06 de Maio de 2024 - Ano 10
NOTÍCIAS
Geral
02/02/2020

Atiradores compraram tanta munição de tiro quanto as forças de segurança

Foto: Reprodução

Atiradores compraram tanta munição de tiro quanto as forças de segurança

Compras de civis chegam a 32 milhões de projéteis; Volume comprado pelo grupo ainda superou em 143% o quantitativo de munições que o Exército informou ter adquirido (13,2 milhões) no ano passado.

 

Dados inéditos sobre venda de munições no país apontam que os atiradores civis compraram em 2019, pela primeira vez, a mesma quantidade que as forças de segurança pública: cerca de 32 milhões de projéteis.

 

A categoria foi destinatária de vários decretos do presidente Jair Bolsonaro com flexibilização de regras para adquirir armas e munições.

 

Veja também

 

Delegado é impedido de entrar armado em boate e dá voz de prisão a proprietário

 

Polícia indicia filha e namorada por mortes de família no ABC paulista

 

O volume comprado pelo grupo ainda superou em 143% o quantitativo de munições que o Exército informou ter adquirido (13,2 milhões) no ano passado. De 2018 para 2019, as compras diretas dos atiradores subiram 17,2%, enquanto o número de projéteis adquiridos pelos órgãos de segurança pública, incluindo as secretarias de gestão prisional, caiu 14,8%.

 

O levantamento, feito via Lei de Acesso à Informação pelo Instituto Sou da Paz e obtido pelo GLOBO, aponta que os clubes de tiro, federações e confederações também compraram mais no ano passado em relação ao anterior: o volume subiu 30%, de 2 milhões para 2,6 milhões de munições.

 

Pela lei, somente munições usadas pelas forças de segurança pública e pelas Forças Armadas precisam ser marcadas. Essaparcela, no entanto, representa apenas 22% do que foi colocado em circulação no país ano passado. Em 2018, esse índice era de 27%.

 

Exército nega risco

 

O dado leva em consideração todas as categorias de compradores de munição informadas pelo Exército: o próprio órgão, indústrias, segurança privada, segurança pública, varejo, integrantes de órgão público, atiradores, clubes/federações. O Exército informou, em nota, que há estudos em andamento para ampliar a obrigatoriedade de uso de munições marcadas.

 

A marcação atinge uma parte ínfima, só 22% do total, caso a lei esteja sendo cumprida de fato. Dificulta o controle adequado do material, sobretudo se considerarmos as taxas de mortes violentas no país (27,5 por 100 mil habitantes, a maior parte com arma de fogo) — diz Natalia Pollachi, coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz.

 

Presidente da Associação CAC Brasil, que representa os atiradores, Marcelo Midaglia Resende afirma que o grupo usa muita munição porque faz treinos intensivos — ao menos os que atuam como atletas de alto rendimento, que ele calcula em cerca de 35% do total.

 

Hoje há cerca de 208 mil CACs (sigla para colecionadores, atiradores e caçadores) no país, detentores de 445 mil armas, segundo o Exército. As novas licenças para a categoria cresceram 880% de 2014 a 2018. Na segurança pública, são 513 mil policiais militares e civis, segundo dados do governo federal referentes a 2017, além de 13,2 mil servidores da Polícia Federal e 10 mil da Polícia Rodoviária Federal.

 

Para Resende, o fato de os atiradores terem se igualado com as forças de segurança em número de munições compradas em 2019 diz mais sobre os problemas dos órgãos públicos no país e menos sobre a categoria:

 

Tem policial que em 30 anos não deu um disparo, enquanto o CAC precisa treinar sempre. Para ter determinadas autorizações no Exército, o atirador tem que comprovar que praticou ao menos oito vezes no ano.

 

O Exército diz, em nota, considerar que “o aumento crescente de munições compradas pelos atiradores, que não têm marcação de lote no cartucho, não traz riscos para a segurança pública, tendo em vista que, para serem atiradores registrados no Exército, é necessário ter idoneidade comprovada no processo de registro”. O acesso a maiores quantidades de projéteis, segundo a Força, tem relação com o aumento da categoria como um todo.

 

Questionado sobre os dados, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirmou que “não vai comentar”.

 

Daniel Cerqueira, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) na área de segurança, afirma que os decretos de Bolsonaro sobre armas, foram ao menos oito ao longo de 2019, dos quais quatro estão em vigor têm relação com o aumento de munições colocadas em circulação no país. Ele destaca que o presidente também afrouxou regras para recarga dos cartuchos, fragilizando o controle sobre o material.

 

Sem contar o risco de essas armas e munições que vão se proliferar caírem, no futuro, no mercado ilegal. Estudos mostram que boa parte das armas legais acabaram nas mãos de criminosos porque são furtadas, roubadas, aponta.

 

Um dos decretos de Bolsonaro, de junho, aumentou a quantidade de munições permitidas aos atiradores. No nível mais elevado de destreza, era liberado comprar anualmente até 20 mil cartuchos novos e até 40 mil para calibres específicos (de menor potencial).

 

Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no FacebookTwitter e no Instagram. 

Entre no nosso Grupo de WhatsApp.

 

Agora, é permitido comprar até mil munições por ano para cada arma de uso restrito e 5 mil para as de uso permitido. Com isso, o total liberado pode chegar a 180 mil projeteis ao ano por atirador, considerando aquisição para o limite máximo de 60 armas.

 

Jornal Correio do Povo de Alagoas

 

LEIA MAIS
DEIXE SEU COMENTÁRIO

Nome:

Mensagem:

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

publicidade

Acompanhe o Portal do Zacarias nas redes sociais

Copyright © 2013 - 2024. Portal do Zacarias - Todos os direitos reservados.