26 de Abril de 2024 - Ano 10
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13/03/2019

ONU: danos ao meio ambiente provocam 1 em cada 4 mortes prematuras

Foto: Reuters

9 milhões de pessoas morreram em 2015 por causa da poluição segundo o estudo que durou seis anos

Uma em cada quatro mortes prematuras e por doenças no mundo estão relacionadas com a poluição e outros danos ao meio ambiente provocados pelo homem, alerta a ONU em um relatório sobre o estado do planeta.


A poluição atmosférica, os produtos químicos que afetam a água potável e a destruição acelerada dos ecossistemas vitais para bilhões de pessoas estão provocando uma espécie de epidemia mundial, segundo o texto, que adverte ainda para os efeitos negativos sobre a economia.


O relatório, que em inglês tem o título Global Environment Outlook (GEO) e contou com a participação de 250 cientistas de 70 países durante seis anos, destaca ainda uma brecha crescente entre países ricos e pobres: o consumo excessivo, a poluição e desperdício de alimentos no hemisfério Norte precipitam a fome, a pobreza e as doenças no Sul.


Ao mesmo tempo que aumentam as emissões de gases que provocam o efeito estufa e, em consequência, o aquecimento do planeta, os desastres climáticos como as secas e fortes tempestades devem aprofundar a vulnerabilidade de bilhões de pessoas.


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O Acordo de Paris de 2015 aspira limitar o aquecimento global a +2 ºC, e se possível a +1,5 ºC, na comparação com a era pré-industrial.


Mas não existe nenhum acordo internacional equivalente sobre o meio ambiente e os impactos sobre a saúde da poluição, do desmatamento e de uma cadeia alimentar industrializada são menos conhecidos.


9 milhões de mortos


O relatório GEO, que utiliza centenas de fontes de dados para calcular o impacto do meio ambiente sobre uma centena de doenças, compila uma série de emergências de saúde relacionadas com poluições de todo tipo.

 


Sul-coreanos protestam contra o governo e pedem a

diminuição da poluição do ar no centro de Seul (Foto: AFP)


As condições ambientais "medíocres" são responsáveis por "quase 25% das mortes e doenças no mundo", afirma o documento, que calcula em 9 milhões o número de mortes em 2015.


Em consequência da falta de acesso à água potável, 1,4 milhão de pessoas morrem a cada ano de enfermidades que poderiam ser evitadas como diarreia e parasitas relacionados com a água contaminada.


Os produtos químicos despejados no mar prejudicam a saúde de "potencialmente várias gerações" e 3,2 bilhões de pessoas vivem em terras degradadas pela agricultura intensiva ou o desmatamento.


O relatório calcula que a poluição atmosférica provoca entre 6 e 7 milhões de mortes prematuras por ano.


Além disso, o uso excessivo de antibióticos na produção alimentar acarreta o risco de provocar o nascimento de bactérias resistentes, que poderiam se tornar a principal causa de morte prematura em meados do século.


Crescimento em xeque


"São necessárias ações urgentes e de uma envergadura sem precedentes para frear e inverter a situação", afirma o resumo que acompanha o relatório.


Sem uma reorganização da economia mundial para uma produção mais sustentável, o conceito de crescimento poderia não fazer nenhum sentido ante as mortes e os custos dos tratamentos de saúde, afirmam os autores.


— A mensagem central é que com um planeta saudável se contribui não apenas para o crescimento mundial, mas também beneficia os mais pobres que dependem de ar puro e de água limpa — afirmou à AFP Joyeeta Gupta, copresidente do GEO. — Ao contrário, um sistema em má condição de saúde provoca danos imensos nas vidas humanas.


O relatório aponta, no entanto, que a situação não é irremediável e pede, sobretudo, a redução das emissões de CO2 e do uso de pesticidas.


O desperdício de alimentos também deve ser reduzido: o mundo joga no lixo um terço da comida produzida (56% nos países mais ricos).

 


A India foi considerada um dos lugares mais poluídos do mundo

em 2018. Na foto, catadoras de lixo indianas trabalham

em um aterro nos arredores de Jalandhar (Foto: AFP)


— Em 2050 teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas, mas isto não quer dizer que devemos dobrar a produção — insistiu Gupta, defendendo, por exemplo, a redução do gado. — Isto levaria a uma mudança do modo de vida — reconheceu.

 

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A publicação do informe acontece durante a Assembleia Geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que acontece em Nairóbi.
De acordo com fontes próximas às negociações, alguns países ricos, Estados Unidos à frente, ameaçam não receber favoravelmente o relatório, um sinal ruim para um futuro acordo sobre a redução do desperdício de alimentos, o consumo excessivo e a poluição.


Porém, ricos ou pobres, todos os países deverão adaptar-se à realidade de seu meio ambiente, destaca Gupta.


— A água doce supõe mais ou menos (um volume) fixo — ele cita como exemplo. — No fim das contas será necessário compartilhar. Este é um discurso que não agrada muitos países desenvolvidos — acrescenta.

 

O Globo

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