Vingança é um prato que se come frio?
Diz a sabedoria popular que a vingança é um prato que se come frio. Quantos filmes de Hollywood e quantos romances não alimentaram essa ideia? Porém, na prática, os vingativos preferem algo fumegando.
Estudo da Virginia Commonwealth University (EUA) apontou que 58% das pessoas preferem se vingar imediatamente, mesmo que isso resulte em um prejuízo menor ao inimigo. De acordo com os cientistas sociais envolvidos no estudo, a rapidez no "troco" tem a ver com o sentimento de que se deve dar logo uma lição ao oponente.
Quando a vingança se refere a um evento de um passado mais distante, os participantes afirmaram preferir uma retaliação não imediata, mais elaborada e com efeito maior.
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Além disso, a maioria dos 1.500 voluntários do estudo declarou preferir se vingar a receber um dinheiro a título de indenização.
"Nossas descobertas sugerem que as pessoas preferem uma forma de vingança quente e pronta a adotar uma abordagem fria, calculada e retardada da vingança", disse o líder de pesquisa David Chester, professor assistente do Departamento de Psicologia da Faculdade de Humanidades e Ciências, em nota oficial.
A equipe de cientistas diz que suas descobertas fazem sentido, já que a maioria das pessoas considera que os erros cometidos contra elas requerem uma resposta retaliatória razoável, proporcional e imediata para ensinar os provocadores a não fazerem isso novamente.
"No entanto, quando as provocações se tornam tão severas que ruminamos sobre elas continuamente, ou quando as pessoas provocam a 'pessoa errada' (ou seja, uma pessoa com traços de personalidade antagônicos), a vingança pode se tornar um prato que é melhor servido frio", explicou Chester.
Para o antropólogo brasileiro Marcos Milner, entretanto, "uma resposta imediata parece mais instintiva, parece um outro tipo de retribuição".
"Teoricamente falando, a vingança só faz sentido após um tempo de maturação, uma pausa ritual no ciclo de trocas. Sou desses, claro. Vingança, em um sentido estrito, remete para mim à lei de talião, o olho por olho.
Então ela tem que ser bem calculada, bem medida e bem orientada. Não pode ser imediata. Exige preparação", disse Milner ao PAGE NOT FOUND, cuja tese de doutorado foi exatamente sobre o tema. "Tentei encaixar, usando principalmente literatura clássica e alguns personagens históricos nacionais, a vingança dentro da teoria antropológica clássica sobre reciprocidade", acrescentou.
Fonte: Extra