Divergências internas provocam afastamento em algumas importantes capitais
Pré-candidatos a prefeito que disputam o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também os que almejam ter o ex-presidente Jair Bolsonaro como aliado têm sofrido com disputas internas dentro do mesmo campo político e, em alguns casos, até dentro do mesmo partido. As divergências internas já provocaram situações como sucessivas trocas de pré-candidatos, disputas pelo fundo eleitoral e políticos apoiando nomes que concorrem contra a própria sigla, além de provocarem o afastamento do presidente e do ex-presidente de atos de pré-campanha.
Em Campo Grande, por exemplo, a falta de sintonia interna no PL foi tanta que o partido passou por cinco mudanças de posição sobre a disputa. Em abril, Bolsonaro visitou o Mato Grosso do Sul, mas evitou o campo minado da capital. A legenda chegou a apresentar as candidaturas próprias de Marcos Pollon, Coronel David, João Henrique Catan, Rafael Tavares e Tenente Portela, mas depois sinalizou apoio ao deputado Beto Pereira (PSDB), nome do governador Eduardo Riedel (PSDB). Na semana passada, Pereira foi oficializado como candidato. Há um acordo para que o PL indique a candidatura a vice do tucano e o nome será definido até o próximo domingo, último dia das convenções eleitorais.
Mesmo diante do cenário confuso, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e o presidente do PP, Ciro Nogueira, tentam um acordo para o apoio do PL à prefeita Adriane Lopes (PP). Os dois se reuniram com Bolsonaro, mas não houve acordo.
Veja também
A lição que ministros do STJ querem dar ao candidato apoiado por Flávio Dino
PT perdeu a esperança de indicar vice de Eduardo Paes no Rio de Janeiro
– O presidente nacional do partido (PL), o presidente municipal, todos já se posicionaram a declarar apoio a nossa pré-candidatura — disse Beto Pereira, que também conversou com Bolsonaro.
Em outros estados, as disputas já provocam efeitos negativos antes mesmo do período oficial de campanha. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, excluiu Sergipe do giro de estados do Nordeste no fim de junho.
Na capital sergipana, Aracaju, há uma queda de braço entre o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macedo, e o senador Rogério Carvalho, ambos petistas. O PT decidiu que Candisse Carvalho, mulher do senador, será a candidata na capital. Porém, Macedo se ausentou dos eventos de pré-campanha da petista e, além disso, deu aval para Valadares Filho, que era seu assessor no ministério, sair do cargo para se lançar como pré-candidato pelo Solidariedade. Inicialmente Valadares buscou se viabilizar como candidato a prefeito, mas agora ele negocia ser indicado candidato a vice de Luiz Roberto (PDT), candidato apoiado pelo atual prefeito Edvaldo Nogueira (PDT).
Diante da divisão, Lula tem evitado se posicionar sobre o estado. Além de Aracaju, há discordância na campanha de Barra dos Coqueiros, onde o pré-candidato a prefeito pelo PT é Danilo Sampaio. Ele é namorado de Lurian Cordeiro, filha mais velha do presidente. Lá, Carvalho apoia a reeleição do prefeito Alberto Macedo (União Brasil).
Em outra cidade com divisão interna, Fortaleza, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) perdeu a disputa no partido para ser indicada como pré-candidata. O escolhido foi o presidente da Assembleia, Evandro Leitão (PT). Como reação, foi criado um novo grupo do PT dentro da cidade chamado de "Campo de Esquerda", que não se compromete com a campanha de Evandro.
A ex-prefeita decidiu não acompanhar Lula em visitas à cidade e esteve ausente de ato da pré-campanha de Evandro, realizado na capital cearense, e que contou com a participação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. O deputado José Airton Cirilo (PT-CE) minimizou as divergências:
– Vejo como uma iniciativa positiva (a criação de um novo grupo da sigla) para enriquecer o debate interno no PT, e não atrapalha o pré-candidato Evandro Leitão, tendo em vista que vários componentes do grupo já estão engajados na campanha.
Curtiu? Siga o PORTAL DO ZACARIAS no Facebook, Twitter e no Instagram.
Entre no nosso Grupo de WhatApp, Canal e Telegram
No campo bolsonarista também há divisão em Fortaleza. Lá, o eleitorado se divide entre as pré-candidaturas de Capitão Wagner (União Brasil), que tenta se desvincular do cenário nacional, e dos bolsonaristas André Fernandes (PL) e Eduardo Girão (Novo).
Fonte: O Globo