05 de Maio de 2024 - Ano 10
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Manaus
20/09/2017

Exposição ‘Movimento Sem Terra’ reúne fotos de Sebastião Salgado em um shopping de Manaus. Confira!

Foto: Reprodução

Reconhecido mundialmente pelo estilo único de retratar a condição humana em diferentes partes do planeta, fotógrafo tem registros reunidos em mostra a ser aberta nesta terça (26)

Conhecido pelos impressionantes registros em diferentes cenários e momentos históricos pelo mundo, da febre do garimpo em Serra Pelada (PA), nos anos 1980, até as paisagens congeladas da Antártica, Sebastião Salgado é tema da nova exposição da Sala Coletiva das Artes, no Sumaúma Park Shopping, localizado avenida Noel Nutels, 1762, bairro da Cidade Nova, Zona Norte.

 

“Movimento Sem Terra” reúne imagens do fotógrafo mineiro registrando 15 anos da história do movimento de luta pela reforma agrária no Brasil.


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“Movimento Sem Terra” é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, com apoio do centro de compras da Zona Norte. A mostra é aberta ao público em geral e fica em cartaz até 26 de novembro de 2017, com visitação gratuita de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos e feriados, das 14h às 20h, segundo os horários das lojas do Sumaúma Park.

 

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Ao todo, a exposição na Coletiva das Artes vai reunir 15 fotografias de Sebastião Salgado, pertencentes ao acervo da Pinacoteca do Estado. A seleção reúne parte do acervo produzido pelo fotógrafo mineiro principalmente entre os anos 1980 e 1990, quando Salgado acompanhou a luta dos trabalhadores rurais pelo acesso à terras para produção agrária.

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), criado em 1984, reuniu 4,8 milhões de famílias em torno da redistribuição de terra no Brasil.

 


O olhar único de Sebastião Salgado sobre a figura humana e sua condição é o que se destaca nas obras reunidas na mostra, como aponta o secretário estadual de Cultura, Robério Braga. “As fotos de Sebastião Salgado elevam o registro documental a outro patamar, acrescendo às cenas retratadas uma perspectiva estética que lhe deu reconhecimento mundial e ajudou a projetar seu trabalho em nível internacional”, diz.


Curador da mostra, o fotógrafo búlgaro Roumen Koynov lembra que a obra de Salgado já foi criticada justamente pelo seu caráter esteta.

 

Fotos: Reprodução

 

“Exatamente essa sua visão sobre o jeito de transmitir para o público as suas ideias faz dele um fotógrafo único, combinando o poder das imagens em preto e branco com composições impecáveis, texturas rústicas e conteúdo extremamente chamativo”, escreve ele, radicado em Manaus há quase 20 anos.


Registro de uma luta

 

As imagens reunidas em “Movimento Sem Terra”, segundo Roumen Koynov, são exemplo do talento de Sebastião Salgado em captar texturas, composições e conteúdos singulares em fotos em P&B.

 

As obras registram o cotidiano de famílias de trabalhadores rurais, dentre crianças, adultos e idosos. O trabalho, que Salgado iniciou em seu retorno ao Brasil após o exílio nos anos da regime militar, revela “o talento inquestionável de um dos maiores fotógrafos da atualidade”, diz o curador.


O interesse de Salgado pela situação dos trabalhadores rurais vem de antes de deixar o Brasil. “Quando eu era jovem, o Brasil era um país subdesenvolvido e, antes de ir embora, vi a pobreza crescer”, escreveu o fotógrafo no livro “Da minha terra à Terra” (2013). De volta ao país em 1979, ele conta que a pobreza lhe saltou aos olhos.


“Durante a ditadura (...) grande parte dos pequenos proprietários rurais vendeu sua terra a ‘preços sedutores’ (...) a grandes empresas agrícolas. Era como se tivessem sido expropriados, pois passaram a viver na precariedade.

 

As primeiras fotos que tirei, ao voltar, mostram a situação desses camponeses, os boias-frias, que viviam à margem das imensas propriedades agrícolas criadas pela reunião de suas antigas terras”.


