Campeão e 'rebaixado' ao mesmo tempo? Barezão tem essas e outras bizarrices

A última rodada da fase classificatória do segundo turno do Campeonato Amazonense começa nesta quarta-feira e com ela uma polêmica por conta do confuso regulamento da competição. É que graças ao planejamento ruim da disputa, o torneio chegou ao último capítulo de sua fase classificatória totalmente aberto.

O fato poderia ser bom, caso estivéssemos falando de equilíbrio nas campanhas, mas não é bem assim. Entre bizarrices proporcionadas pela fórmula de disputa está a possibilidade de o lanterna da classificação geral ser o campeão, entre outras.

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Campeão e "rebaixado" ao mesmo tempo

O regulamento atual do Barezão dividiu as oito equipes em dois grupos de quatro. No primeiro turno, cada time enfrentava apenas adversários do outro grupo na fase classificatória.

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No segundo turno, as equipes jogam apenas contra adversários de seus próprios grupos. Os pontos somados nessas duas fases classificatórias compõem a classificação geral, que definirá o time que pegará a vaga restante para a Copa Verde e os dois rebaixados.

O CDC Manicoré, mesmo na lanterna da classificação

geral, ainda tem chances de título (Foto: Mozart Carlos / CDC Manicoré) 

O problema é que ao fim de cada fase classificatória há um mata-mata, com quartas, semis e final, elegendo assim os campeões do primeiro e segundo turno.

Esses times, que já tem vaga garantida na decisão geral, ganham imunidade ao rebaixamento, justamente porque mesmo ganhando um turno do campeonato, eles não estão livres da possibilidade que ficar entre os dois últimos da classificação geral, uma vez que só os pontos da fase classificatória contam para esse ranking. Na prática, neste momento, é totalmente possível que o campeão amazonense de 2018 esteja ao mesmo tempo na zona de rebaixamento da classificação geral. Confuso, né?

Vice-lanterna com mais chance de título que vice-líder

Outro ponto interessante no momento atual do Campeonato Amazonense é que o vice-lanterna da competição, que é o São Raimundo, e está ameaçadíssimo de rebaixamento, tem mais chance de título que o Penarol, vice-campeão do primeiro turno e atual vice-líder na classificação geral, e que não corre mais risco de disputar a segunda divisão em 2019.

O Penarol tem quase 63% de aproveitamento no campeonato, mas neste

momento, tem menos chances de título que o São Raimundo, que tem 33% (Foto: Emanuel Mendes Siqueira)

É que com quatro pontos, o São Raimundo já está classificado ao menos para as quartas do segundo turno, no Grupo B, enquanto o Penarol, do Grupo A, ainda jogará pela classificação, precisando vencer para conseguir a vaga.

Na prática, mesmo tendo apenas 33% de aproveitamento até o momento, o Tufão tem mais chance de título que o Penarol, que tem quase 63%.

Briga contra o rebaixamento pode ser no sofá, para alguns

Não menos importante que a disputa pelo título, a luta contra o rebaixamento também tem suas confusões. Existe a possiblidade por exemplo, de uma equipe precisar torcer contra outra para não cair.

Até aqui nenhuma novidade. O curioso é que neste regulamento, os "secadores" podem nem ter a chance de fazer a própria parte para evitar o rebaixamento, tendo como único recurso o controle remoto e a esperança numa intervenção divina.

Dependendo dos resultados da última rodada, times terão que por o joelho no

milho e rezar pelo insucesso do rival para não cair (Foto: Lucas Rafael / São Raimundo)

É o caso de São Raimundo e Rio Negro, que jogam neste sábado, na Colina. Se o Tufão não vencer, por exemplo, ele continuará na zona de rebaixamento da classificação geral, mas ainda terá a chance de se salvar do rebaixamento que se vencer o segundo turno e ganhar a famigerada imunidade do campeão.

Caso isso aconteça, o rebaixado é o time que estiver logo acima na classificação geral. Neste exemplo hipotético, seria o Rio Negro.

FAF se isenta

O diretor de competições da Federação Amazonense de Futebol (FAF), Ivan Guimarães, quer passar bem longe da polêmica. Em entrevista ao programa CBN Amazônia Esportes, nesta terça-feira, ele lembrou que o regulamento foi elaborado e aprovado pelos próprios clubes, com apenas uma abstenção.

Ivan Guimarães, diretor de competições da FAF (Foto: Isabella Pina) 

- Não é que a Federação queira dar uma de Pilatos e lavar as mãos, mas foram os clubes que bolaram esse regulamento, com essa fórmula de disputa. A proposta da FAF não era essa, e sim continuar com a fórmula do ano passado, com cada equipe jogando, no mínimo, 14 vezes, mas o clubes rejeitaram dizendo que o campeonato ficaria muito longo e a despesa muito alta.

O presidente Dissica é muito democrático e abriu a questão para votação, com a maioria decidindo pela adoção desse regulamento, salvo o presidente do Rio Negro, que resolveu se abster - disse.

Para Ivan, que classifica o regulamento como "meio confuso", está muito claro que o campeonato deve acabar no "tapetão", apesar de nenhum clube ter se manifestado sobre isso oficialmente.

- Oficialmente ainda não vi ninguém falar em tapetão, mas já ouvi muitos comentários sobre essa possibilidade. Eu acho que fatalmente vai acontecer. O regulamento é meio confuso e na hora de acertar o regulamento, todo mundo concorda, mas na hora que o meu time é rebaixado e eu me sinto prejudicado, aí eu vou buscar direitos - concluiu.

Globo Esporte