A Mina do Córrego do Feijão foi a que se rompeu, matando ao menos 11 pessoas e deixando 296 desaparecidos
Pouco mais de um mês do rompimento da barragem em Brumadinho, que aconteceu na última sexta-feira, 26, a Câmara de Atividades Minerais, um órgão que faz parte da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais, fez uma reunião extraordinária para debater a expansão do uso das barragens de Mina de Jangada e de Mina de Córrego do Feijão, ambas em Brumadinho.
A Mina do Córrego do Feijão foi a que se rompeu, matando ao menos 11 pessoas e deixando 296 desaparecidos.
A decisão foi aprovada por oito votos a favor, uma abstenção e um contra.
Na reunião estavam presentes membros da sociedade civil, da secretaria estadual do meio ambiente, de sindicatos e da empresa interessada — a Vale.
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A empresa apresentou um planejamento de expansão até 2032 que previa um aumento de 88% na produção de minérios na região.
O encontro foi cheio de tensão, segundo a ata divulgada posteriormente. A decisão do Conselho de tratar o caso das duas barragens como se fosse um só, gerou críticas.
Outro ponto polêmico foi a decisão da Suppri (Superintendência de Projetos Prioritários) — órgão regulador que recomendou o aumento no uso das barragens — de não fazer nenhuma distinção entre a instalação e operação das represas.
Na prática, as construções ou reformas nas estruturas e o uso da represa para reter os rejeitos foram tratadas como uma única coisa.
“O parecer da Suppri afirmar que a instalação e a operação confundem-se, isso no nosso entendimento é gravíssimo, porque não tem nenhum arcabouço técnico”, afirmou a Conselheira Maria Teresa Viana de Freitas Corujo, única a votar contra a decisão de expandir o uso das barreiras.
Potencial de risco foi reduzido
A velocidade do relatório e da votação sobre a expansão também foi questionada por Maria Teresa e pelos moradores da região onde a barragem estava.
Para João Carlos de Melo, do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), isso se deve a “celeridade e eficácia” da Secretaria do Meio Ambiente. Melo defendeu a expansão do uso das barragens em função do crescimento econômico do estado.
Contudo, a decisão foi acelerada porque a Suppri alterou o potencial de risco poluidor da barragem. Antes, ela era catalogada como classe 6, com maior potencial poluidor e deveria passar por três avaliações diferentes. O potencial foi rebaixado para 4 e a decisão pode ser tomada toda de uma vez.
Mais uma vez, Maria Teresa Corujo desaprovou o andamento da reunião. “Eu nem tenho a palavra certa para falar, mas é abominável que tenhamos hoje esse empreendimento como classe 4”, disse.
Comparações com Mariana
O representante do Ibama, Julio Cesar Grillo, se absteve da votação, mas avaliou tanto os pontos positivos quanto negativos da decisão de expandir o uso das duas barragens.
Porém ele destacou que a situação tinha potencial de criar uma catástrofe semelhante a de Mariana. “Casa Branca tem algumas barragens acima de sua cabeça. Muita gente aqui citou o problema de Mariana, de Fundão, e vocês têm um problema similar. E ali é o seguinte, essas barragens não oferecem risco zero. Em uma negligência qualquer de quem está à frente de um sistema de gestão de risco, aquilo rompe”, garantiu Grillo.
“Se essa barragem ficar abandonada alguns anos, não for descomissionada, ela rompe, e isso são 10 milhões m³, é um quarto do que saiu de Fundão, inviabiliza Casa Branca e inviabiliza ao menos uma das captações do Paraopeba”.
A empresa apresentou um planejamento de expansão até 2032 que
previa um aumento de 88% na produção (Foto: Reprodução)
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A população que estava presente durante a discussão do tema também se manifestou. Por diversas vezes, os moradores relembraram Mariana e destacaram a preocupação que tinham em ficar sem água potável.
Com informações do R7