06 de Maio de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
Política
21/03/2018

Bretas vai reiniciar processos de Cadeia Velha e Ponto Final 2

Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

Juiz se antecipa a possíveis recursos de empresários dos transportes

Após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que todas as audiências da Operação Ponto Final sejam refeitas, o juiz da 7ª Vara Federal do Rio, Marcelo Bretas, decidiu reiniciar também os processos relativos às operações Cadeia Velha e Ponto Final 2.

 

Uma pessoa com acesso aos processos disse ontem ao Globo, sob condição de anonimato, que o magistrado está se antecipando a um provável movimento das defesas dos acusados nesses outros processos. Com isso, Bretas previne possíveis medidas protelatórias dos advogados nessas ações no futuro.

 

Veja também 

Prévias do PSDB começam hoje sob troca de acusações

 

O juiz, porém, alfinetou a decisão de Gilmar, no Twitter. Ontem, ele compartilhou uma frase de autoria do historiador brasileiro Jaime Pinsky: “Em uma sociedade democrática o juiz não deve privilegiar amigos, parentes ou pessoas pelas quais sente afinidade”.

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook e no Twitter.

 

A menção de Bretas pode ser entendida como referência ao pedido de suspeição de Gilmar, encaminhado pelo Ministério Público Federal à Procuradoria-Geral da República, em julho do ano passado, argumentando que o ministro foi padrinho de casamento da filha do empresário do setor de transportes Jacob Barata Filho, preso nas operações Ponto Final e Cadeia Velha.

 

Ao decidir sobre o cancelamento das audiências já realizadas por Bretas, Gilmar considerou que os advogados dos acusados não tiveram tempo de analisar o depoimento de delatores e testemunhas de acusação e, portanto, o direito à ampla defesa estaria prejudicado. Pelo menos cinco audiências do processo da Operação Ponto Final terão que ser refeitas.

 

Decisões em série

 

Questionada sobre quantas audiências teriam que ser refeitas e quanto tempo isso poderia atrasar o processo que foi alvo da liminar de Gilmar, a 7ª Vara não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição. No caso do processo da Cadeia Velha, há a possibilidade de que a defesa peça a libertação de Felipe Picciani, filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) Jorge Picciani.

 

A decisão do ministro do Supremo é mais uma em favor dos empresários de ônibus do Rio. Na semana passada, ele tinha determinado que a defesa de Barata Filho tivesse acesso aos depoimentos de delatores da Operação Lava-Jato. No ano passado, Gilmar já havia revogado a prisão de Barata Filho por três vezes. Ele também libertou o ex-presidente da Fetranspor Lélis Teixeira. Ambos são investigados nos processos de Cadeia Velha e Ponto Final.

 

A primeira vez que Gilmar libertou Barata Filho foi em agosto do ano passado, revogando decisão de Bretas, no âmbito da Operação Ponto Final. O juiz da 7ª Vara Federal, porém, determinou nova prisão preventiva, revogada mais uma vez por Gilmar. Em dezembro, o ministro reverteu decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), com sede no Rio, que também tinha mandado Barata Filho para a cadeia como parte da Operação Cadeia Velha.

 

As duas primeiras decisões já haviam sido confirmadas pela Segunda Turma. Ontem, por maioria, o colegiado confirmou o terceiro habeas corpus.

 

— De um lado é o caso já clássico de o juiz decretar nova prisão, descumprindo portanto a decisão do Supremo Tribunal Federal. A outra hipótese é de buscar-se, de uma maneira vamos dizer assim mais elaborada, no segundo grau. Nem por isso deixa de ser também eventual descumprimento da decisão. São os mesmo fatos — disse Gilmar em seu voto, que foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. O único a discordar foi o ministro Edson Fachin.

 

— São fatos diversos, no meu modo de ver, daqueles da Operação Ponto Final. A Operação Cadeia Velha apura pagamentos a deputados estaduais em exercício para favorecer o paciente (Barata) e outros empresários no setor de transporte coletivo de passageiros. Os fatos aparentemente são semelhantes, mas na essência entendo que são diversos — disse Fachin, acrescentando: — A Operação Cadeia Velha apura pagamentos que teriam ocorrido até maio de 2017, diferente da Operação Ponto Final, que teria ocorrido até 2016.

 

Segundo Gilmar, as provas da investigação mais recente, a Cadeia Velha, são anteriores à primeira prisão. Isso derrubaria o argumento do TRF-2 de que seria preciso manter os investigados presos porque as provas são de delitos recentes.

 

 

Entre os membros da Força-Tarefa e na 7ª Vara Federal, o clima é de resignação com as decisões de Gilmar em favor dos empresários. Tanto Bretas como os procuradores acreditam que enquanto o STF não julgar a ação do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro que pede a suspeição de Gilmar para julgar casos relacionados à Barata, o ministro continuará com essa postura sobre os processos que incluem esses investigados. Procurada pela reportagem, a Força-Tarefa da Lava-Jato não quis comentar a decisão do ministro.

 

Suspeição está com Cármen

 

O então procurador-geral da República Rodrigo Janot encaminhou o pedido de suspeição de Gilmar à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, e alegou também que Guiomar Mendes, esposa do ministro, é tia de Francisco Feitosa Filho, que se casou com Beatriz. À época, o ministro disse não ver motivos para se declarar impedido pelo fato de ter sido padrinho no casamento.

 

O Globo

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.