26 de Abril de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
13/11/2014

Chega de dar corretivo em crianças com palmadas

Foto: The Economist

Apesar de 81% dos pais americanos acreditarem que as palmadas às vezes são necessárias, prática torna a criança mais agressiva, dizem especialistas

O professor de George Stewart na Jamaica costumava esperar perto da porta da escola com um vergalho para castigar os alunos atrasados. Os pais também o tinham castigado assim. Hoje ele mora no Bronx e se recusa a bater nos próprios filhos. "Não acredito que palmadas funcionem", diz ele. "Isso só instila neles uma crueldade que é transmitida de geração em geração."

 

Há muitas provas sustentando esse ponto de vista, dizem Richard Reeves e Emily Cuddy, da Brookings Institution, um centro de estudos estratégicos. Quase 30 estudos realizados em diferentes países mostram que as crianças que apanham com frequência se tornam elas próprias mais agressivas, tanto durante a infância quanto depois de adultas. Também apresentam maior probabilidade de desenvolver depressão e usar drogas, mesmo após a exclusão de outros fatores.

 

Palmada sempre é agressão. E criança não é saco de pancada!”

 

A palmada funciona no curto prazo: faz com que a criança pare de puxar o cabelo da irmã. Mas, no longo prazo, são muitos os efeitos negativos. Um estudo realizado em 20 cidades americanas, publicado pela Academia Americana de Pediatria em 2013, revelou que as crianças pequenas de lares onde as palmadas raramente (ou nunca) eram aplicadas demonstraram desenvolvimento cognitivo mais ágil do que as demais. Outros estudos mostram que crianças de escolas que praticam castigos físicos apresentam desempenho acadêmico inferior.

 

Ainda assim, 81% dos pais americanos acreditam que as palmadas às vezes são necessárias. A proporção é maior do que a observada em muitos outros países ricos, dos quais 20 proibiram totalmente os castigos físicos, até os praticados pelos pais. Nos Estados Unidos, os republicanos batem mais do que os democratas; os sulistas batem mais do que os do nortistas; os negros mais do que os brancos; e os renascidos em Cristo mais do que todos os outros grupos.

 

A palmada funciona no curto prazo, mas, no longo prazo, são muitos os efeitos negativos

 

Os professores americanos ainda têm permissão para bater nas crianças com uma espécie de palmatória (bastão de madeira um pouco mais curto e fino que um taco de críquete) em 19 estados, em sua maioria localizados no sul - essa prática é proibida em mais de 100 países. Mais de 216 mil alunos apanharam dos professores na escola durante o ano letivo de 2008-09, de acordo com o Departamento da Educação dos EUA. Os meninos pobres, negros e deficientes foram os que mais receberam golpes.

 

Quando Adrian Peterson, astro do time de futebol americano Minnesota Vikings, foi detido sob acusações de abuso infantil em setembro, depois de ter supostamente ferido o filho com um vergalho, vários comentaristas negros disseram que esse tipo de surra seria uma espécie de rito de passagem essencial. Uma surra de um pai responsável mantém o filho na linha, disseram eles. "O cinto de um pai dói muito menos do que a bala de um policial!", tuitou o comediante negro D. L. Hughley. Outros citaram a Bíblia: "Quem se nega a castigar o filho não o ama; quem o ama não hesita em discipliná-lo." Stewart responde que pode haver "mais disciplina na palavra de Deus" do que num vergalho.

 

Fonte: The Economist Newspaper Limited /  site www.economist.com

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