candidatos - e um deles virará o prefeito – atropelam os direitos dos cidadãos e cidadãs, defendendo o atraso e o retrocesso aos tempos mais nefastos da nossa história, quando direito só existia para poucos.
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Queremos, sim, uma cidade que reconheça o direito ao amor de todos os seres humanos, independente de sua opção sexual, raça e cor.
Poeta amazonense Thiago de Mello representa o País
em antologia universal (Foto: Reprodução)
Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
a e cor.
Queremos uma cidade como espaço do debate e de criação dos mecanismos de ampliação dos direitos das mulheres, negros e negras, jovens, idosos, trabalhadores e trabalhadoras.
Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.
Queremos uma cidade como referência da cidadania, com gestores que assumam os plenos direitos da sociedade e defendam o aprofundamento da democracia e a concretização da justiça social. Não é mais admissível a mentira, o cinismo, a vilania, como instrumentos da política. A política deve ser a base da sua própria negação, através do poder popular e, posteriormente, do próprio fim do poder.
Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Os "artigos" são do poema "Estatuto do Homem" de Thiago de Mello
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**Lúcio Carril é sociólogo, ex-secretário executivo da Secretaria de Política Fundiária do Estado do Amazonas, ex-delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrário e especialista em gestão e políticas públicas pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.