19 de Maio de 2024 - Ano 10
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08/09/2018

Guerra comercial é ameaça ao crescimento global no curto prazo, diz FMI

Foto: EFE / Michael Reynolds

Economista chefe do FMI afirma que a maior ameaça ao crescimento mundial no curto prazo é a intensificação das tensões comerciais

Em 2008, o sistema financeiro entrou em crise por causa de investimentos com siglas misteriosas e de composição tóxica.

 

Hoje os riscos que pairam sobre a prosperidade mundial têm nomes conhecidos como China, países emergentes, Brexit e Donald Trump. Desde a crise de 2008, que deixou na rua dezenas de milhares de pessoas e fez centenas de milhões de desempregados, queimando bilhões de dólares de riqueza, a economia se recuperou e se consolidou. O Fundo Monetário Internacional (FMI) mantém em 3,9% sua previsão de crescimento mundial este ano e no próximo.


Entretanto, “o risco de que as tensões comerciais se intensifiquem (...) é, a curto prazo, a maior ameaça ao crescimento mundial”, afirmou Maurice Obstfeld, economista chefe do FMI. Essa preocupação é compartilhada pelo Federal Reserve dos Estados Unidos, o banco central da maior economia do planeta. “Se um conflito comercial de grande envergadura se prolongar, isso provocará efeitos adversos na confiança das empresas, nos investimentos e no emprego”, advertiu o Fed.

 

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Isso é verdade tanto para os Estados Unidos como para o mundo. Desde que assumiu a Casa Branca, em janeiro de 2017, o presidente Donald Trump colocou-se em pé de guerra contra os parceiros comerciais dos Estados Unidos, sem fazer distinção entre aliados ou rivais. Um exemplo é a negociação comercial com o Canadá. Trump considerou o tratado de livre comércio da América do Norte nefasto e forçou uma renegociação desse acordo que liga seu país desde 1994 com México e Canadá. Quando há duas semanas Washington e Ottawa pareciam a um passo do acordo, comentários feitos por ele que desagradaram ao Canadá impediram que esse acordo fosse alcançado.


Trump também afirmou que a União Europeia é um inimigo comercial quando Bruxelas enfrenta problemas relacionados ao Brexit. Além disso, o presidente pretende aplicar tarifas a mais produtos chineses o que, por sua vez, levará a uma retaliação por parte da China. Um coro de organismos internacionais, economistas, empresários e governos, advertiu que uma guerra comercial acabará prejudicando a produção, os consumidores e toda a economia global.

 

Quando o banco americano Lehman Brothers foi à falência, em 15 de setembro de 2008, a amplitude do desastre ficou visível. Somas gigantescas de dinheiro foram investidas em produtos financeiros respaldados por hipotecas conhecidas como “subprime”, concedidas a americanos que compraram sua casa com pouca ou nenhuma solvência para pagá-la. Quando o Fed aumentou o custo dos créditos, o castelo de cartas desabou. Os que viveram a Grande Depressão não têm certeza sobre o que pode provocar novamente um desastre tão grande.


Regulamentação. "Parafraseando Tolstoi, todos os mercados prósperos são idênticos, mas cada mercado em crise é diferente”, afirmou Nicolas Colas da DataTrek Research. A economia americana registra uma taxa de desemprego de 4% e as ações não param de quebrar recordes em Wall Street. O sistema bancário foi saneado e é o setor “mais regulamentado depois do elétrico”, segundo Steve Eisman, financista que enriqueceu com a crise de 1008. Com a lei Dodd-Frank de 2010 os bancos não assumem mais tantos riscos e são obrigados a contar com mecanismos de segurança. E foi criada também uma agência de proteção dos consumidores cujos poderes Trump deseja cortar, como já fez em vários setores.


Aaron Klein, do centro de estudos Brookings se diz inquieto: “Não sei o que causará a próxima crise, mas estou certo que não serão as tulipas da Holanda e nem os subprimes”. A chamada “crise das tulipas” se verificou na Holanda no século XVII quando o preço do bulbo da flor disparou e gerou uma onda especulativa que terminou em uma crise fenomenal.

 

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Com a certeza de que pode ocorrer uma nova crise, Ian Bremer, especialista em riscos políticos do Eurasia Group, teme que o clima de divisão política instigado em grande parte por Trump, piore e dê uma resposta coordenada como ocorreu em 2008. “Há muita estabilidade política no mundo para provocar grandes manchetes na imprensa. Mas estou menos convencido disso no caso da próxima crise”, afirmou.


Estadão

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