Entre os produtos de sempre encontrados com os presos, estavam videogame e radiocomunicador náutico
O sistema prisional do Amazonas pode estar entrando em um novo tempo a partir do momento em que a gestão dos presídios passou para a alçada da Secretaria de Segurança Pública (SSP), que criou um departamento adjunto para encarar um problema que nunca sentiu o braço forte do Estado.
É corrente na sociedade que o comando da criminalidade em Manaus e até em alguns municípios importantes para o tráfico de entorpecentes, principalmente, como restou provado pela recente operação La Muralla, da Polícia Federal, parte dos criminosos que cumprem penas em presídios estaduais.
Esses xerifões do crime ousaram até criar facções para dividir o controle de pavilhões, alas e celas dos presídios e cadeia pública, determinando quem deve continuar vivendo, além de baixar outras normas internas para controle dos seus membros.
As revistas-surpresas que passaram a ser feitas pela SSP, que resultaram até na demissão do então secretário de Administração Penitenciária, pasta que foi extinta recentemente pelo governador José Melo, encontraram verdadeiros absurdos cometidos por esses xerifões, que desfrutavam de privilégios e regalias inimagináveis por quem não tem contato com esse mundo da segurança pública.
Armas e celulares nas mãos dos presidiários já se tornaram até comum nas revistas. Celas com status de apartamentos bem mobiliados e equipados também já foram encontrados, assim como bebidas, drogas e até dispensas com tudo que é gênero alimentício, de peças de picanha a peixes tratados.
No lugar da grade já serrada para fuga, pedaço de cabo de vassoura
(Reprodução de foto de Fábio Melo / Rede Tiradentes)
Tentativa de rebelião era pretexto para fuga em massa
Na mais recente inspeção, realizada pela SSP na manhã desta segunda-feira (23) no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, no km 8 da BR-174, até um túnel foi detectado em cela do pavilhão 5, pronto para a fuga em massa de mais de 300 presos. Grades das celas já estavam serradas e em seu lugar foram colocados pedaços de cabos de vassoura, pintados na cor das grades para ludibriar a fiscalização. Não deu certo.
De acordo com o balanço feito pela Secretaria-Adjunta de Administração Penitenciária, foram achados 37 aparelhos celulares, 3 roteadores de internet, 1 videogame, 1 radiocomunicador náutico, 1 alicate, 1 simulacro de pistola, 1 porção de maconha e 10 metros de fio feito de punho de rede de dormir.
A revista aconteceu logo depois que os presos tentaram ensaiar uma rebelião com a ideia de proporcionar condições para fuga. Toda a situação foi imediatamente controlada por policiais militares acionados pela SSP.
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