02 de Maio de 2024 - Ano 10
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Internacional
07/09/2020

Líder da oposição é 'sequestrada' e mais de 600 manifestantes são presos na Bielorrússia

Foto: Reprodução

Maria Kolesnikova teria sido colocada em um carro por homens mascarados; no domingo, cerca de 100 mil pessoas foram às ruas exigir a renúncia do presidente Alexander Lukashenko e a convocação de novas eleiçõesUma das líderes da oposição na Bielorrússia, a

Uma das líderes da oposição na Bielorrússia, a ativista Maria Kolesnikova, teria sido “sequestrada” por homens mascarados, em Minsk, nesta segunda-feira, segundo testemunhas e o conselho de coordenação da oposição. Além disso, mais de 600 pessoas foram presas no domingo, quando cerca de 100 mil manifestantes foram às ruas do país para exigir que o presidente Alexander Lukashenko deixe o poder e convoque novas eleições.

 

Kolesnikova é uma das poucas líderes da oposição que ainda não saíram da Bielorrússia — no início de agosto, ela foi presa brevemente pela polícia. Segundo depoimentos ouvidos pela sua equipe, a ativista teria sido colocada dentro de um veículo nesta segunda-feira. O conselho de coordenação, da qual a opositora faz parte, ainda afirmou que ela e dois aliados não atenderam ao telefone desde então.

 

A principal opositora de Lukashenko, Svetlana Tikhanovskaya, que está abrigada na Lituânia, acusou as autoridades bielorrussas de praticarem uma política de “terror”:

 

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— Estão equivocadas se pensam que isso vai nos parar. Quanto mais intimidam, mais as pessoas irão às ruas.

 

Procurado pela agência de notícias AFP, o Ministério do Interior disse que não tem informações sobre uma suposta prisão de Kolesnikova e de seus apoiadores.

 

Maria Kolesnikova, uma das lideranças da oposição na Bielorrússia, teria sido "sequestrada" por homens mascarados Foto: Vasily Fedosenko / Reuters

Maria Kolesnikova, uma das lideranças da oposição na Bielorrússia, teria sido

"sequestrada" por homens mascarados (Foto: Vasily Fedosenko / Reuters)
 

 

A informação de sua captura ocorre um dia após mais de 100 mil pessoas ocuparem as ruas de Minsk em manifestações contra Lukashenko, mesmo com forte presença de forças de segurança e do Exército.

 

"No total, 633 pessoas foram detidas ontem [domingo] por infringir a lei durante as manifestações", afirmou o ministério do Interior em um comunicado.

 

Ainda segundo o órgão, 363 pessoas continuam detidas de maneira provisória, aguardando uma análise da Justiça.

 

Esse é o maior número de pessoas presas durante uma manifestação da oposição desde o início dos protestos, após a polêmica reeleição de Lukashenko em 9 de agosto. Em meio a denúncias de fraude eleitoral, ele declarou-se vitorioso no pleito com mais de 80% dos votos.

 

O resultado é contestado por Tikhanovskaya, sua principal concorrente. Apesar de ter mobilizado o maior movimento antigoverno desde o colapso soviético, em 1991, ela obteve apenas 10% dos votos na contagem oficial, mas afirma ter sido a real vencedora.

 

Segundo organizações internacionais de monitoramento, a Bielorrússia não tem eleições livres desde anos 1990.

 

No domingo, homens com o rosto coberto, com trajes civis e armados com cassetetes foram vistos no centro da capital perseguindo manifestantes.

 

Porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano afirmou ser "inaceitável a repressão contínua das autoridades contra a população civil, os manifestantes pacíficos e militantes políticos".

 

O conselho de oposição, criado para liderar a transição de poder e convocar novas eleições, foi declarado inconstitucional por Lukashenko e é alvo de um processo criminal. Diversos aliados de Tikhanovskaya também fugiram do país após ameaças. A perseguição também se estende à mídia: nesta semana, um grupo de homens mascarados e vestidos de preto prendeu dois importantes apresentadores de televisão que haviam apoiado os protestos, Denis Dudinsky e Dimitri Kojno.

 

Na noite de sábado, um canal estatal mostrou Dudinsky e Kojno reconhecendo seu “erro” ao participar das “marchas ilegais”. Em uma declaração que, para aliados, foram obrigados a fazer, dizem que “haverá consequências, e elas poderão não ser tão brandas quanto pensam”, para aqueles que participaram dos comícios. Ambos cumprem pena de prisão de 10 dias.

 

Jornalistas presos


Vários jornalistas foram presos nos últimos dias — inclusive neste domingo, quando a tropa de choque deteve, entre outros, um jornalista que cobria os protestos ao vivo para uma rádio. Outros profissionais foram privados do credenciamento necessário para trabalhar no país. Na semana passada, dezenas de alunos foram presos dentro o prédio de uma universidade, onde fora organizado um ato contra Lukashenko.

 

Desde que a Rússia tornou demonstrações de apoio mais visíveis, Lukashenko se agarrou ainda mais ao poder. Em troca do auxílio, ele parece disposto a avançar com o acordo firmados com a Rússia há 20 anos que, até agora, via com receio pois aumentará sua dependência do Kremlin. Poucos analistas duvidam que o bielorrusso acabará fazendo concessões e aceitará não só acordos de energia pouco benéficos para Minsk, mas também acordo fiscais ou a extensão — e até ampliação — de duas instalações militares que a Rússia tem no país vizinho.

 

Lukashenko, por sua vez, insiste que os protestos são mobilizados por forças estrangeiras e tanto ele quando o Kremlin falam em “interferência”. Os países ocidentais, por sua vez, veem os movimentos com cautela: há desavenças no bloco europeu sobre a dureza das sanções que serão impostas a Minsk, pois teme-se que uma resposta demasiadamente dura ponha a Bielorrússia de vez na órbita de Moscou.

 

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Buscando pressionar a União Europeia, os países bálticos — Estônia, Letônia e Lituânia — e a Polônia anunciaram na semana passada sanções contra Lukashenko e outros 29 funcionários do regime russo. A Bielorrússia, por sua vez, enviou tropas para suas fronteiras, frente a uma suposta ameaça da Otan, algo negado pela aliança. 

 

O Globo

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