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23/07/2017

Giullia Buscacio se destaca como índia feminista em ‘Novo mundo’: ‘Ela me fortaleceu. Faço o que eu quero’

Foto: Sergio Baia

"Quando eu acho que devo, tomo a iniciativa"

Dois séculos separam a índia Jacira de “Novo mundo” da atriz Giullia Buscacio, mas seus valores seguem incontestáveis. Ambas lutam pela igualdade de direitos. Por isso, intérprete e personagem vêm se destacando a cada quebra de tabus em cena. Na trama, partiu da moça a iniciativa de pedir a mão de Piatã (Rodrigo Simas) em casamento.

 

Se hoje a função ainda é considerada pelos tradicionalistas como sendo do homem, naquela época (século 19), era blasfêmia. A insatisfação da tribo com sua postura transgressora não a impede de ir à luta. O que Jacira quer, Jacira faz. Com Giullia, não é diferente. Aos 20 anos, é ela quem dita as regras da própria vida.

 

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— Eu também teria coragem de pedir alguém em casamento, apesar de não ser um sonho (se casar). Nós, mulheres, já nascemos com esse empoderamento. Cada uma tem a sua força. Jacira é atemporal. Ela nem se dá conta de que está sendo revolucionária, é puro instinto. Estou muito feliz de fazer uma personagem tão forte. Se eu quero e se eu posso, por que não? Por que só o homem pode exercer determinado papel se eu também sou capaz? Concordo com as ideias dela — reforça Giullia.

 

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"Ninguém vai dizer o que sou capaz de  fazer", diz a atriz


Para este ensaio de capa, a atriz usou acessórios produzidos pelos índios da tribo Fulni-ô, de Pernambuco, que, além das peças, promovem uma imersão na cultura deles com rituais, cânticos e danças, no Rio. Mergulhada nesse universo indígena dentro e fora dos Estúdios Globo, Giullia já participou de vários desses encontros. A pintura nos braços da atriz (veja na foto à esquerda) representa a águia, símbolo da visão, e foi feita especialmente para esta entrevista pelo índio Yaimin Araújo.

 

— Tenho buscado aprender cada vez mais, porque a gente não sabe nada, e o pouco que sabe é superficial. Minha percepção mudou muito em relação a eles. Queria fazer algo de verdade, fugir do caricato. Recebo mensagens de meninas de diferentes aldeias falando que estão sendo bem representadas, de forma respeitosa. Isso, pra mim, é o melhor — festeja.

 

Giullia vem “bebendo dessa fonte” antes mesmo de começar a gravar. Durante um workshop na aldeia dos Parkatêjê, no Pará, ela não só vivenciou os costumes locais, como foi batizada de Braço Forte.

 

"Posso ser dona de casa ou chefe de uma empresa. Eu decido" 


A bravura da personagem faz dela um símbolo do feminismo. Vítima de machismo, a índia sofrerá ainda mais repressão e discriminação dentro da aldeia. Sua conduta libertária será encarada como maldição. Nos próximos capítulos da novela, Jacira ficará entre a vida e a morte após sofrer uma queda na floresta durante uma tempestade. Ela ouvirá do cacique Ubirajara (Allan Souza Lima) que é castigo por querer desempenhar o papel do homem na tribo. Em sua militância, a atriz busca o direito de escolha:

 

— Quando tiram isso da gente é que é errado. Ninguém vai dizer o que eu sou capaz de fazer. Posso ser dona de casa ou chefe de uma empresa. Eu decido. Também posso ser frágil e guerreira ao mesmo tempo. Uma coisa não anula a outra.

 

Assim como a personagem que pediu Piatã em namoro e decidiu se entregar a ele antes do casamento, Giullia não espera acontecer. Tem atitude.

 

— Quando eu acho que devo, tomo a iniciativa. As mulheres, às vezes, acabam tendo um pensamento machista porque foram educadas assim. Eu mesmo me policio o tempo inteiro. Tem gente que não acha bacana a garota dizer que quer primeiro. Mas por que não? Assim como o cara pode escolher a hora de demonstrar interesse, eu também posso — frisa ela, que arrisca mesmo com a possibilidade de uma negativa: — O “não” a gente recebe da vida o tempo todo (risos).

