26 de Abril de 2024 - Ano 10
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23/09/2018

Alunos que humilharam professor começam a ser ouvidos em delegacia de Rio das Ostras, no Rio de Janeiro. VEJA VÍDEO

Foto: Reprodução / TV Globo / G1

Thiago dos Santos Conceição, de 31 anos, professor de Língua Portuguesa, disse que jovens feriram a categoria e a sociedade

O delegado titular da 128ªDP (Rio das Ostras), Carmelo Santalúcia, que cuida do caso do professor humilhado dentro de sala de aula, vai começar a ouvir os estudantes envolvidos no episódio neste domingo.

 

No depoimento prestado por Thiago dos Santos Conceição, de 31 anos, o professor reafirmou que o desrespeito por parte dos jovens era normal na escola. Um dos jovens que participou da ação já tem 18 anos e vai responder por corrupção de menores. O rapaz também vai responder por dano ao patrimôni público qualificado e desacato, e os outros três adolescentes por fato análogo a estes dois delitos.


— Ele relatou que não foi um fato isolado, já ocorria antes e veio aumentando progressivamente a gravidade. A partir de amanhã (este domingo) vamos iniciar as intimações dos alunos. Já ouvimos a diretora e outras pessoas da escola. Por enquanto não trabalhamos com a hipótese de responsabilizar a escola, pois nada surgiu que indique responsabilidade criminal — contou.


Os casos de violência são recorrentes no Ciep Mestre Marçal. Uma aluna pediu a transferência da escola nesta semana por causa dos episódios de agressividade dos colegas. O inquéritod da 128° DP já ouviu a direção da unidade e testemunhas. A polícia também fez ontem uma perícia na sala de aula, que observou o quadro quebrado pelo aluno, além de pichações na parede, com símbolos de facções criminosas e desenhos de órgãos genitais masculinos.


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'Pensei que fosse morrer', diz professor


Num vídeo que rodou as redes sociais, e chocou e emocionou os brasileiros, o professor Thiago dos Santos Conceição, de 31 anos, aparece sozinho, exposto, sendo agredido — um estojo é atirado em sua direção e quase o acerta —, intimidado por alunos do Ciep Mestre Marçal. Sua prova foi preenchida com deboches, e ainda mais xingamentos.

 

O magistrado rompeu o silêncio e decidiu falar sobre os momentos de terror que viveu naquela tarde.


— Olha, eu achei que fosse morrer. Tentei apaziguar a situação, conversando com eles o tempo todo, porque o professor tem essa função de mediador. E aqueles alunos estavam agitados, muito mais do que o normal — contou.


Ele disse que os xingamentos e as ameaças, tanto a ele, quanto a outros colegas, era algo corriqueiro daquele grupo de alunos, mas que, naquele dia, algo estava diferente.


— Até agora eu ainda estou tentando refletir um pouco mais e não consigo entender o que aconteceu naquele dia. Eles faltavam com respeito sempre, me ameaçavam, faziam terror psicológico, mas a maneira que eles estavam naquele dia não tem explicação.


Em relação ao pedido de perdão, publicado por um dos agressores, na última quinta-feira, Thiago disse que o verdadeiro perdão está na mudança, e afirmou que os alunos feriram toda uma categoria.


— Sobre o pedido de desculpas dele, eu quero deixar bem claro que a desculpa só acontece quando a pessoa muda de atitude. E eu não tenho que perdoar ninguém. Essa não é minha função, não sou um juíz, não tenho dever de condenar, de fazer nada disso. O pedido de desculpa vai ser a mudança dele. Ele não me feriu somente. Ele feriu a categoria. Ele agrediu a sociedade como um todo - desabafou — eu tenho chorado bastante, está sendo uma barra para mim e para minha família.

 

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No domingo, Thiago foi à delegacia de Rio das Ostras (128ªDP) prestar depoimento e contar às autoridades exatamente o que aconteceu. Ele cita o contexto social no qual aquele colégio está inserido e diz acreditar na juventude.


— Eu acredito que a escola está tomando providências pedagógicas, e em relação ao crime, a polícia irá tomar as providências cabíveis. Acredito na educação e na juventude. Acredito que temos uma boa juventude. Não podemos olhar apenas para o lado ruim. Temos que olhar para o lado bom das coisas. Acreditar nos jovens, pois eles podem mudar o país. Naquela turma há todo um contexto social, falta de presença dos pais, falta de apoio, as escolas não funcionam sozinhas, dependem da organização dos próprios professores. Fora que os adolescentes precisam ser amparados. Esses meninos precisam de atenção. Os pais precisam ajudar, precisam participar da educação dos seus filhos — concluiu.


Ele disse que, apesar das dificuldades, não pensa em deixar a profissão.


— De jeito algum! Penso em estudar, me qualificar mais, fazer meu mestrado. Acredito que tem que haver uma valorização do magistério, uma política educacional que funcione. Propostas para educação e investimento nestas escolas! — sugeriu, por fim.

 

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