10 de Junho de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
24/03/2014

Delegado de Homicídios diz que quem estuprou a mulher de "João Branco" foi um policial militar e que Oscar Cardoso não estava presente

Foto: Marcos Gomes / Portal do Zacarias

O delegado Paulo Martins é quem está à frente das investigações do assassinato de Oscar Cardoso

Coordenador da Operação Hórus, deflagrada na terça-feira da semana passada pela Polícia Civil, com o objetivo de prender suspeitos do assassinato do delegado Oscar Cardoso, o delegado Paulo Martins, titular da /delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), falou com exclusividade ao PORTAL DO ZACARAS. Ele explicou que a prisão temporária de Karina Cristina Pereira do Nascimento, sobrinha de Oscar Cardoso, morto com 18 tiros no último dia 9, é importante para "avançar" nas investigações e disse ter provas de que a ordem para matar o ex-chefe da Força-Tarefa da Secreetaria de Segurança partiu da facção criminosa Família Norte (FDN). 

 

Paulo Martins revelou também que, ao contrário do que se noticiou até hoje, não foi um policial civil que estuprou a mulher de João Branco, e sim um policial militar. Outra revelação: nesse dia, Oscar Cardoso não estava presente. Acompanhe a íntegra da entrevista:

 

Por J Taketomi, do PORTAL DO ZACARIAS

 

PORTAL DO ZACARIAS – Como o senhor chegou à conclusão de que as pessoas presas e outras que estão sendo procuradas assassinaram o delegado Oscar Cardoso?


Delegado Paulo Martins – Tudo se inicia com as investigações. Desde o momento em que o doutor Oscar foi executado nós formamos um grupo de delegados e passamos a investigar o fato. As informações foram chegando até nós e fomos checando cada uma delas pra saber o que é de fato verdade e o que não é verdade. De acordo com as investigações, concluímos que o doutor Oscar poderia ter se envolvido em um incidente por conta do estupro da mulher do João Branco. Tivemos conhecimento de que ele não se envolvera com esse incidente, mas só que passa pela cabeça do João Branco que ele participou.


Portal
– Houve realmente o estupro da mulher de João Branco?


P Martins
– O estupro foi confirmado, houve sim.


Portal
– A polícia sabe quem é o autor do estupro?


P Martins
– Sabemos de um dos indivíduos que participaram. Ele é um policial militar. Inclusive ele vai sofrer as consequências do crime que cometeu.


Portal – Ele já foi indiciado?


P Martins – Ele já foi reconhecido. A investigação está correndo em segredo de Justiça e em breve teremos novidade também com relação a esse caso do estupro da mulher do João Branco. Aqui na Delegacia de Homicídios a gente investiga homicídio, mas já há delegados investigando esse caso. Nós temos certeza de que esse estupro ocorreu, de fato.


Portal – Em que circunstância esse estupro aconteceu?


P Martins – Segundo a vítima, ela teria sido abordada por supostos policiais que depois a sequestraram, tomaram dinheiro e, por fim, depois de ter recebido dinheiro de uma suposta extorsão, ela foi violentada sexualmente. Mas, uma semana depois disso, veio aquela investigação em que o doutor Oscar estava envolvido, aquela operação Tribunal de Rua. Então, o João Branco deduziu que o mesmo pessoal preso pela operação Tribunal de Rua seria também o pessoal que estuprou a sua esposa. Em função disso foi desencadeada toda essa situação.


Portal – A polícia, então, tem certeza de que foi o João Branco o mandante do assassinato do delegado Oscar Cardoso?


P Martins – Nós temos certeza de que foi a FDN (Família do Norte), que tudo partiu do comando da FDN, e a única pessoa com motivação pra mandar matar o doutor Oscar seria o João Branco em função do caso da mulher dele.

 

“O estupro da mulher do João Branco foi confirmado, houve sim. Sabemos de um

dos indivíduos que participaram. Ele é um policial militar. Inclusive ele

vai sofrer as conseqüências do crime que cometeu”

 


Portal
– Ele estava presente no momento do assassinato do delegado?


P Martins – Nós temos testemunhas oculares que o reconheceram no local do crime, ele teria sido um dos executores.


Portal – O Fábio Diego Mattos Oliveira, conhecido como Piu-piu, deu entrevista ao PORTAL DO ZACARIAS dizendo não ter nada a ver com o assassinato, que ele estava num restaurante com a esposa e uma sobrinha no momento em que ocorreu o crime. A polícia, no entanto, garante que ele é um dos criminosos...


P Martins – A policia se baseia em fatos de acordo com informações que nos chegam. Todas as informações são colocadas num papel e há a parte técnica do inquérito policial. Chegamos à conclusão de que o Piu-piu participou diretamente do crime. O fato dele negar é um direito constitucional seu. Ele pode criar um álibi por saber que está sendo investigado e dizer que estava com fulano ou cicrano. De qualquer forma, estamos investigando e vamos provar que realmente ela esteve no local do crime. Vamos mandar o inquérito à Justiça a fim de que possa responder pelo crime que cometeu. Se ele diz que é inocente, não tem razão para estar foragido, ele deveria se apresentar à polícia e mostrar que não participou do crime.


