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Internacional
20/05/2017

Após 13 anos, missão no Haiti comandada pelo Brasil se aproxima do fim

Foto: Marcello Casal / Agência Brasil

Após 13 anos, missão brasileira no Haiti está próxima do fim.

Explodia a violência em Porto Príncipe, em 2004, quando o Brasil assumiu o comando militar da missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah).

 

O país caribenho vivia em guerra civil, com gangues armadas, depois da renúncia do presidente Jean Bertrand Aristide. Passados 13 anos, a operação tem data para acabar: até 15 de outubro deste ano, todos os militares do Brasil e dos outros 15 países que compõem a missão deixarão o Haiti.

 

Em todo esse período, além da miséria extrema, a operação ganhou novos contornos e perfil principalmente depois do terremoto de 2010, que deixou 220 mil mortos.

 

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A par do desgaste de mais de uma década, militares passaram a ter papel social e humanitário, ajudando na reconstrução do país.

 

Até outubro, terão passado pela missão aproximadamente 37 mil militares dos 15 países, incluindo o último contingente de 950 profissionais. Foram 30.359 integrantes do Exército, 6.299 da Marinha e 350 da Aeronáutica.

 

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O Ministério da Defesa considera que os maiores desafios enfrentados pela tropa brasileira na Minustah foram a pacificação da comunidade de Cité Soleil, a atuação durante o terremoto em 2010 e a ação decorrente do Furacão Matthew.

 

“O comando militar da operação por parte do Brasil, por decisão da ONU [Organização das Nações Unidas], representa grande prestígio e experiência para o país, além de ser uma representação de projeção de poder muito importante”, analisa o professor de relações internacionais Antonio Jorge Ramalho, da Universidade de Brasília (UnB).

 

Para ele, após tantos anos de operação, as forças policiais no Haiti precisam ter condições de manter a segurança de forma autônoma.

 

Reconhecimento 

 

Após 13 anos, missão brasileira no Haiti está próxima do fim 

 

Pesquisador de segurança internacional, Ramalho dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros no Haiti entre 2006 e 2008. “Depois do período mais crítico, nos primeiros anos de operação, os haitianos passaram a observar militares de capacetes azuis em ações também de reconstrução em nível de excelência.

 

Foi a primeira vez na história que os haitianos viram militares construindo algo”, afirma.

 

Obras de engenharia tocadas por militares passaram a fazer parte da rotina em um espaço que antes era ocupado pela violência.

 

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Defesa afirmou que a participação dos militares brasileiros passou a ser reconhecida pelo povo haitiano e por autoridades internacionais pela “desenvoltura com que combinam funções militares, como o patrulhamento, com atividades sociais e de cunho humanitário”.

 

No ano passado, após a passagem do furacão Matthew, que causou cerca de 900 mortes, as tropas brasileiras também tiveram funções de reconstrução de estradas e pontes para a chegada de ajuda humanitária.

 

Para Ramalho, a participação dos brasileiros na operação colaborou para aperfeiçoar os sistemas de comando e controle, bem como para acionar recursos junto aos poderes Executivo e Legislativo. “Incluindo recursos materiais e humanos.

 

Na formação de militares para operações reais, por exemplo, foi necessário cuidar de forma especial das regras de participação e engajamento”, afirma Ramalho. Ele testemunhou que os brasileiros passaram a ser vistos como "parceiros" e admirados.

 

Custos

 

 

Ao mesmo tempo, a operação, ao longo de 13 anos, também sofreu resistências de comunidades em um Haiti que passou a enxergar a Minustah como uma tropa de ocupação.

 

“Em tanto tempo, sempre há desgastes naturais”, diz o professor.

 

No Brasil, a participação na missão também foi questionada, em função dos gastos.

 

De 2004 até o final do ano passado, os investimentos do Brasil com a Minustah chegaram a cerca de R$ 2,5 bilhões, segundo dados disponíveis no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI).

 

O Ministério da Defesa reconhece um aumento “significativo” dos gastos após o terremoto de 2010. Foram reembolsados pela ONU, até agora, cerca de R$ 431,3 milhões. Há aproximadamente mais R$ 500 milhões pendentes. Os valores devolvidos cobrem os gastos com o emprego da tropa na missão de paz.

 

Futuro

 

(Fotos: Marcello Casal / Agência Brasil)

 

O fim das operações está programado para acontecer até 1º de setembro e 90% do efetivo deve deixar o Haiti até o dia 15 do mesmo mês. Depois, por um mês, os 10% do efetivo restantes cuidarão do envio dos materiais e sairão do país.

 

O Ministério da Defesa aguarda um convite para integrar outra missão de paz, caso o Congresso Nacional autorize.

 

O Brasil já participou de mais de 33 missões das Nações Unidas e enviou mais de 50 mil militares no exterior.

 

“Atualmente, além do Haiti,o Brasil também possui integrantes nas missões de paz no Líbano, Chipre, Costa do Marfim, Libéria, República Centro-Africana, Saara Ocidental, Sudão e Sudão do Sul.

 

Os militares atuam principalmente como integrantes em Estado Maior e como observadores em áreas pacificadas", informa o Ministério da Defesa.

 

 

Agência Brasil 

 

 

 

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