Depois que um caçador descobriu um urso híbrido nos territórios do nordeste do Canadá em 2006, cientistas já identificaram outros oito ursos mestiços entre polar e pardo, todos de uma mesma mãe polar. Os híbridos são batizados ora de “grolars” — se o pai for um urso-pardo (grizzly bear em inglês) —, ora de “pizzlies” — se o pai for um urso-polar e a mãe um pardo.
Na época, alguns pesquisadores propuseram que o Ártico poderia se tornar em pouco tempo um território propício para híbridos, devido às alterações climáticas antropogênicas. Embora alguns híbridos sejam resultados de encontros aleatórios, o aquecimento do Ártico e o degelo marinho podem ter eliminado algumas barreiras geográficas que mantinham casais separados.
O derretimento do gelo marinho pode, por exemplo, permitir que ursos polares desçam para se alimentar mais ao sul, ou que os habitats de ursos-pardos se estendam para o norte, o que significa mais espaços disponíveis para o acasalamento. Muitas vezes os animais não se acasalam fora da sua espécie unicamente por não frequentar o mesmo espaço.
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MAIS HÍBRIDOS NO ÁRTICO
Os híbridos árticos não se resumem aos ursos, sendo que alguns deles nem são identificáveis a olho nu, necessitando de análises genéticas para serem reconhecidos. Embora alguns cientistas estejam realizando exames de DNA em animais para poder aprender mais sobre potenciais híbridos, mais dúvidas persistem do que certezas.
Espécies separadas na árvore evolutiva há cinco milhões de anos, as baleias belugas e narvais têm se encontrado fortuitamente na Baía de Disko, na Groenlândia. Não se conhecia nenhuma consequência desses encontros, até que um caçador encontrou um crânio de narval sem o seu dente incisivo proeminente. Seria uma "narluga"?
Recentemente, cientistas que rastreavam híbridos no Canadá, Alasca e Groenlândia fizeram uma descoberta fascinante: duas subespécies de papagaios-do-mar que têm seu habitat natural no Círculo Polar Ártico cruzaram-se em algum lugar, e seus descendentes foram viver em Bjørnøya, a ilha mais ao sul de um arquipélago norueguês.
A HIBRIDIZAÇÃO É BOA PARA ESPÉCIES EM EXTINÇÃO?
Fotos:Reprodução
Muitas pessoas pensam que espécies que trocam genes com outra se tornam "superanimais", pois ambas herdariam as melhores característica genéticas de cada uma, mas isso não é bem assim. Embora as primeiras gerações híbridas possam gozar de um "vigor híbrido" inicial, as gerações posteriores podem sofrer de “depressão exogâmica”, uma redução na aptidão e no vigor por perda de combinações genéticas vantajosas.
Isso preocupa porque algumas espécies em extinção, como as baleias-azuis que vivem no Atlântico Norte, têm 3,5% de sua genética vinda das baleias-comuns, o que é significativo, segundo especialistas. Sem contar que a proteção das leis de conservação possa não se aplicar aos híbridos.
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Finalmente, uma das maiores preocupações entre os geneticistas é a chamada “genetic swamping”, algo como diluição genética, em que os genes de uma espécie dominante se misturam de tal forma aos de uma espécie menor, a ponto de substituir, ou até mesmo suprimir, suas características.
Fonte:Mega Curioso