Presidente, que sempre minimizou Covid-19, faz campanha contra estados no pior momento da crise
Ignorando a sucessão de erros e omissões do governo federal na condução da crise do coronavírus, Jair Bolsonaro e ministros tentam jogar para os estados a culpa pelo Brasil atravessar o pior momento da pandemia até agora.
O presidente postou em suas redes uma tabela com valores que cada estado teria recebido em 2020. Nas entrelinhas, quis dizer que há dinheiro sobrando e que os recursos não foram bem utilizados.
A postura do governo federal é criticada desde os primeiros dias do surgimento da Covid-19, em fevereiro do ano passado. Bolsonaro minimiza o vírus desde o início, tendo em uma das suas primeiras manifestações chamado a doença de gripezinha.
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Ele também sempre foi contrário a medidas restritivas, causou aglomerações diversas vezes e nos últimos dias também questionou a eficácia do uso das máscaras.
Como mostrou o Painel neste domingo (28), governadores admitem nos bastidores que deveriam tomar medidas mais duras agora para conter o avanço da Covid-19, mas não conseguem por pressão social. Eles culpam Bolsonaro pelo seu discurso negacionista.
Vários deles afirmam que o país está à beira de um colapso nacional. Segundo Wellington Dias (PT-PI), mais de 21 estados estão com mais 70% de leitos ocupados.
Além de ter negado a gravidade do vírus, Bolsonaro também apostou durante a maior parte do tempo na utilização de cloroquina, remédio que não tem a eficácia comprovada para o tratamento de coronavírus.
Fábio Faria (Comunicações) fez diversas publicações em defesa do presidente e atacando estados. Cutucou João Doria (PSDB-SP) implicitamente e outros governadores por terem desmontado hospitais de campanha.
“Desmontam os hospitais de campanha, vão pra Miami ‘sem máscara’ comprar na Gucci, fazem coletiva todos os dias que ngm suporta mais e quebram a economia sem o menor pudor. Tiveram tempo e dinheiro sobrando do governo federal!”, escreveu.
Doria viajou a Miami no final do ano para um período curto de férias. Após repercussão negativa, ele adiantou o retorno e depois pediu desculpas.
O tucano foi o principal entusiasta da vacina. Governadores de outros estados reconhecem que, sem as iniciativas dele, o imunizante até hoje não teria chegado ao Brasil.
“O combinado de culpar o Bolsonaro por tudo não está mais dando aderência. O Banco Central foi eleito o melhor do mundo em 2020. O governo socorreu empresas, informais, estados, municípios, pronampe, etc”, completou o ministro das Comunicações.
Faria ainda questionou onde foi parar o dinheiro enviado pelo governo federal aos estados.
Outros ministros também compartilharam a tabela de valores repassados, como Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Milton Ribeiro (Educação).
Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e deputado federal, também entrou na campanha.
Ele diz nas publicações que o governo federal injetou bilhões para o enfrentamento à Covid-19. “Perguntem aqueles que agora decretam lockdown: para onde foi esse dinheiro?”.
Além da postura negacionista, Bolsonaro trocou de ministro duas vezes na pandemia. Por último, colocou Eduardo Pazuello, que chegou à pasta por ser um suposto especialista em logística.
Ele vem sendo criticado por confusões diversas no ministério desde então.
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Sobre os repasses divulgado, o governador da Bahia afirmou que o presidente da República mente.
Fonte: Folha de São Paulo