Seis escolas do Grupo Especial desfilam nesta segunda no Carnaval carioca

Vila Isabel, Salgueiro, São Clemente, Portela, Imperatriz e Mangueira fecham os desfiles do Grupo Especial nesta segunda-feira, na Marquês de Sapucaí. A primeira agremiação a entrar na avenida é a Vila Isabel, com a vida e obra de Miguel Arraes. Na sequência, o Salgueiro fala da malandragem, a São Clemente (com Rosa Magalhães) conta a história dos palhaços, a Portela de Paulo Barros aposta em viagens reais e imaginárias, a Imperatriz presta homenagem à dupla Zezé Di Camargo & Luciano, e a Mangueira encerra com chave de ouro ao carnavalizar uma das maiores artistas do Brasil, Maria Bethânia.

Vila Isabel

Sabrina Sato, rainha de bateria da Vila Isabel (Foto: Thiago Freitas / Agência O Globo)
 

A Vila Isabel, de momentos memoráveis da história do carnaval como Kizomba, abre o segundo dia de desfiles com o desafio de retratar vida e obra do cearense de berço e pernambucano de coração Miguel Arraes. O ex-governador completaria 100 anos.

A homenagem começa com a seca no Sertão cearense, onde o Pai Arraia despertou para seu papel de mediador social. No repertório, trabalho rural, folguedos e as festas populares. O coreografo Jaime Arôxa, que comanda a comissão de frente da escola, encena um enterro em plena Sapucaí:

- É um funeral em pleno sertão com Carpideiras. A morte vai flutuar na Avenida. Depois que ela for embora, tudo se transforma em vida e alegria. Teremos dançarinos de frevo, todos vindo de Recife.

Sabrina Sato, rainha da Vila Isabel, chegou causando com uma mini fantasia dourada. Apesar de já estar à frente da escola há 6 anos, ela afirma que é sempre uma experiencia emocionante.

- As pernas ficam sempre bambas. Não tem jeito. É sempre muita emoção. Vamos entrar na Avenida e mostrar a força da comunidade - disse.

Os parentes do ex-governador de Pernambuco vêm à da escola, com roupas de convidados. Entre os que estão presentes estão a ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, filha de Miguel Arraes e mãe do ex-governador Eduardo Campos, morto num acidente de avião durante a campanha presidencial de 2014. Ela, que desfila pela primeira vez, vem acompanhada do filho Antônio Campos e do irmão Guel Arraes.

— Nós visitamos o barracão, mas não vimos os carros. Estou vendo tudo agora. Vamos na frente da escola, como veteranos. A juventude é que vem fantasiada — disse Ana.

Os filhos de Eduardo Campos não vieram para o desfile da Vila Isabel, pois o pai e Miguel Arraes serão homenageados por duas escolas de Pernambuco.

Antônio Campos disse que os familiares passaram algumas informações para o carnavalesco, como o projeto de eletrificação, uma espécie de antecessor do Programa Luz para todos. Questões sociais como os boias-frias nos canaviais e as crianças catadoras de caranguejo no Recife estão representadas no desfile, que fala da cultura pernambucana, da literatura de cordel ao bloco gigante Galo da Madrugada.

O diretor Guel Arraes desfila pela primeira vez, e disse que o carnavalesco Alex de Souza acertou ao escolher um período da vida do ex-governador de Pernambuco para contar.

— Eles centraram numa época da vida (de Arraes), até 1964, que é um momento que sintetiza o legado. Assim não ficou muito disperso — afirmou Guel.

Martinho da Vila foi quem sugeriu o enredo quando se deu conta que esse ano seria o centenário de Miguel Arraes. Martinho foi a Pernambuco e visitou o centro de Miguel Arraes.

— Tínhamos dois enredos antes - disse Martinho, sem citar quais eram.

Salgueiro

Deatalhe do Carro Cabaré, um dos destaques do Salgueiro - Alex Nunes / Divulgação

A Vermelho e Branco leva para a Sapucaí o universo da malandragem, uma ópera clássica dividida em atos ao longo do desfile, desde o lado romãntico dos cabarés à filosofia de botequim. A vice-campeã do ano passado entrará na Avenida disposta a arrebatar o público, com o reforço de um dos sambas mais elogiados da temporada.