 

Giullia tem 20 anos Giullia tem 20 anos 


No início da trama, Jacira viveu uma paixão não correspondida por Joaquim, papel desempenhado por Chay Suede. Fora da ficção, Giullia diz que também já amou sem ser amada:

 

— Já passei por isso, e procuro viver o momento. Se estou triste, estou triste e pronto. Uma hora passa e bola pra frente. Eu sou livre. Para estar com alguém, tem que ser uma coisa bem especial. Não vou em busca disso, acontece.

 

E aconteceu. Apesar de querer manter sua vida particular longe dos holofotes, ela não nega que está vivendo uma relação, correspondida, com o editor de vídeo do SporTV Pedro Cantelmo. Foi ele que tatuou a palavra “sertão” na sola do pé da atriz.

 

Trilhando um caminho bem-sucedido na profissão, a artista concorda que mulheres fortes e engajadas costumam intimidar o sexo oposto. Se a cantada vier e for chula, a resposta é imediata:

 

— Eu reajo. Dependendo de como for, respondo da maneira que eu achar que devo. Não fico calada.

 

Encarnar uma guerreira destemida na TV é algo transformador para ela:

 

— A personagem me fortaleceu como mulher. Eu faço o que quero. Admiro a fibra dela. Esse papel tem sido importante para a minha vida.

 

A índia está fazendo muito sucesso na novela 


No ar, Giullia aparece só de tanga. O cabelão esconde os seios. Nada que a deixe constrangida ou cheia de pudores. Nudez não é uma questão.

 

— Nunca tive problema com isso porque me aceito do jeito que sou. Padrão de beleza sempre muda, né? Em um determinado momento, é legal ter mais peito, em outro menos, mais bunda, depois menos... Eu sempre tive esse corpo e sou feliz com ele. Não é perfeito, mas é meu e estou emprestando para um trabalho. Não penso: “Ah, vou ficar nua”. Estou ali exposta e não posso agradar a todos. Quando acaba a cena, eu me cubro e pronto.

 

Nem a gravação numa praia de nudismo envergonhou a atriz:

 

— A gente entra tanto no universo da personagem que na hora do “ação” tudo desaparece. Eu abstraí. Não posso dizer que nunca vou (frequentar uma praia de nudismo), mas no momento não tenho essa curiosidade.

 

Sem jeito mesmo ela ficou perto do pai, o ex-jogador Julinho, em sua primeira cena de beijo.

 

— Morri de vergonha. Ele assistiu, eu não. Meu pai é tão tranquilo com isso! Ele fica mais orgulhoso do que com ciúme. Entende a profissão, acha o máximo, quer saber tudo — conta.

 

Ela está namorando editor de vídeo da

SporTV (Fotos: Sergio Baia)


Naturalmente sedutora, a índia de “Novo mundo” despertou uma segurança a mais em sua intérprete:

 

— Na pele de Jacira, eu me sinto sensual. Acho a liberdade encantadora.

 

Para dar veracidade à personagem, a artista chega uma hora e meia antes da gravação para se maquiar e fazer as pinturas. Não faz unhas nem sobrancelhas e depila quase o corpo todo. Ela diz que demorou para se adaptar ao aplique, mas já curte os longos fios:

 

— Meu trabalho vem antes da minha vaidade. Deixar de fazer unha, é muito pouco. Não encano. Cuidar da beleza é importante e eu não estou anulando isso, mas atuar é a minha prioridade. E me desprendi do lib (adesivo para os seios). Se aparece, nem penso nisso. Prefiro que seja assim do que inventar algo para me esconder. Estou ali para contar uma história. Se a gente começa a colocar várias questões na frente da personagem, ela vai ficando para trás, e não é isso o que eu quero — explica.

 

Nascida em Portugal, Giullia morou um tempo na Coreia do Sul. Lá, quando criança, decidiu que seria atriz por influência das novelas coreanas:

 

— Ninguém da minha família tem nada a ver com isso. Em casa, eu já brincava de teatro, adorava uma novela. Nunca me vi fazendo outra coisa. Meus pais nunca me podaram. Eu fui sendo guiada pelas minhas próprias vontades.

 

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