A visão de saúde integrativa inclui, além do tratamento cirúrgico e medicamentoso, alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e gerenciamento do estresse
Uma dor abdominal lancinante, que não passa nem com os remédios mais fortes e que se repete todos os meses. É a endometriose, que atinge cerca de 20% das mulheres e é a principal causa de dor pélvica, infertilidade, dor nas relações sexuais e falta no trabalho. Ela é uma doença inflamatória, caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora da cavidade uterina.
A endometriose não tem causas conclusivas e não existe um tratamento único e padrão para o controle da doença. Mas a médica Lidia Myung, de São Paulo, especialista em ginecologia integrativa, apresenta uma nova perspectiva de tratamento. Ela sofreu muito com endometriose e, desde então, há 30 anos, estuda a doença e atende mulheres com essa condição.
— Fiz um mestrado em que pesquisei a diferença na expressão de genes e proteínas de pacientes que tinham as piores formas de endometriose em comparação com quem não tinha a doença ou apresentava a forma mais leve. Essas pacientes mais graves tinham as proteínas expressas de genes que coincidiam com as estudadas para as piores formas de cânceres — conta.
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Já existe publicação científica que associa pacientes com endometriose a um risco relativo maior de doenças autoimunes da tireoide, doenças inflamatórias da tireoide e intestinais e risco aumentado de determinados cânceres, como mama, ovário e de apêndice.
— A conclusão do mestrado foi que a base imunológica dessas pacientes predispunha a ter todas essas doenças. A proposta é rever o que leva a uma condição básica de saúde imunológica tão ruim. E já está comprovado que a base imunológica tem muito a ver com o estilo de vida.
É aí que Lidia destaca a importância de uma visão de saúde integrativa, que inclui, além do tratamento cirúrgico e medicamentoso, alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, cuidado com a saúde emocional, com a qualidade do sono e o gerenciamento do estresse.
— Nesses 30 anos observei que a grande maioria das pacientes acometidas com dor pélvica, endometriose e condições ginecológicas são mulheres que enfrentaram algum tipo de situação abusiva: sexual, afetiva ou moral. Isso já é tema de publicação científica. E, em geral, são mulheres exigentes, perfeccionistas, focadas em alta performance.
Segundo a especialista, ser multitarefa inflama. E a endometriose é uma condição inflamatória. Por isso os tratamentos que excluem a cirurgia buscam diminuir esse estado inflamatório.
— Entra aí a importância do autoconhecimento, para aprender a respeitar os próprios limites. O estresse é altamente inflamatório, e a privação de sono e o sono de qualidade ruim também são fatores de inflamação e colapso imunológico. Tudo isso mostra o impacto físico celular do estilo de vida na saúde.
Trabalhar esses aspectos é fundamental para construir uma saúde psico-emocional. Entre as várias ferramentas cientificamente comprovadas para o controle do estresse e a boa saúde emocional está a espiritualidade.
— Não estamos falando de religião, mas da conexão do indivíduo consigo próprio e com um propósito de vida, do significado que ele dá para a própria existência e para suas escolhas — diz Lidia.
Diversos estudos comprovam também os benefícios da meditação para aliviar o estresse e melhorar a qualidade do sono. E isso inclui práticas meditativas como exercícios respiratórios, exercitar a gratidão, orar, fazer ioga.
— São tipos de meditação, porque você direciona sua atenção plena àquela atividade.
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Para quem sofre com endometriose, a recomendação é praticar atividade física moderada e exercícios que tragam relaxamento e redução do estresse: atividades extenuantes podem piorar a dor. Na alimentação, o ideal é priorizar os alimentos frescos de origem vegetal e evitar ultraprocessados, que têm alto potencial inflamatório.
Fonte: O Globo