Portal – O Piu-piu afirma que no restaurante em que se encontrava na hora do crime há câmeras de segurança. Essas imagens já chegaram à polícia?


P Martins
– Nada chegou até nós. Isso aí, inclusive, é fato novo pra nós. Mas, se realmente houver esse documento, a família deve trazê-lo à polícia pra análise. A polícia não tem interesse em prender o Piu-piu apenas pra dar uma satisfação pra sociedade sobre o crime que estarreceu a cidade de Manaus. Nós queremos prender, sim, aquelas pessoas que, com certeza, estão envolvidas efetivamente no homicídio.


Portal
– O advogado do Piu-piu, Josemar Berçot, disse temer pela vida do seu cliente, porque a polícia estaria mais interessada em matar do que em prender o Piu-piu. O que o senhor tem a dizer sobre isso?


P Martins – Isso é uma afirmação infundada. A polícia nunca agiu nem vai agir dessa forma. A finalidade é prender, sim, o Piu-piu com vida e oitivá-lo pra saber o que ele sabe a respeito da morte do delegado Oscar Cardoso. Logo, a afirmação do advogado é infundada, a polícia nunca usou desses artifícios. Nesse tipo de situação, há de convir que a polícia tem que agir de forma enérgica, há a troca de tiros e acontecem baixas. Mas, no caso do Piu-piu, ninguém quer matá-lo, a policia quer que ele se apresente e dê o seu testemunho.


Portal – Pela forma como ocorreu, tudo indica que o crime foi realmente planejado?


P Martins
– Sim, as circunstâncias do local do crime onde o delegado foi executado indicam que sim. Os criminosos já deveriam ter estudado os hábitos do delegado, o melhor horário para a execução do ato criminoso. Acho que, antes do ato, eles fizeram alguma investigação preliminar, podem até ter aproveitado informações privilegiadas de alguém que conhecia os hábitos do delegado.


Portal – Esse alguém que conhecia os hábitos do delegado Oscar Cardoso é a Karina do Nascimento?


P Martins – Não, não posso afirmar isso, seria muito prematuro. O que sabemos é que a pessoa que executou o delegado sabia o horário apropriado em que o doutor Oscar estaria na frente da casa dele, desarmado, inclusive com o neto nos braços, relaxado, sem preocupação com a sua segurança.


Portal
– A forma como foi premeditado o cenário para matarem o delegado está ajudando mesmo na elucidação do assassinato?


P Martins
– Está ajudando bastante. Os criminosos tinham certeza do horário, de maneira que isso tudo está nos municiando de informações preciosas pra gente poder chegar aos executores do crime.


Portal – Por que a polícia pediu a prisão da Karina?


P Martins – A prisão temporária é justamente pra gente investigar. A prisão preventiva seria apenas se tivéssemos a certeza da efetiva participação dela. A Karina está sob nossa custódia pra gente fazer as devidas investigações. Ela pode nos fornecer alguns fatos novos com relação ao crime. Por isso a prisão temporária dela. A Karina é importante pra gente avançar nas investigações.

 

Portal – Como estão as buscas referentes ao Piu-piu e ao João Branco?


P Martins
– Estamos com equipes na rua fazendo diligências. Acreditamos que daqui a mais alguns dias eles serão presos e apresentados à Justiça e à sociedade.


Portal – A gente pode dizer, então, que o assassinato do delegado Oscar Cardoso está esclarecido?


P Martins – Poderemos afirmar isso a partir do momento em que prendermos todos os envolvidos e tiverem concluído o inquérito policial. Há informações de que outras pessoas podem estar envolvidas. São informações do inquérito aqui na Delegacia Especializada e que não podemos divulgar agora, para não atrapalhar nossas investigações.

 

 

“A finalidade é prender, sim, o Piu-piu com vida e oitivá-lo pra saber o que ele sabe a

respeito da morte do delegado Oscar Cardoso. No caso do Piu-piu, ninguém quer

matá-lo, a policia quer que ele se apresente e dê o seu testemunho”

 

Portal – A quantidade de tiros, mais de vinte, desferidos contra o delegado Oscar Cardoso mostra que os assassinos o queriam morto com certeza. Então o que aconteceu pode ter sido um acerto de contas?


P Martins – Não, isso mostra que a pessoa que o executou estava com raiva. Não se sabe o verdadeiro motivo, mas estava com raiva. Quando ocorre esse tipo de crime com dez ou mais de vinte tiros, a gente vê que o assassino estava com raiva da vítima.


Portal – E a participação do Luciano, filho do Zé Roberto da Compensa?


P Martins – O Luciano foi trazido pra nossa Delegacia em razão de ele pertencer à FDN, Família do Norte. Ele é filho do Zé Roberto, supostamente um dos comandantes da FDN, e nós temos informações no inquérito sobre reuniões em que o Luciano teria participado e falado alguma coisa com relação à morte do doutor Oscar. Tenho certeza absoluta de que a ordem pra matar o delegado Oscar Cardoso partiu da Família do Norte. 

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