Em protesto contra a injustiça, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra foi criado em 1984. Salgado acompanhou a luta dos camponeses por quase 15 anos. “O MST agia legalmente e não lesava ninguém, ocupava apenas terras não cultivadas”, avalia o fotógrafo.

 

“A Constituição brasileira estipula a proibição da posse de terras improdutivas. O que não impediu os grandes proprietários de infringirem a lei (...) Mesmo assim, graças ao MST, muitas dessas terras foram finalmente redistribuídas, na época, a cerca de 200 mil famílias”.


Trajetória

 

Nascido em 1944, em Aimorés (MG), Sebastião Ribeiro Salgado é premiado e reconhecido mundialmente por seu estilo único em retratar, em especial, a condição humana em diferentes partes do planeta. Vive em Paris desde o final da década de 1960.

 

Formado em Economia pela Universidade de São Paulo (1968), e Doutor pela Université de Paris (1971), descobriu sua paixão pela fotografia no início dos anos 1970, durante uma viagem de trabalho à África.


Em 1979, entrou para a Magnum – agência de fotografia criada por Robert Capa e Henri Cartier-Bresson. No dia 30 de março de 1981, Salgado estava fotografando uma série sobre os primeiros dias de Ronald Reagan e documentou o atentado a tiros contra o então presidente.

 

Com total exclusividade, a venda das fotos para diversos jornais foi o que financiou seu primeiro projeto de fotografia autoral e documental, uma viagem à África.


Entre os prêmios que Salgado já recebeu estão o World Press (Holanda, 1985), Oscar Barnack (Alemanha, 1985 e 1992), Erna e Victor Hasselblad (Suécia, 1989) e Fotojornalismo do International Center of Photography (EUA, 1990). Recebeu ainda diversas outras honrarias, sendo representante especial da Unicef e membro honorário da Academia das Artes e Ciências dos Estados Unidos.


Salgado já viajou por mais de cem países para projetos fotográficos que, além de inúmeras publicações na imprensa, foram apresentados em forma de livros.

 

Pode-se citar “Trabalhadores” (1996), “Terra” (1997), “Serra Pelada” (1999), “Outras Américas” (1999), “Retratos de crianças do Êxodo” (2000), “Êxodos” (2000), “O fim do pólio” (2003), “Um incerto estado de graça” (2004), “O berço da desigualdade” (2005), “África” (2007) e “Gênesis” (2013).


Programação

 

Inaugurada no último dia 21 de março, com a exposição “Imaginário Amazônico”, reunindo obras do amazonense Da Silva Da Selva, a sala Coletiva das Artes já abrigou outras duas mostras ao longo deste ano: “As Amazonas de Zuazo”, com obras da artista amazonense Auxiliadora Zuazo, e “Panorama da Arte de Moacir Andrade”, com obras do saudoso artista plástico, falecido em 2016.


Após “Movimento Sem Terra”, a agenda de exposições na Sala Coletiva das Artes em 2017 deverá se encerrar com “Uma época da Manaus Antiga”, reunindo trabalhos do fotógrafo George Huebner (1910-1996), ficando em cartaz de 28 de novembro a 30 de dezembro.


Sobre a Pinacoteca do Amazonas

 

Possui um acervo composto por mais de mil peças de técnicas variadas, abrangendo a produção artística brasileira entre os séculos XIX e XX, com ênfase especial nos artistas amazonenses. Promove exposições permanentes e temporárias e organiza eventos culturais diversos.


Instituída oficialmente em 1965, pelo governador Arthur Cézar Ferreira Reis, a partir de proposta do artista plástico Moacir Andrade, a Pinacoteca passou por diversos espaços, como a Biblioteca Pública, a Usina Chaminé e o Centro Cultural Palácio Rio Negro.

 

Em 2009, passou a funcionar no Palacete Provincial do Amazonas, mantido pela Secretaria de Cultura, na Praça Heliodoro Balbi, S/Nº, Centro.

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