Omar Aziz
A cúpula da CPI da Covid avalia já haver provas suficientes de que o governo de Jair Bolsonaro não quis comprar vacinas para combater o novo coronavírus.
O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que, com um mês de funcionamento, o colegiado conseguiu reunir evidências de que Bolsonaro seguia orientações de um "gabinete paralelo" ao Ministério da Saúde e agiu de forma "deliberada" para atrasar a compra dos imunizantes, apostando na chamada "imunidade de rebanho".
Para Aziz, a CPI já tem motivos para pedir ao Ministério Público o indiciamento de agentes públicos por crime sanitário e contra a vida. "Já temos provas suficientes de que o Brasil não quis comprar vacina", disse o presidente da CPI, ao Estadão/Broadcast Político. "Isso não tem mais o que provar. Tenha a certeza de que a CPI não vai dar em pizza." Embora sem dizer os nomes de quem deverá ser apontado como cúmplice da crise no País, sob o argumento de que, no comando da comissão, não pode fazer esse tipo de comentário, o senador afirmou ser impossível não responsabilizar Bolsonaro.
Veja também
Bolsonaro diz que, no que depender dele e de ministros, está acertada a Copa América no Brasil
Na avaliação do senador, as ações do presidente contrárias ao isolamento social e ao uso de máscara de proteção mostram que ele apostava na imunidade de rebanho e no tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina. "Essas duas coisas estão diretamente ligadas a ele. Não tem jeito. Ele (Bolsonaro) foi quem falou diretamente sobre cloroquina", destacou.
Após ouvir dez depoimentos, Aziz está convencido de que a posição de Bolsonaro tem por trás as orientações de integrantes de um "gabinete paralelo" na pandemia, formado por médicos e auxiliares do governo defensores de medicamentos sem respaldo da comunidade científica.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.
Entre no nosso Grupo de WhatApp.
"Ele se reunia muito mais com o 'gabinete paralelo' do que com o ministro da Saúde", observou o presidente da CPI. "Comportamento atípico em relação a qualquer líder mundial. Nem em uma republiqueta, que não tem absolutamente nada, o líder fica sem máscara, fica falando esse tipo de coisa. Vocês lembram que o Pazuello disse que se reunia com o presidente uma vez por semana, quiçá de 15 em 15 dias? Não se reunia com o ministro, mas se reunia naquele 'gabinete paralelo' diariamente", emendou o senador, numa referência ao depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que foi novamente convocado.
Fonte: Terra