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22/04/2020

Fabiano de Abreu: 'A ansiedade é como uma locomotiva que quanto mais acentuada, acrescenta vagões.'

Foto: Divulgação

"Ansiedade é diferente do medo mas o medo é o gatilho que a ativa. Ela te traz a sensação de perigo mesmo sem ter a ameaça por perto, se concentra numa ideologia futura mas sem ações determinadas. Ela é a motivação para a ação. ", explica o estudioso.


Contudo, o nosso passado e aquilo que vivemos e deixamos nele podem ser também motivações fortes na ativação da nossa ansiedade.


"A ansiedade também é a resposta para traumas que estejam escondidos do consciente, guardados no inconsciente. Por outro lado, podem ser pulsões, ações e reações predestinadas e não realizadas. Essa pendência ativa a ansiedade e armazena as "possíveis realizações”, ou seja, algo que deveria ter sido concluído e não o foi, assim como todos os tipos de pendências. ", explica Abreu.

 

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Como refere o psicanalista, há em nós a necessidade de conclusão, de ver o término de tarefas. Neste momento, "A ansiedade é a necessidade de realização que ainda não encontrou desfecho.

 

Ela atravessa todos os campos da arquitetura da mente, nasce na memória primitiva, é passada para o inconsciente, joga no inconsciente toda a pendência, nos chama a atenção no subconsciente e se instala no consciente.".


"Ansiedade torna-se sinónimo de pendência"

 


Para tentarmos compreender melhor como a ansiedade nos pode afetar e como se desencadeia, Fabiano de Abreu dá-nos um exemplo muito prático fazendo uma comparação muito fácil de entender.


"Defino a ansiedade da seguinte maneira; imagine um móvel com milhares de gavetas. Vamos chamar esse armário de armazenador de pendências, de coisas que tenho que fazer e de acontecimentos que me desagradaram e não os resolvi.


Há gavetas de traumas não resolvidos e de vontades e objetivos não realizados. Neste armário da pendência as gavetas podem ser abertas de acordo com os acontecimentos da vida.


Cada gaveta pode representar um ponto em meio a nuances de um acontecimento, ou seja, caso aconteça algo no presente que arremeta a um trauma passado, este trauma resultou em várias gavetas. Cada uma delas é uma consequência diferente para este trauma. Quanto maior a quantidade de gavetas abertas, maior a ansiedade.

 

Então imagine que este trauma do passado foi tão grave, que as nuances das respostas traumáticas cabem em 10 gavetas. Quando acontece algo no presente que arremeta a este trauma passado, 10 gavetas da ansiedade e das chances traumáticas são abertas.


Se o trauma coube em 3 gavetas por não ter sido tão grave, são 3 gavetas da ansiedade abertas. A potência da ansiedade está relacionada ao número de gavetas neste caso.


Já as gavetas dos pensamentos do que temos que fazer, das realizações que queremos alcançar e ainda não agimos para que fossem realizadas são moldáveis às vivências. Se o medo, a turbulência do dia-a- dia causa um terremoto em meu quarto e as gavetas deste tipo de ansiedade se abrem, (supúnhamos 8), temos 8 potências de ansiedade que são abertas em simultâneo.


Quanto maior a quantidade de gavetas, maior o estresse e isso fará abrir mais gavetas. O acumulado de situações leva a um ponto de confusão mental e é neste momento que respiramos. Que é a primeira saída para controlar este terremoto pois tomámos consciência da situação.", explica Fabiano.


O psicanalista afirma que o estado de ansiedade faz parte do Homem, que é um motor de busca. É essencial para nos motivarmos a agir.


"A ansiedade faz parte de nós, tem que existir para que possamos ter reações. Sem a ansiedade, ficaríamos estagnados diante do perigo. Ela nos alerta para que possamos agir. A não ação ou reação, resulta em estresse e este, com mais intensidade, pode levar ao pânico. A ansiedade sem reação pode nos levar a um sentimento de tristeza e, se acumulado e contínuo, a depressão pode ser o resultado final. ", explica o filósofo.


Por outro lado há sempre a necessidade de a controlar. A ansiedade tem de ser mantida na medida certa para que com isso possamos tirar algum partido do que nos provoca.


Segundo Fabiano de Abreu: "O que podemos fazer para amenizar a ansiedade e tirar proveito dela? Primeiro faça exercícios de respiração, sempre funciona.

 

Em meio a tantas ideias e pensamentos, o medo de perdê-los pode levar ao estresse então, faça anotações com ordem de prioridade. Use o telemóvel ou caneta e papel, eu prefiro este último pois incentiva a vencer a preguiça. Falando dela, é o que pode nos impedir de agir então, para vencer a preguiça, conte até três e faça logo pois, estará usando a ansiedade para agir e assim ativando ainda mais ansiedade para logo concluir.

 

Fotos: Reprodução


Caso a ansiedade tenha levado a um estresse que o tira fora do eixo, busque o equilíbrio em meio a pensamentos positivos, busque a natureza pois temos uma relação muito íntima à ela e esta energia poderá ajudar.".


Se em algum momento se sentir arrebatado pelo imensidão da ansiedade, se deixar de conseguir raciocinar direito, se perder totalmente o foco, nesse caso:


"Tem horas que vale mais a pena se retirar, descansar, desligar e logo voltar ao normal, afinal, se o que perdeu da memória era tão importante, então, uma hora vai voltar.", concluí Abreu.

 

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O conceito de ansiedade pelo filósofo estará em seu mais novo livro que será lançado este ano, ‘Viver Pode Não Ser Tão Ruim’ volume 2, ‘Das Frasetas ao Contexto’, onde o escritor juntará algumas de suas frases e explicar o seu conceito.

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