Zé Pelintra e o malandro batuqueiro estarão na apresentação da escola tijucana. Para garantir o estilo, mais de 2 mil componentes calçarão sapatos bicolores: preto e branco. Outra promessa é o carro do cabaré, com pernas gigantes e muitas beldades. O abre-alas recria a Cinelândia, o chafariz do Mestre Valentim e o Teatro Municipal.

A atriz Viviane Araújo continua reinando à frente da bateria, mas a escola tem a funkeira Ludmilla como musa este ano. O Salgueiro desfila entre 22h35 e 22h52.

São Clemente

São Clemente (Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo)
 

O título já diz tudo: “Mais de mil palhaços no salão”, como o verso de “Máscara negra”, de Zé Keti. Mas, na verdade, são mais de dois mil palhaços na Sapucaí no desfile da carnavalesca Rosa Magalhães. O abre-alas terá a representação do céu e do inferno.

Ou seja, cerca de 70% do cortejo são palhaços da Idade Média, bobos da corte, saltimbancos, Oscarito, Carequinha, Dercy Gonçalves. Os outros 30% são representados por senhores do castelo, donos do circo. Mas nem tudo é alegria. Há forte crítica a quem costuma fazer os brasileiros de palhaço, e o desfile termina com protesto: os integrantes da última ala encontram a bateria no segundo recuo para um “panelaço”, com mais de 200 panelas.

Mais um detalhe: os ritmistas vão desfilar de cara branca. A escola desfila entre 23h40 e 00h14.

Portela

Portela (Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo)

Um barco que vira, um dinossauro gigante e gente dando pirueta para todo lado. Acredite, esta é a receita da Portela para conduzir o enredo sobre viagens reais e fantásticas da Humanidade. A dobradinha entre inovação e tradição promete dar samba na estreia do carnavalesco Paulo Barros na Portela. Trata-se de uma das maiores expectativas deste carnaval.

A águia, marca da escola de Madureira, é a condutora do enredo sobre viagens reais e fantásticas da Humanidade. Mas atenção: ela vem de uma forma diferente. O abre-alas traz duas jornadas emblemáticas: a travessia do Mar Vermelho e a Odisseia, de Homero, poeta também representado na comissão de frente. Os filmes “Guerra nas estrelas” e “Perdidos no espaço” também estão presentes no desfile, que finaliza com uma viagem cibernética.

A escola desfila entre 0h45 e 1h36.

Imperatriz

Imperatriz (Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo)
 

Zezé Di Carmargo e Luciano estrelam o desfile. O carnavalesco Cahê Rodrigues se baseou no filme “2 filhos de Francisco” para resumir a vida da dupla em sete alegorias e 32 alas. O valor da música sertaneja é representado por Sérgio Reis, Roberta Miranda e Daniel, entre outros cantores, que desfilam num carro decorado com 180 violões.

Os atores Dira Paes e Ângelo Antonio, que vivem os pais de Zezé e Luciano no filme, são destaque na alegoria que traz uma réplica da casinha onde os irmãos nasceram. Os homenageados vêm no último carro, todo em estrutura de ferro, com corações, que representa “É o amor”.

A cantora Paula Fernandes vem de destaque como abelha rainha. A escola desfila entre 1h50 e 2h58.

Mangueira

Mangueira (Foto: Mônica Imbuzeiro / Agência O Globo)

Depois de Chico, Caetano e Gil, a verde e rosa traz como enredo Maria Bethânia e seus 50 anos de carreira. O abre-alas celebra a feminilidade dos orixás Oxum e Iansã, apostando em símbolos do candomblé e na nudez.

O carro sobre o catolicismo marca o retorno da baluarte Beth Carvalho ao desfile da Mangueira. A primeira canção de sucesso da filha de Dona Canô, “Carcará”, é representada por uma ave com 13 metros de envergadura.

Já a música “Mel” e seu verso “Ó abelha rainha” são inspiração para um carro ocupado por familiares e amigos, como Chico César e Moacyr Luz.

A filha de Dona Canô virá no último carro, o do circo, vestida por Gilda Midani. A escola desfila entre 2h55 e 4h20.

Fonte: oglobo.com/rio/carnaval/2016