Em entrevista à apresentadora Christiane Amanpour, da CNN Internacional, Lula disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro é uma 'cópia' fiel de Donald Trump, antecessor do democrata Joe Biden no Executivo americano.
— Bolsonaro é uma cópia fiel [de Trump] — afirmou. —Não gosta de sindicatos, não gosta de trabalhador, não gosta de mulheres, não gosta de negros, não gosta de conversar com empresários , não gosta de falar com a imprensa.
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Brasil não tem 'uma cultura de ódio', diz Lula a Amanpour
Em sua visita a Washington, o presidente Luis Inácio Lula da Silva abriu sua agenda para uma entrevista com a prestigiada apresentadora Christiane Amanpour, da CNN Internacional. Em um papo que foi ao ar às 13h (15h no Brasil), eles conversaram sobre as similaridades entre o momento político que vivem Brasil e EUA, com grande polarização.
— Aqui [nos EUA] também há uma divisão, muito mais ou tão séria quanto o Brasil. Democratas e republicanos estão muito divididos. Ame ou deixe-o, é mais ou menos isso que está acontecendo — disse Lula, acrescentando que o Brasil não tem “uma cultura de ódio”.
Ainda segundo o líder brasileiro, a polarização alimentada nos últimos anos, e que culminou no ataque à sede dos três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro, foi fruto de intenso trabalho de uma "máquina de fake news" do governo Bolsonaro.
Nem todo eleitor de Bolsonaro 'é bolsonarista', afirma Lula
Ainda falando sobre os ataques à democracia no Brasil após as eleições de outubro, Lula disse à apresentadora Christiane Amanpour, da CNN Internacional, que a polarização criada no país nos últimos anos é fruto de intenso trabalho de "uma indústria de fake news que nós não conseguimos combater em igualdade de posições", mas que ele "está convencido de que nem todo mundo que votou em Bolsonaro é bolsonarista".
Lula prometeu que fortalecerá a democracia brasileira em seus quatro anos de governo.
— Espero que daqui a quatro anos você possa fazer outra entrevista comigo e você vai ver como o Brasil estará mais democrata — disse Lula a Amanpour ao ser questionado sobre a divisão do eleitorado brasileiro, que lhe deu a vitória em segundo turno com 50,9% dos votos. — Bolsonaro não tem nenhuma chance de voltar presidente.
Lula diz que quer acabar com a guerra na Ucrânia
Um dos temas sensíveis do encontro entre Lula e o presidente Joe Biden previsto para esta sexta-feira é a guerra na Ucrânia. Enquanto o brasileiro insiste na posição de neutralidade do Brasil, o governo americano e seus aliados gostariam de ver um posicionamento mais forte de Brasília às lideranças ocidentais, que têm dado suporte financeiro, militar e humanitário a Kiev.
— O que tinha de ser feito de errado já foi feito. E agora é preciso encontrar pessoas para ajudar a resolver [o conflito] — disse Lula à Chistiane Amanpour, da CNN, acrescentando que irá se dedicar para encontrar um "caminho de paz". — Se eu mandar munição [para a Ucrânia], eu entrei na guerra. Eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra.
Para Lula, extradição de Bolsonaro 'depende dos tribunais'
Questionado sobre um possível pedido de extradição do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula disse à apresentadora Chistiane Amanpour, da CNN Internacional, que não falará sobre este assunto em seu encontro com Joe Biden na Casa Branca, previsto para a tarde desta sexta-feira. Para o brasileiro, a questão cabe à Justiça.
— Eu não vou falar sobre isso com o presidente Biden. Isso aí depende dos tribunais — afirmou, acrescentando que Bolsonaro deve ser julgado de acordo com a lei, já que todo cidadão brasileiro deve ser considerado inocente até que se prove o contrário, mas alertou: — Um dia, ele tem que voltar ao Brasil e enfrentar os processos que estão aqui contra ele.
De acordo com Lula, há pelo menos 12 processos contra o ex-presidente no país.
Bolsonaro viajou para a Flórida antes do final de seu mandato e ainda não voltou ao Brasil.
VIAGEM
Em viagem oficial aos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu-se nesta sexta-feira (10) com o senador norte-americano Bernie Sanders, do Partido Democrata.
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Lula chegou na quinta-feira (9) a Washington, onde terá uma reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden. É a primeira visita de Lula ao país depois que retornou ao Palácio do Planalto.
Fonte: O Globo