O fogo, que atinge a reserva há mais de uma semana, ameaça destruir áreas preservadas e coloca em risco a saúde da comunidade indígena
Um incêndio de grandes proporções avança pela Terra Indígena (TI) Anambé – composta pelas aldeias Mapurupy, Yrapã e Yetehu -, localizada no alto rio Cairari, no município de Moju, na região nordeste do Pará. O fogo, que atinge a reserva há mais de uma semana, ameaça destruir áreas preservadas e coloca em risco a saúde da comunidade indígena local, incluindo crianças e anciãos, que têm enfrentado dificuldades respiratórias devido à fumaça intensa.
A cacique-geral e presidente da associação no território Anambé, Pinawã Anambé, detalhou os desafios enfrentados pela comunidade para conter as chamas. “A gente está com esse incêndio dentro do nosso território. Inclusive, o nosso povo tentou amenizar alguns focos que estavam próximos à aldeia, mas estamos encontrando dificuldades, porque não temos equipamentos adequados para combater o fogo. Também falta capacitação específica para lidar com incêndios”, disse.
Segundo ele, embora a comunidade já tenha solicitado ajuda, o apoio do governo tem sido fundamental.Pinawan explicou que a Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi) tem dado suporte, enviando equipes e recursos. “Como representante-geral, eu mesmo solicitei à assessora da Secretaria e, imediatamente, ela respondeu, encaminhando os processos. Já temos bombeiros da capital, de Belém, e outra equipe da regional de Marabá a caminho do território”, informou.
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A comunidade detectou dois focos principais de incêndio: um próximo à aldeia, que foi parcialmente controlado pelos próprios Anambé, e outro mais grave, localizado nos fundos da reserva, na divisa com propriedades de fazendeiros. Pinawã relatou a suspeita de que o fogo teria começado em um pasto de fazenda, avançando posteriormente para a área da TI Anambé.“A suspeita é de que o fazendeiro colocou fogo no pasto e acabou passando para dentro da reserva. Isso é a nossa suspeita, mas acredito que a equipe especializada do Corpo de Bombeiros fará o diagnóstico sobre a origem do fogo de fato”, afirmou o cacique.
O Território Indígena Anambé, com cerca de 8 mil hectares – equivalente a 8 mil campos de futebol -, está às margens do rio Cariari, afluente do rio Mojú. Pinawã destacou a urgência em conter o incêndio, devido ao risco de o fogo consumir rapidamente toda a área da reserva. “Se o fogo passar um mês dentro do nosso território, praticamente vai queimar tudo.
Fotos: Reprodução
Nossa preocupação é urgente para evitar a perda total da fauna e flora”, disse.Além das perdas ambientais, o fogo afeta gravemente a saúde dos habitantes locais. A fumaça compromete o sono e a respiração, principalmente de crianças e idosos, elevando os temores de doenças respiratórias, como pneumonia. “Quando se trata de incêndio, não é somente a perda da fauna e da flora. É a perda da saúde e da qualidade de vida do nosso povo”, lamentou Pinawan.
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A extensão do incêndio, estimada em cerca de dois quilômetros dentro da reserva, expõe a vulnerabilidade da comunidade Anambé frente às ameaças ambientais e revela a necessidade de mais suporte técnico e estrutural.
Fonte: Revista Cenarium