Apenas no sábado oito pacientes baleados em estado grave foram levados para o Hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima (RR). Unidade está com os quatro leitos de emergência ocupados
Cenário de guerra. É assim que o diretor do hospital Délio Tupinambá, único em Pacaraima, descreve a situação na unidade que tem recebido diariamente venezuelanos feridos em conflitos no país. Lá, eles são estabilizados e depois transferidos a Boa Vista, distante 215 quilômetros da fronteira.
O governador Antônio Denarium (PSL) diz que "não há mais espaço para anteder as vítimas" e vai decretar calamidade.
Somente no sábado, 23, a unidade recebeu oito pacientes baleados em estado grave e ainda atendeu outro que passou mal após confusão com guardas venezuelanos na linha de fronteira com o Brasil. O hospital possui quatro leitos de emergência e todos estão ocupados.
“É um cenário de conflito, de guerra. O clima que estamos percebendo aqui, é o de guerra", Alshelldson de Jesus, diretor geral do hospital na fronteira.
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O diretor afirmou que desde 2015, quando Roraima passou a receber um grande e crescente número de imigrantes, o hospital não trabalhava com um fluxo tão atípico de pacientes venezuelanos.
Agora, com o avanço da tensão na Venezuela depois que a fronteira foi fechada por ordem de Nicolás Maduro, aumentou o grau de complexidade de feridos que recorrem ao Brasil. Apesar da fronteira estar bloqueada, ambulâncias têm sido liberadas pelos guardas venezuelanos para entrar em Pacaraima.
"São feridos a bala, vítimas de armas de grosso calibre, casos bem graves na unidade. [No sábado] chegou um rapaz que estava com a cabeça aberta em razão de um tiro. Ele estava desacordado. Foi levado entubado para Boa Vista e com respiração mecânica. Foi um dos casos mais graves que passaram por aqui.”
O Délio Tupinambá é um hospital de média complexidade. Pacientes mais graves são estabilizados e transferidos em ambulâncias para o Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista.
Para tentar dar vazão ao intenso número de pacientes, a gestão do hospital montou um plano com a Operação Acolhida, que cuida do fluxo migratório, para garantir a evacuação mais rápida para Boa Vista.
A Acolhida colocou à disposição quatro ambulâncias. Além dessas, os Bombeiros enviaram uma unidade de resgate para a cidade. As prefeituras de Boa Vista e a de Alto Alegre também cederam, cada uma, uma ambulância do Samu para a região.
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Houve reforço também na equipe de saúde. Enfermeiros, médicos e técnicos que estavam de folga foram para o hospital ajudar no atendimento aos pacientes. A médica Mayra Garcia, que tem atuado na linha de frente dos atendimentos, relata que o grupo apoia no atendimento dos feridos e aguarda novas eventuais remoções.
"Hoje estamos aqui em prontidão esperando esse translado de pacientes de Santa Elena a Pacaraima", afirmou Mayra.
Mayra Garcia tem atuado na linha de frente no atendimento
aos venezuelanos feridos (Foto: Alan Chaves)
O diretor administrativo da unidade, Fábio Maia, disse que unidade tem atuado com agilidade para garantir a rotatividade. "O papel do hospital tem sido esse, estabilizar o paciente que chega aqui e remove pra Boa Vista para prestar um bom atendimento", disse.
G1