29 de Abril de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
20/07/2015

Com dois assassinatos por hora, Manaus viveu fim de semana de cidade mais violenta do mundo com 34 mortes. Ninguém preso

Foto: Divulgação

Profissionais do IML e dos pronto-socorros tiveram um final de semana de muito trabalho com assassinatos

O clima de terror, medo e violência extrema que se instalou em Manaus no final de semana superou até mesmo os sangrentos ataques terroristas pelo mundo. Os 34 assassinatos em apenas 60 horas, das 18h de sexta-feira até às 6h desta segunda-feira (20), colocaram a capital do Amazonas na triste posição de a cidade mais violenta do mundo nesse final de semana.


O governador do Estado, José Melo, acordou hoje_ se é que conseguiu dormir com o barulho dos tiros e dos gritos de pavor das vítimas na noite_ preocupado e decepcionado com a incômoda situação. Pressionado pela opinião pública, tratou logo cedo de chamar o secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes, e os dirigentes das polícias Militar e Civil para cobrar explicações para o estado de insegurança que impera na capital neste momento.


Fontes da sede do Governo do Estado informam que as mudanças que o governador já teria anunciado que faria na Segurança Pública podem ser anunciadas ainda hoje. Segundo dizem, Melo está extremamente irritado com o comando da Polícia Militar, principalmente, porque deu todas as condições em frota de viaturas, mas a população continua desassistida no policiamento das ruas.

 

 

Policiais divulgaram fotos de suposto envolvido no latrocínio de sargento PM para dizer que ele

está entre os 34 assassinados no fim de semana. A mulher dele está sendo procurada

(Fotos: Divulgação)

 


Troca na cúpula por perda de comando


Oficiais da Polícia Militar e fontes da própria Secretaria de Segurança Pública afirmam que o que está existindo na verdade é a perda de comando sobre a tropa por parte da cúpula da instituição. Como retaliação ao comandante e ao governador por não ter feito promoções e nem concedido o reajuste salarial na data-base de abril, os policiais não estariam fazendo grande esforço para garantir a segurança da população.


A gota d’água para o governador teria sido essas noites sangrentas do final de semana. Afinal, desses 34 homicídios e pelo menos umas duas dezenas de tentativas de assassinato, que deixaram muitas das vítimas entre a vida e a morte nos hospitais de Manaus, ninguém, absolutamente ninguém, foi preso. Nem como suspeito. Nem mesmo no caso do latrocínio do sargento Camacho, em que os autores são vistos em imagem de vídeo.


Tampouco há confirmação que dentre os mortos nesse funesto recorde esteja algum criminoso mais conhecido. São todos praticamente desconhecidos, e nem dez tinham qualquer passagem pela polícia.
Como disse o secretário de Segurança Pública, ainda que alguma dessas vítimas tivesse qualquer registro na polícia por cometimento de algum crime, não justificaria ser assassinada.

 

 

Fotos feita por moradores da Zona Leste denunciam que viaturas estavam paradas nas ruas

enquanto profissionais do IML e dos pronto-socorros se esforçavam para cuidar de corpos

 


Cidade sem policiamento, cidadão não sai de casa


O Portal do Zacarias percorreu as ruas da cidade na noite-madrugada de domingo para esta segunda-feira para sentir o ambiente de segurança e o que se viu foram ruas vazias, desertas. Poucas viaturas circulavam. Em um dos trechos percorridos, do bairro Lírio do Vale, na Zona Oeste, à Cachoeirinha, na Sul, apenas uma viatura foi avistada, por volta de 1h30, passando pela avenida Mário Ypiranga Monteiro, em frente à Assembleia Legislativa do Estado, na Zona Centro-Sul.


Taxistas revelaram que havia uma sensação ruim de insegurança, fazendo com que os pontos das radiotáxis ficassem lotados. “As chamadas caíram bastante no sábado e domingo. Parece que a população está com medo de sair às ruas. Também, não é pra menos. Temos acompanhado na rede-rádio a informação de vários crimes. Tá difícil”, disse um deles, que preferiu não revelar sua identidade.

 

Vigilante do Inpa foi uma das vítimas da noite sangrenta em Manaus

 

 

Sangue das vítimas mancharam as ruas de Manaus em recorde histórico de mortes

 


Assassinatos em série em toda a cidade


Em um das mais de três dezenas de mortes confirmadas pelo Instituto Médico-Legal (IML) no fim de semana, há o homicídio de um vigilante do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), no Aleixo, Zona Centro-Sul, quando elementos invadiram o prédio, roubaram a arma do segurança e trocaram tiros com os demais vigilantes.


Os assassinatos aconteceram por toda a cidade. A Secretaria de Segurança Pública ficou de divulgar nesta manhã o mapa da criminalidade, com estatísticas de homicídios nos últimos dias.


A ocorrência de um duplo homicídio já neste meio da manhã na avenida Itaúba, no loteamento João Paulo II, dentro do bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste, só aumentam a conta de uma situação que aparentemente está fora do controle do sistema de segurança.


Secretário de Segurança mostra disposição, mas também decepção


O secretário de Segurança Pública, Sérgio Fontes, apresentava um semblante que misturava irritação, cansaço e decepção com a atuação do sistema nesse episódio. Perguntado por uma rádio local que informações já teria sobre as mortes, o delegado da Polícia Federal disse que de “concreto mesmo só esse número absurdo de mortes”.


Fontes afirmou que há fortes indícios de que o assassinato em série tenha sido orquestrado, parte por policiais em vingança pela morte do sargento Camacho, parte por disputas entre facções criminosas que controlam a administração dos presídios do Estado.


“Vamos trabalhar para retomar o controle e identificar, localizar e prender os suspeitos, sejam eles quem for”, disse o secretário. Segundo ele, há indícios que ajudaram nas investigações, como as cápsulas de pistola PT.40 que foram encontradas em vários locais de crimes. Esse tipo de arma é de uso restrito das forças policiais, ou pelo deveria ser.


Perguntado se os crimes seria uma forma de retaliação contra a Secretaria de Segurança Pública, que apreendeu quantidade recorde de drogas no semestre, Fontes disse que nenhuma hipótese está sendo descartada nas investigações. “Qualquer possibilidade é possível, mas não podemos é ter medo. Isso não vai acontecer enquanto eu estiver na cadeira de secretário”, afirmou.
 

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